quinta-feira, junho 02, 2005

Heranças e irresponsabilidades da nossa classe política

«Escrevo estas linhas com preocupação por sentir que o futuro económico do nosso país se encontra ameaçado. Como é sabido a comissão Constâncio anunciou há dias que o défice orçamental português para o ano de 2005 se cifrará nos 6,8%, sendo a factura como sempre endereçada a quem menos responsabilidades tem no cartório, o contribuinte honesto que não se exime da sua obrigação cívica de pagar impostos.

O que assistimos hoje em dia não é mais que uma consequência do logro colossal que constituiu a última das fases de integração desta “Europa unida”, configurada na adopção da mesma unidade monetária por todos os estados-membros.

A raiz do problema provém de há longas décadas, quando as sucessivas legislaturas não conseguiram estruturar o aparelho estatal de modo a que este tivesse um financiamento equilibrado. Houvessem derrapagens e estas eram corrigidas com o legítimo recurso às políticas monetárias e cambiais, nomeadamente através das “desvalorizações competitivas”.

Acontece que autonomia na definição das políticas económicas é coisa que pertence ao passado, estrangulados por um pacto “castrador” daquela que deveria ser a função económica do estado por excelência, ou seja a definição de políticas destinadas a melhorar as condições de vida dos cidadãos, somos forçados a sofrer na pele as consequências da adopção de políticas fiscais e monetárias conjuntas que apenas servem os interesses de uma minoria de nações europeias. Se não estávamos estruturalmente preparados para o caminho da moeda única não deveríamos ter avançado para esse passo, hipotecando assim irresponsavelmente o futuro mais próximo.

Enquanto não tomarmos consciência desta realidade, não abandonaremos o discurso das heranças, argumento usado por uma classe política medíocre que tenta mascarar a verdadeira realidade, a verdadeira herança é um legado dos arquitectos desta Europa monetária, que se afigura longe do “oásis” em que nos quiseram fazer acreditar.»

Miguel A. Silva

4 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Concordo e vou mais longe, esta construção europeia tem servido para esconder a incompetência dos sucessivos governos PS e PSD, não fosse o dinheiro comunitário e nem auto-estradas teriamos para amostra.Os democratas de pacotilha do PS e PSD precisam da Europa para esconder a sua ruinosa governação.Obviamente que o Euro não reflecte a realidade da economia portuguesa mas o pior é que já ninguém sabe como sair deste buraco.Volta Salazar que estás perdoado.

7:20 da tarde  
Blogger vs disse...

"A raiz do problema provém de há longas décadas, quando as sucessivas legislaturas não conseguiram estruturar o aparelho estatal de modo a que este tivesse um financiamento equilibrado."

ORA NEM MAIS!
Longíssimas décadas, acrescento. Talvez séculos.
Mais: já se torna necessário um violento recuo no tempo para prescrutarmos a última governença de jeito que esta 'coisa' teve.

Eis-nos em 2005.
Falhámos como social-democracia.
Falhámos como Estado liberal.

É isso!
Nem conseguimos ser uma coisa, nem outra.
Nem carne, nem peixe. Uma desilusão completa.

Enfim, uma merda...

3:21 da manhã  
Blogger Flávio Santos disse...

Um texto claro como água.

11:51 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Very cool design! Useful information. Go on! laser eye surgery Email marketing resource center Fax machines pb7100 6 to 1 craps strategy Adaware block pop up ad blonde http://www.play-craps-0.info Disbursement of 401k Complaint for divorce form in nj Keyword merchant account service Honda residual percentages Shaw blue rose area rug list of famous baseball players Volvo dp Animal testing and cosmetic Order have gun will travel business cards http://www.health-insurance-0.info Bed bunk sofa order valium online camcorder mini dv

6:20 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial