E os hebreus criaram "Deus" e Ele tornou-os o povo eleito
Ao considerar o papel da religião no fomento de uma síntese cultural é importante distinguir entre:1) sistemas de descontinuidade dicotómicos e 2)sistemas sintetizadores de continuidade.
Em geral as religiões monoteístas que afirmam a transcendência radical do Criador em relação à criação e afirmam que as suas crenças e valores constituem a verdade exclusiva porque legitimados por uma única, soberana, divina autoridade caem na primeira categoria. Na segunda encontramos as tradições panteístas, místicas e pagãs que afirmam a última, embora não necessariamente imediata, unidade de Deus, homem e cosmos. É nossa opinião que os sistemas de continuidade são muito mais capazes de fomentar a integração cultural.
Uma consequência social importante do monoteísmo bíblico tem sido o fomento de um sentido de distanciamento radical de Deus em relação ao homem, de Deus em relação à natureza bem como entre o Deus “verdadeiro” e o que a Bíblia considera serem os falsos deuses do paganismo. Isto tem levado à alienação do homem face ao homem, pelo menos face àqueles homens cujas sagradas tradições foram consideradas falsas pelas religiões bíblicas. Esta alienação levou também ao eventual emergir do individualismo secular moderno(…).
A maioria dos estudiosos bíblicos contemporâneos não considera os “hebreus” que escaparam do Egipto como sendo um povo único por altura do Êxodo. O nome “hebreus” designaria provavelmente um número de grupos de escravos, reféns e residentes estrangeiros, cada um dos quais mantendo algo da sua distinta identidade étnica e religiosa. Os “hebreus” partilhavam uma condição social comum e um local comum de vivência no Egipto. Também partilhavam uma ânsia comum de libertação e um ódio comum aos seus “senhores”. Não obstante, as suas diferenças de origem, religião e cultura eram obstáculo incontornável à formação de uma comunidade viável.
Assim que os “hebreus” se encontraram para além do alcance dos egípcios a sua sobrevivência dependia de encontrarem uma base constritiva de unidade para lá do ódio partilhado. No antigo Próximo Oriente apenas a religião poderia servir de base a essa unidade de grupo. Os diversos fugitivos do jugo egípcio poderiam tornar-se um único povo apenas se estivessem unidos ao serviço de um Deus comum. Esse Deus teria de ser um novo Deus em vez do Deus ancestral de um ou outro dos grupos constituintes de evadidos. Os “hebreus” partilhavam uma experiência histórica comum, não partilhavam nem origem nem religião ancestral. Debaixo de tais circunstâncias os deuses ancestrais poderiam apenas impedir a união de grupo. Apenas um Deus que fosse visto como o autor da sua experiência histórica comparticipada e que não estivesse relacionado com os sítios de origem de qualquer dos grupos fugidos poderia tê-los unido. Depois do novo Deus ter unido os diferentes povos era natural para o novo povo ler sinais de continuidade entre esse novo Deus e os seus deuses antigos. Assim , o “Deus de Abraão”, o “Deus de Isaac” e o “Deus de Jacob”, originariamente bastante distintos deuses tribais, podiam agora ser identificados com Iavé(Yahweh), o novo Deus da nova nação: Israel.
Richard Rubenstein, professor de religião na Universidade de Bridgeport
Em geral as religiões monoteístas que afirmam a transcendência radical do Criador em relação à criação e afirmam que as suas crenças e valores constituem a verdade exclusiva porque legitimados por uma única, soberana, divina autoridade caem na primeira categoria. Na segunda encontramos as tradições panteístas, místicas e pagãs que afirmam a última, embora não necessariamente imediata, unidade de Deus, homem e cosmos. É nossa opinião que os sistemas de continuidade são muito mais capazes de fomentar a integração cultural.
