Os Inimigos
OS INIMIGOS
"Nenhuma tempestade é tão insidiosa como uma calma perfeita;nenhum inimigo é tão perigoso como a ausência de inimigos" Inácio de Loyola
«Um povo pode e deve encontrar, nas suas horas mais sombrias, mais difíceis,mais humilhantes, mais amargas, as raízes espirituais e as energias vitais para um novo ciclo de combate e ressurgimento. Em Junho de 1793,com os exércitos coligados da Europa ameaçando-lhe as fronteiras, a esquadra inglesa bloqueando o Sul e o Oeste, a Vendeia revoltada e sessenta dos oitenta departamentos levantados contra Paris, a França republicana achou, em si, forças para resistir e vencer o que, à luz de qualquer juízo objectivo, parecia irresistível. Em Outubro de 1806,o exército prussiano é derrotado em Iena; no ano seguinte, na paz de Tilsit, o reino de Frederico II; no Inverno de 1812-13,depois de um esforço de pensadores, de homens de Estado, de militares, de cidadãos comuns, um esforço que vai dos escritos de Fitche ás reformas políticas de Von Stein,da guerrilha de Von Goetzen na Silésia ao «novo exército» de Scharnhorst e Clausewitz,o povo alemão levanta-se em armas contra os franceses e só pára em Paris. Como na mesma época, na Península Ibérica, portugueses e espanhóis fizeram a politica de terra queimada e a guerra total contra os invencíveis exércitos do Corso, exterminando os colaboracionistas, expulsando os invasores, devolvendo com juros os golpes recebidos.
E foi sempre assim, desde a mobilização geral em Roma, depois da derrota de Canas, até aos «taxis do Marne», na Grande Guerra; desde a «revolta de Lisboa» de 1383,até à aventura dos freikorps alemães, a seguir a Versalhes; da antiguidade aos nossos dias, os povos ameaçados que quiseram resistir e viver como os gregos e os polacos no século XIX- sempre encontraram, se dispostos a ir às últimas consequências, um caminho para a vitória ou para uma acção resistencialista de que pode nascer a vitória.
A vida da História é uma estrada perigosa, incerta, impiedosa, onde não sobrevivem os povos cobardes, tímidos, habilidosos, mercantilistas à outrance, os povos que não estão dispostos a bater-se ou se entregam à protecção a estrangeiros, mercenários ou da «comunidade internacional».
O grande problema de Portugal é que o país não foi vencido no campo de batalha, pela força irresistível de inimigos poderosos, mas capitulou, através dos detentores golpistas e efémeros do poder do Estado, numa arruaça de anarquia e confusão. E continua dominado e governado pela classe político-militar que quis e sancionou a derrota, que graças a ela se legitimou no poder.
É esta classe política, unida pela cumplicidade de 1974-75 que prega o discurso da resignação e da rotina sem esperança; ela é que se conluia em volta da constituição de 1976,para que nada mude, ou para que só mude o que garanta ficar tudo na mesma; é ela que, solidária ou aparentemente dividida, para melhor iludir os cidadãos, lhes pinta a humilhação, o servilismo, a bancarrota, como preços razoáveis e necessários da “ felicidade” e “ prestígio” da nova “ordem democrática”.
Foi ela que instalou este espírito rentista e medíocre, que dominou a vida portuguesa e de que Portugal morre devagar. Este espírito feito de cálculo e de resignação, de boçalidade e de inveja, de miserabilidade e pequenez, este espírito que rói a vontade dos homens e a pedra das casas, a esperança dos novos e a memória dos velhos, a honra dos soldados e a criatividade dos produtores. Este espírito de baixo Império, de Antioquia-ou seja, próprio de uma “ metrópole de cortesãos, de charlatães e de mercadores”-o espírito das máfias de receptadores e predadores de carne morta.
É o espírito de “ antes vermelho que morto”, o espírito da concessão e negociação a todo o preço, o espírito da rendição e do servilismo. É o daqueles que teriam fugido em Aljubarrota, dos que não foram nunca à Índia, dos que se venderam a Cristóvão de Moura em 1558,dos que eram legalistas em 1640 e em 1807,dos que queriam vender as colónias em 1890,dos que fugiram à guerra de África por comodidade ou medo. É o espírito da burguesia desnacionalizada e grotescamente queiroziana, da fauna pícara de gozadores e amanuences, fabricantes de leis ,militares paisanos, sindicalistas rapaces,”inteligentes” imbecis, compères jacobinos,”estadonovistas” repescados” , reformadores mitómanos e desejosos de consideração social.
É este o espírito encarnado pela classe dirigente thermidoriana que governa Portugal,”este país”, como lhe chamam. É contra ele e contra ela, não contra moinhos, gigantes, conspirações difusas ou tenebrosos inimigos universais, que temos de lutar. É contra eles e contra o contágio que difundem nos seus “órgãos transmissores”,contra este clima desdramatizador, pactuante ,colaboracionista, derrotista, que temos que lançar uma ofensiva, esta revolução cultural portuguesa, tão necessária como quimérica, tão realista como romântica, tão esperançada como desesperada, tão inadiável, como profunda, tão quotidiana como distante.»
