Ezra Pound,fascista de esquerda
Ezra Pound não é_ e nunca quis ser_ um autor fácil. Como diz um dos seus versos mais famosos, ele sabe perfeitamente que “Beauty is difficult”, ou seja que a beleza é difícil, não só para o artista que a cria mas também para o público que quer apreciá-la plenamente. A quem lamenta a obscuridade complexa dos seus "Cantos", o poeta responde com o convite a “ler, ler, ler e ainda reler” o texto. E, como sabem os apaixonados de poesia em geral e de Pound em particular, este é o único método eficaz para tirar proveito da literatura e de qualquer actividade intelectual.
Mais citado que efectivamente lido em Itália, Ezra Pound goza de uma fama inversamente proporcional ao real aprofundamento da sua obra e da sua vida. Contribui para isto, talvez, o escasso conhecimento da língua inglesa por parte dos seus admiradores italianos, ou uma certa propensão para o imediatismo e para a preguiça mental tão difusa entre os mesmos, de Pound gosta-se de citar um par de frases e alguns factos, muitas vezes fantasiosos_ como a nunca ocorrida detenção em Coldano_ mas dificilmente se coloca a estudo fora das faculdades de línguas e literatura estrangeira moderna. Grande parte da fama de Pound está ligada às consequências da sua adesão ao fascismo, que lhe custa a inumana detenção numa prisão militar a norte de Pisa e a sucessiva detenção num manicómio criminal americano por uma dúzia de anos. A par do outro grande decano da literatura mundial, o prémio Nobel Knut Hamsun, Pound paga duramente por um crime de opinião (…).
Fascista declaradamente “de esquerda”, encontra apenas uma vez Mussolini, por quem nutre fascínio, e não gosta nem frequenta personalidades ilustres. Substancialmente ignorado pelos vértices políticos durante o regime fascista, Pound não é estimado nem nos círculos dos intelectuais que “contam” e que não apreciam a sua originalidade. No início dos anos 30,por exemplo, o anglicista Mário Praz critica sem piedade o “Cavalcanti” de Pound, suscitando com ele uma violentíssima polémica, enquanto nos mesmos anos Longanesi descreve-o assim:”É um velho incoerente (…) descurado no vestir, caótico no falar, tímido e um impostor. As suas ideias são muito confusas, crê na grandeza do fascismo”. Os seus discursos na Rádio Roma fazem mais de um funcionário radiofónico duvidar da sua sanidade mental, enquanto a sua nacionalidade americana lhe cria enormes dificuldades financeiras a partir da entrada dos EUA na guerra: Bloqueamento das suas contas correntes e das dos seus familiares, apreensão do pequeno apartamento possuído em Veneza e de outros bens também de propriedade da sua companheira Olga Rudge. Durante a República social italiana, finalmente, apesar do seu empenho profuso em difundir as ideias de Jefferson e o pensamento de Confúcio, quais únicos antídotos à ignorância e à má-fé dos inimigos de Itália, perdem-se as suas reiteradas tentativas para encontrar de novo o Duce e influenciar a política cultural e escolar do fascismo italiano.
A consideração da Itália para com Pound parece melhorar no pós-guerra, com a denúncia da absurda detenção a que se seguem numerosos apelos subscritos por jornalistas e homens da cultura a favor da sua libertação, ainda se se consolida a sua fama de autor muito difícil e, de certo modo, por vezes demasiado original. Julius Evola que partilha com o autor dos "Cantos" o editor, Vanni Scheiwiller, considera Pound “um pouco original”,”maníaco”, e responde, a quem lhe propõe um parecer acerca da eventual publicação de uma antologia dos seus escritos de carácter político, que “seria preciso apenas evitar as considerações sobre a economia ligadas ao conhecido complexo da usura ”. O que equivaleria, em concreto, a eliminar ao menos 4/5 dos escritos políticos de Pound, que exactamente contra a usura combate a batalha política pessoal que o coloca do lado das forças do Eixo, em guerra contra os especuladores e os exploradores do povo como eficazmente e correctamente demonstrou Giano Accame no seu apaixonante “Pound economista”, que fica como a melhor exposição do seu pensamento económico e político (…).
