domingo, fevereiro 12, 2006

As caricaturas de Maomé (parte I)-compreender o jogo



Julgo que tudo já foi dito sobre a recente polémica despoletada pelas caricaturas de Maomé. Li as mais variadas opiniões e as mais diferentes abordagens políticas da questão. Da esquerda à direita li análises plenas de interesse e outras que me pareceram pouco conseguidas. O problema foi tratado de todos os ângulos possíveis, sucederam-se as mais esmeradas teorias aos mais simplistas juízos. De qualquer forma parece-me que quer nos jornais, quer nas televisões quer sobretudo na Internet a questão foi tratada ao pormenor e todos dispõem dos recursos que permitam formar um juízo sobre o assunto. Mas como é matéria que continua na ordem do dia ocorre-me deixar também algumas notas sobre a questão.

Como afirma e bem Alain de Benoist aquilo que deve começar por suscitar curiosidade e reflexão é o intervalo de tempo decorrido entre a publicação das caricaturas no Jyllands-Posten em 30 de Setembro do ano transacto e o eclodir do problema em toda a sua dimensão actual, em Janeiro deste ano. O que ocorreu nesse período? Benoist aponta a vitória do Hamas nas eleições palestinianas. É um facto. Tal como é do conhecimento público a pressão que desde então tem sido exercida por EUA e Israel sobre a UE para que cesse a ajuda financeira à Autoridade palestiniana. É inegável que a explosão de revolta no mundo muçulmano, incluindo a palestina, em torno da publicação dos desenhos, afecta negativamente a imagem dos islâmicos perante a opinião pública europeia e reforça a posição dos que pretendem que a Europa deixe de ajudar a Autoridade palestiniana.

Porém, não é este o único acontecimento que a meu ver merece consideração. Toda esta polémica coincide também com o aumento das pressões sobre o Irão por parte da Agência Internacional de Energia Atómica( IAEA) que votou uma resolução contra o país que será levada perante o Conselho de Segurança da ONU. Há muito que se coloca a hipótese de se estar perante a possibilidade de uma intervenção militar no Irão e esta intervenção, a acontecer, será muito mais facilmente justificada se a opinião pública ocidental tiver do mundo islâmico em geral uma imagem de fundamentalismo descontrolado, enraivecido e perigoso. Os ataques às embaixadas europeias em alguns países islâmicos e alguns protestos tresloucados dos muçulmanos em terras europeias compuseram o quadro na perfeição. Se atendermos ao esforço de guerra norte-americano no Iraque e no Afeganistão, esforço humano e financeiro, se olharmos para o caos provocado no Iraque, em que não se avista um fim para o problema e muito menos o fim que os americanos apresentaram como desejado e provável no início da intervenção, facilmente concluímos que na conjuntura actual não é possível aos EUA intervirem militarmente no Irão sem o contributo significativo dos aliados europeus. A validação do envolvimento europeu num eventual ataque ao Irão ganhou assim força perante os cidadãos dos países europeus que passaram a ver no mundo islâmico a imagem da irracionalidade, particularmente preocupados agora pela possibilidade de verem um regime representante deste Islão armado com capacidade nuclear.

Atentemos nos equilíbrios militares da região para melhor delimitar o problema. O Irão está rodeado por vários países com armamento nuclear: A Rússia, a Índia, o Paquistão, a China e Israel. No entanto ao Irão pretende-se vedada essa possibilidade. O Irão pela sua situação geográfica e pela sua dimensão é uma peça decisiva nos equilíbrios da região e como sabemos o controlo dessa área, pelo que representa em recursos energéticos, é considerada fulcral por todas as potências mundiais, muito em especial pela maior de todas, os EUA. O que é que distingue todos estes países da região com armamento nuclear do Irão e que torna este último o alvo ideal para ser vendido como a grande, quase única, ameaça à paz mundial? Nenhum deles, com excepção do Irão, é declaradamente inimigo do Estado de Israel e nenhum deles, com excepção do Irão, constitui uma ameaça directa ao controlo petrolífero dos norte-americanos na zona.

Surge também uma questão adicional para se compreender este enredo; a imagem percepcionada na Europa das sublevações nos países islâmicos está longe de levar em atenção que estas foram sobretudo concentradas em alguns países e locais com situações políticas muito particulares.