Uma consequência social importante do monoteísmo bíblico tem sido o fomento de um sentido de distanciamento radical de Deus em relação ao homem, de Deus em relação à natureza bem como entre o Deus “verdadeiro” e o que a Bíblia considera serem os falsos deuses do paganismo. Isto tem levado à alienação do homem face ao homem, pelo menos face àqueles homens cujas sagradas tradições foram consideradas falsas pelas religiões bíblicas. Esta alienação levou também ao eventual emergir do individualismo secular moderno(…).
A maioria dos estudiosos bíblicos contemporâneos não considera os “hebreus” que escaparam do Egipto como sendo um povo único por altura do Êxodo. O nome “hebreus” designaria provavelmente um número de grupos de escravos, reféns e residentes estrangeiros, cada um dos quais mantendo algo da sua distinta identidade étnica e religiosa. Os “hebreus” partilhavam uma condição social comum e um local comum de vivência no Egipto. Também partilhavam uma ânsia comum de libertação e um ódio comum aos seus “senhores”. Não obstante, as suas diferenças de origem, religião e cultura eram obstáculo incontornável à formação de uma comunidade viável.
Assim que os “hebreus” se encontraram para além do alcance dos egípcios a sua sobrevivência dependia de encontrarem uma base constritiva de unidade para lá do ódio partilhado. No antigo Próximo Oriente apenas a religião poderia servir de base a essa unidade de grupo. Os diversos fugitivos do jugo egípcio poderiam tornar-se um único povo apenas se estivessem unidos ao serviço de um Deus comum. Esse Deus teria de ser um novo Deus em vez do Deus ancestral de um ou outro dos grupos constituintes de evadidos. Os “hebreus” partilhavam uma experiência histórica comum, não partilhavam nem origem nem religião ancestral. Debaixo de tais circunstâncias os deuses ancestrais poderiam apenas impedir a união de grupo. Apenas um Deus que fosse visto como o autor da sua experiência histórica comparticipada e que não estivesse relacionado com os sítios de origem de qualquer dos grupos fugidos poderia tê-los unido. Depois do novo Deus ter unido os diferentes povos era natural para o novo povo ler sinais de continuidade entre esse novo Deus e os seus deuses antigos. Assim , o “Deus de Abraão”, o “Deus de Isaac” e o “Deus de Jacob”, originariamente bastante distintos deuses tribais, podiam agora ser identificados com Iavé(Yahweh), o novo Deus da nova nação: Israel.
Richard Rubenstein, professor de religião na Universidade de Bridgeport
15 Comentários:
É a vulgata marxista no seu melhor! Há sempre uma instrumentalização em nome da exploração do Homem pelo Homem, uma criação utilitária do Divino...
cuidado com as transcrições. esse idiota que resolveste citar no teu exelente blog sabe muito pouco de historia. No entanto, volto a repetir-me, tens um exelente blog.
À falta de argumentos sobra a cassete habitual do marxismo, ainda há quem pense que ese tipo de acusações desacredita, entende-se porquê se conhecermos as ideias de quem as faz... de uma só vez uma cacetada nos sionistas e no Vaticano, brilhante!
Quanto a ser um idiota que nada percebe de história, sendo professor universitário de religião está mais apto a abordar estas questões do que a maioria, mas talvez o renascido se ache mais conhecedor da matéria do que um especialista.A não ser que o Rodrigo tenha mentido sobre a profissão do autor.
«A não ser que o Rodrigo tenha mentido sobre a profissão do autor. »
Ora essa, obviamente que não. Rubenstein foi inclusive reitor da Universidade e é seu presidente honorário, salvo erro.
Ao Corcunda;
«É a vulgata marxista no seu melhor! Há sempre uma instrumentalização em nome da exploração do Homem pelo Homem, uma criação utilitária do Divino...»
Do que li deste autor nada me leva a concluir que exista qualquer tipo de filiação marxista, este texto é aliás um excerto de uma dissertação que no seu conteúdo é claramente anti-marxista.
Ao Rimbaud;
« cuidado com as transcrições. esse idiota que resolveste citar no teu exelente blog sabe muito pouco de historia. No entanto, volto a repetir-me, tens um exelente blog.»