L.Gallesi
Mais citado que efectivamente lido em Itália, Ezra Pound goza de uma fama inversamente proporcional ao real aprofundamento da sua obra e da sua vida. Contribui para isto, talvez, o escasso conhecimento da língua inglesa por parte dos seus admiradores italianos, ou uma certa propensão para o imediatismo e para a preguiça mental tão difusa entre os mesmos, de Pound gosta-se de citar um par de frases e alguns factos, muitas vezes fantasiosos_ como a nunca ocorrida detenção em Coldano_ mas dificilmente se coloca a estudo fora das faculdades de línguas e literatura estrangeira moderna. Grande parte da fama de Pound está ligada às consequências da sua adesão ao fascismo, que lhe custa a inumana detenção numa prisão militar a norte de Pisa e a sucessiva detenção num manicómio criminal americano por uma dúzia de anos. A par do outro grande decano da literatura mundial, o prémio Nobel Knut Hamsun, Pound paga duramente por um crime de opinião (…).
Fascista declaradamente “de esquerda”, encontra apenas uma vez Mussolini, por quem nutre fascínio, e não gosta nem frequenta personalidades ilustres. Substancialmente ignorado pelos vértices políticos durante o regime fascista, Pound não é estimado nem nos círculos dos intelectuais que “contam” e que não apreciam a sua originalidade. No início dos anos 30,por exemplo, o anglicista Mário Praz critica sem piedade o “Cavalcanti” de Pound, suscitando com ele uma violentíssima polémica, enquanto nos mesmos anos Longanesi descreve-o assim:”É um velho incoerente (…) descurado no vestir, caótico no falar, tímido e um impostor. As suas ideias são muito confusas, crê na grandeza do fascismo”. Os seus discursos na Rádio Roma fazem mais de um funcionário radiofónico duvidar da sua sanidade mental, enquanto a sua nacionalidade americana lhe cria enormes dificuldades financeiras a partir da entrada dos EUA na guerra: Bloqueamento das suas contas correntes e das dos seus familiares, apreensão do pequeno apartamento possuído em Veneza e de outros bens também de propriedade da sua companheira Olga Rudge. Durante a República social italiana, finalmente, apesar do seu empenho profuso em difundir as ideias de Jefferson e o pensamento de Confúcio, quais únicos antídotos à ignorância e à má-fé dos inimigos de Itália, perdem-se as suas reiteradas tentativas para encontrar de novo o Duce e influenciar a política cultural e escolar do fascismo italiano.
A consideração da Itália para com Pound parece melhorar no pós-guerra, com a denúncia da absurda detenção a que se seguem numerosos apelos subscritos por jornalistas e homens da cultura a favor da sua libertação, ainda se se consolida a sua fama de autor muito difícil e, de certo modo, por vezes demasiado original. Julius Evola que partilha com o autor dos "Cantos" o editor, Vanni Scheiwiller, considera Pound “um pouco original”,”maníaco”, e responde, a quem lhe propõe um parecer acerca da eventual publicação de uma antologia dos seus escritos de carácter político, que “seria preciso apenas evitar as considerações sobre a economia ligadas ao conhecido complexo da usura ”. O que equivaleria, em concreto, a eliminar ao menos 4/5 dos escritos políticos de Pound, que exactamente contra a usura combate a batalha política pessoal que o coloca do lado das forças do Eixo, em guerra contra os especuladores e os exploradores do povo como eficazmente e correctamente demonstrou Giano Accame no seu apaixonante “Pound economista”, que fica como a melhor exposição do seu pensamento económico e político (…).
L.Gallesi
11 Comentários:
"Fascista declaradamente “de esquerda”
Não me surpreende minimamente.
A pestífera Hidra do colectivismo, já sabemos (já muitos nos puseram em guarda contra esta deplorável realidade) , assume muitos nomes, muitos disfarces e aninha-se onde menos se espera.
Seja anátema.
Estamos atentos.