Editorial da revista "Futuro Presente" nº 11/12-Outubro de 1982
"Nenhuma tempestade é tão insidiosa como uma calma perfeita;nenhum inimigo é tão perigoso como a ausência de inimigos" Inácio de Loyola
«Um povo pode e deve encontrar, nas suas horas mais sombrias, mais difíceis,mais humilhantes, mais amargas, as raízes espirituais e as energias vitais para um novo ciclo de combate e ressurgimento. Em Junho de 1793,com os exércitos coligados da Europa ameaçando-lhe as fronteiras, a esquadra inglesa bloqueando o Sul e o Oeste, a Vendeia revoltada e sessenta dos oitenta departamentos levantados contra Paris, a França republicana achou, em si, forças para resistir e vencer o que, à luz de qualquer juízo objectivo, parecia irresistível. Em Outubro de 1806,o exército prussiano é derrotado em Iena; no ano seguinte, na paz de Tilsit, o reino de Frederico II; no Inverno de 1812-13,depois de um esforço de pensadores, de homens de Estado, de militares, de cidadãos comuns, um esforço que vai dos escritos de Fitche ás reformas políticas de Von Stein,da guerrilha de Von Goetzen na Silésia ao «novo exército» de Scharnhorst e Clausewitz,o povo alemão levanta-se em armas contra os franceses e só pára em Paris. Como na mesma época, na Península Ibérica, portugueses e espanhóis fizeram a politica de terra queimada e a guerra total contra os invencíveis exércitos do Corso, exterminando os colaboracionistas, expulsando os invasores, devolvendo com juros os golpes recebidos.
E foi sempre assim, desde a mobilização geral em Roma, depois da derrota de Canas, até aos «taxis do Marne», na Grande Guerra; desde a «revolta de Lisboa» de 1383,até à aventura dos freikorps alemães, a seguir a Versalhes; da antiguidade aos nossos dias, os povos ameaçados que quiseram resistir e viver como os gregos e os polacos no século XIX- sempre encontraram, se dispostos a ir às últimas consequências, um caminho para a vitória ou para uma acção resistencialista de que pode nascer a vitória.
A vida da História é uma estrada perigosa, incerta, impiedosa, onde não sobrevivem os povos cobardes, tímidos, habilidosos, mercantilistas à outrance, os povos que não estão dispostos a bater-se ou se entregam à protecção a estrangeiros, mercenários ou da «comunidade internacional».
O grande problema de Portugal é que o país não foi vencido no campo de batalha, pela força irresistível de inimigos poderosos, mas capitulou, através dos detentores golpistas e efémeros do poder do Estado, numa arruaça de anarquia e confusão. E continua dominado e governado pela classe político-militar que quis e sancionou a derrota, que graças a ela se legitimou no poder.
É esta classe política, unida pela cumplicidade de 1974-75 que prega o discurso da resignação e da rotina sem esperança; ela é que se conluia em volta da constituição de 1976,para que nada mude, ou para que só mude o que garanta ficar tudo na mesma; é ela que, solidária ou aparentemente dividida, para melhor iludir os cidadãos, lhes pinta a humilhação, o servilismo, a bancarrota, como preços razoáveis e necessários da “ felicidade” e “ prestígio” da nova “ordem democrática”.
Foi ela que instalou este espírito rentista e medíocre, que dominou a vida portuguesa e de que Portugal morre devagar. Este espírito feito de cálculo e de resignação, de boçalidade e de inveja, de miserabilidade e pequenez, este espírito que rói a vontade dos homens e a pedra das casas, a esperança dos novos e a memória dos velhos, a honra dos soldados e a criatividade dos produtores. Este espírito de baixo Império, de Antioquia-ou seja, próprio de uma “ metrópole de cortesãos, de charlatães e de mercadores”-o espírito das máfias de receptadores e predadores de carne morta.
É o espírito de “ antes vermelho que morto”, o espírito da concessão e negociação a todo o preço, o espírito da rendição e do servilismo. É o daqueles que teriam fugido em Aljubarrota, dos que não foram nunca à Índia, dos que se venderam a Cristóvão de Moura em 1558,dos que eram legalistas em 1640 e em 1807,dos que queriam vender as colónias em 1890,dos que fugiram à guerra de África por comodidade ou medo. É o espírito da burguesia desnacionalizada e grotescamente queiroziana, da fauna pícara de gozadores e amanuences, fabricantes de leis ,militares paisanos, sindicalistas rapaces,”inteligentes” imbecis, compères jacobinos,”estadonovistas” repescados” , reformadores mitómanos e desejosos de consideração social.
É este o espírito encarnado pela classe dirigente thermidoriana que governa Portugal,”este país”, como lhe chamam. É contra ele e contra ela, não contra moinhos, gigantes, conspirações difusas ou tenebrosos inimigos universais, que temos de lutar. É contra eles e contra o contágio que difundem nos seus “órgãos transmissores”,contra este clima desdramatizador, pactuante ,colaboracionista, derrotista, que temos que lançar uma ofensiva, esta revolução cultural portuguesa, tão necessária como quimérica, tão realista como romântica, tão esperançada como desesperada, tão inadiável, como profunda, tão quotidiana como distante.»
Editorial da revista "Futuro Presente" nº 11/12-Outubro de 1982
4 Comentários:
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