Obrigado pelo elogio ao blog mas nada me leva a crer que o autor seja um idiota e como referiu o anónimo tratando-se de um professor de Religião creio que está habilitado a abordar a temática com "alguma" legitimidade.
Cumprimentos a todos
A ideia de que a Religião é uma arma de dominação, feita por medida segundo os interesses materiais, é uma tese marxista conhecida, entretanto refutada por toda a gente... Até o Max Weber lá chegou sem dificuldades!
O materialismo é uma doutrina insuficiente.
«A ideia de que a Religião é uma arma de dominação, feita por medida segundo os interesses materiais, é uma tese marxista conhecida, entretanto refutada por toda a gente... Até o Max Weber lá chegou sem dificuldades!
O materialismo é uma doutrina insuficiente»
Mas meu caro nada disso é defendido pelo autor, muito pelo contrário, o que aliás fica claro nos 2 primeiros parágrafos.
O que ele afirma é a superioridade das tradições não bíblicas, religiosas portanto, e insurge-se no resto do texto, que eu não publiquei aqui, contra o materialismo.
Mais, ele defende a tese de que o monoteísmo bíblico é responsável pela ascensão desse materialismo individualista.
Eu depois publico o resto do texto quando o traduzir, tenho-o para aqui algures nos meus ficheiros.
Cumprimentos
O unico documento escrito que atesta a presença dos hebreus no Egipto é o Velho Testamento e como me disse o meu professor de historia comparada das religiões, a Biblia é um livro de fé para homens de fé e nunca um manual de historia. Não representa a verdade científica.
O pensamento marxista se revela em vários segmentos na forma de confusão e dwescrédito da tradição.Parabéns ao Corcunda pela defesa da civilização em que acreditamos.O amigo Rebatet ferroa a si mesmo com tal acusação, se o monoteísmo é fabricação para dominanação intelectual o paganismo panteísta não o seria também?Não o seria mais ainda?Não se formariam divindades extremamente criativas inspiradas em eventos climáticos e medos humanos?Cada um têm a sua verdade.
O metodo cientifico não se restringe unicamente à experimentação, existem outros processos de investigação. Quanto ao facto de a Biblia ser considersdo um manual de Historia, então,segundo esse pressuposto, Adão e Eva realmente existiram e a Teoria da Origem das Especies de Charles Darwin é apenas uma tolice.
A Bíblia é também um manual de história. As palavras são suas.
Apesar de saber a diferença entre o mito e o mitologico, não percebo como é que um livro se pode caracterizar como mais ou menos historico, deixo a classificação à sua conveniência. Tem razão ao referir que a biblia é um conjunto de livros contraditorios, e por esse motivo não pode ser utensilio a quem busca a verdade dos factos.
Sim, debaixo da ponte de Darwin jà correu muita agua mas,e no entanto, nunca possuiu a força suficiente para a derrubar.
Vale? Pergunta você.
Quanto? Respondo eu.
Mais, ele defende a tese de que o monoteísmo bíblico é responsável pela ascensão desse materialismo individualista.
É precisamente o que tenho dito desde há mais de dez anos. Não sei é se Rubenstein o diz pelos mesmos motivos que eu.
Escrevi a mensagem anterior antes de ler isto:
Isto tem levado à alienação do homem face ao homem, pelo menos face àqueles homens cujas sagradas tradições foram consideradas falsas pelas religiões bíblicas. Esta alienação levou também ao eventual emergir do individualismo secular moderno
De facto, é mesmo isto que tenho dito ao longo dos anos. É mesmo por isto que o Cristianismo está indirectamente na raiz da disseminação do materialismo no Ocidente.
A biblia é pa burros k acreditam em tudo o k lêem.
So nao acreditam no pai natal porque quando sao putos todos os mais velhos dizem k nao existe.
Ja no caso do Cristianismo... ja nao ha ninguem pa dizer que é uma historia sem pes nem cabeça e depois 99% deles continuam a acreditar pela vida fora, são os escravos.
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