Caro Miazuria, sei perfeitamente o que é o fascismo, onde nasce e quais os seus objectivos.
Claro que podemos falar no plural, em fascismo(s).
A leitura de qualquer manual de Ciência Política torna evidente o seguinte: o fascismo (strictu sensu) não é de direita.
Simplesmente não pode ser considerado como tal.
O Miazuria tenha em atenção um facto: qualquer 'contratempo' na ordem actual terá como consequência o ressurgiemto do comunismo, e em força, e não necessáriamente nos mesmo moldes do defunto Bloco de Leste.
A 'válvula de escape' do sistema vigente está em Marx, não se esqueça, o que faz com que, malgré tout, seja muito mais provável uma nova amotinação marxista (por reacção primária ao capitalismo) do que outra 'coisa' qualquer.
É preciso ler os sinais da sociedade e, mais importante, compreendê-los, pois só assim se evitará um ressurgimento comunista.
De contrário.....
É por estas e por outras que tais, que em cada dois nacionalistas há uma cisão. Mais valia que aprendêssemos alguma coisa com os marxistas.
E porque que cargas de água é que o fascismo haveria de ser de direita?
NC
«A pestífera Hidra do colectivismo, já sabemos (já muitos nos puseram em guarda contra esta deplorável realidade) , assume muitos nomes, muitos disfarces e aninha-se onde menos se espera.»
Pois eu acho que é preciso,isso sim, combater a pestífera Hidra do individualismo mais egoísta, que assume muitos disfarces, usualmente aparece como neo-liberalismo, outras vezes, mais pretensiosamente,disfarçada de "liberdade".
«O Miazuria tenha em atenção um facto: qualquer 'contratempo' na ordem actual terá como consequência o ressurgiemto do comunismo»
É contra isso que lutamos, apresentando alternativas ao marxismo, rejeitando porém o capitalismo especulativo que cria milhões de miseráveis e excluídos e destrói as identidades nacionais.O argumento de que é necessário aceitar o actual sistema para combater um eventual perigo marxista é um mau argumento, um mal menor não deixa de ser um mal; além de que esse argumento foi historicamente refutado e não me parece de todo realista no presente.
Algizsouth, poderia especificar essa frase?
Miazuria, plenamente de acordo com a apreciação de Pound.
NC,boa pergunta, aliás, olhando para aquilo que é hoje a direita, o que representa e quem a representa, acabo por dar-te a razão numa antiga discussão que tivemos, faço mea culpa,o caminho é para além de esquerdas e direitas.
Cumprimentos a todos.
Embora uma direita original, não corrompida como a actual, continue a ser, em certa medida,um espaço nosso.Simplesmente parece-me que já não existe essa direita.
A propósito de temáticas relacionadas com estas - vanguardas artísticas e fascismos de matriz inglesa e irlandesa -, como que a fazer ligação a este 'post', há mais dois textos no Fascismo em Rede, sobre Vorticismo e W. B. Yeats. Vale a pena espreitarem... e imprimirem!
Mendo Ramires
Com todo o prazer. O nosso ocaso no pós guerra não se deveu somente às circunstâncias históricas.Ficou, e muito, a dever-se a polémicas internas estéreis que são o resultado de nos colocarmos no centro do universo, exagerando o nosso raio de acção. Como se fossem milhares os que nos leem, como se as massas soubessem sequer quem era o Ezra Pound, ou como se o assunto fosse vital para a acção nos dias de hoje.A discussão divide a acção une.Temos portanto muito a aprender com a técnica marxista, acerca do aproveitamento das oportunidades políticas, de acuidade e definição das prioridades, de não confundir a árvore com a floresta. E já agora em lavarmos a roupa suja em casa e em evitarmos expressões de soberba. Uma coisa é um militante estribado numa sólida formação política, outra, pretensos intelectuais alinhando prosas na sua torre de marfim.Os marxistas tinham tambem as suas tertulias, mas forjaram um temivel instrumento de combate que influiu e influi na opinião pública. É tudo isto que temos a aprender com eles.
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