Na palestina as reacções foram lideradas não pelo Hamas mas pelas forças políticas derrotadas nas eleições. Numa área tão sensível como aquela é fácil perceber que essas forças políticas procuraram reconhecimento por parte de uma população que encontra na sua identidade religiosa um dos factores principais de reacção face a Israel. Procuraram capitalizar o problema para obtenção de proveitos políticos face à derrota eleitoral. Na Síria temos um regime autoritário que mantém controlados todos os movimentos islamistas radicais, que não têm qualquer acesso ao poder. Debaixo de enorme pressão dos EUA, por causa da situação no Líbano, o Baas (partido do governo), ao permitir as manifestações anti-ocidentais, procurou enviar uma mensagem clara ao mundo, mostrar que é a opção ao islamismo radical no país e, por razões conexas, que é o único parceiro possível de negociação. Indonésia e Paquistão são países governados por regimes aliados dos EUA e que se apresentam igualmente como a solução que evita a queda do poder nas mãos de movimentos fundamentalistas islâmicos ( embora no caso indonésio existam outras tensões internas que foram secundarizadas por este episódio).Estes protestos não só permitiram a esses governos apaziguar internamente contestações permitindo a expressão pública da defesa do Islão como proporcionaram externamente a projecção da sua imagem como contraposição a uma alternativa islamista radical. No Irão as manifestações foram obviamente potenciadas pela situação de conflito atrás descrito entre o país e o Ocidente. Resta Iraque e Afeganistão, em ambos os casos trata-se de países invadidos e controlados por tropas ocidentais, lideradas pelos EUA, e onde as populações são facilmente manipuladas para expressões de rebelião. Não só isso mas o exacerbar da questão permite também legitimar a ocupação.

É natural que num quadro destes se crie um efeito “bola de neve” que faça alastrar os protestos radicalizados a outros países mas a sua manifestação inicial deu-se num círculo restrito de nações que apresentavam características propícias ao deflagrar e conduzir da situação no mundo islâmico.

Finalmente existe outra questão a ponderar; inicialmente o jornal dinamarquês publicou 12 caricaturas, porém, como a própria BBC noticiou, surgiram a circular no Médio Oriente outros desenhos que não os originais, incluindo uma caricatura que mostrava Maomé com a cara de um porco. Alegadamente essa imagem, como outras que não haviam sido publicadas originalmente no jornal, terá sido levada para o Médio Oriente por um grupo de muçulmanos da Dinamarca que se terá deslocado à região em Novembro último. Mas o problema não se esgota aqui, aparentemente as diplomacias ocidentais nada fizeram para esclarecer junto do mundo islâmico que aqueles desenhos não tinham sido publicados em qualquer jornal europeu. Porquê?...

Os sinais que se retiram de toda esta polémica parecem indicar que o problema foi claramente manipulado e empolado para servir fins políticos. Quais e por quem é a pergunta que se coloca. Creio que perante os dados disponíveis o exacerbar deste problema serve de antecâmara à futura definição geopolítica do Médio Oriente e aos movimentos que se preparam para a configurar. Os pontos de actuação desses movimentos serão a Palestina e o Irão, passando pela definição da situação no Iraque. O que está em jogo é o controlo do mercado energético, a segurança de Israel e os tipos de regime que se estabelecerão em determinados países muçulmanos. As forças em acção em todo este imbróglio são, por um lado os EUA e seus aliados mais próximos, por outro os regimes de países com maiorias islâmicas que pretendem manter-se no poder e controlar os movimentos islamistas nos seus territórios e finalmente estes próprios movimentos islamistas que estão espalhados por todo o mundo(com forte presença na Europa) e pretendem extremar posições como forma de conquistar apoio entre as populações muçulmanas. Por razões diferentes todos estes 3 eixos têm interesses em inflamar o problema e todos terão contribuído para tal. Em tudo isto o que menos pesou foram eventuais movimentos espontâneos de islâmicos em simples “revolta desinteressada” contra uma ofensa religiosa, parece-me antes que se prepara o estabelecimento dos equilíbrios geoestratégicos do Médio Oriente para o século XXI.

21 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Resumindo: toda a gente se aproveitou da situação. Os governos muçulmanos tentaram minar oposições internas e os EUA tentaram legitimar uma hipotética intervenção militar no Irão.

Pessoalmente, não acredito numa intervenção militar americana no Irão no futuro próximo. A oposição interna à guerra no Iraque cresce e as pressões para pura e simplesmente abandonar o país são cada vez maiores. Não vejo como é que os EUA justificariam perante a sua opinião pública uma intervenção no Irão (a menos que haja um atentado de proporções cataclísmicas, como diz o E. Milá) e além disso não me parece que fossem capazes de "dar conta do recado".

NC

2:06 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

É óbvio que a haver guerra no irão essa não será igual à do iraque, mas muito mais rápida e com o objectivo de destruir as instalações nucleares e a liderança no irão, o que mesmo assim não será concerteza fácil!

De qualquer forma necessitam de apoio da opinião publica americana e também europeia.

A verdade é que o ataque ao irao nao resolve problema nenhum da europa, pelo contrario na europa continua a invasão e infiltração de alienigenas que aos poucos vão tendo cada vez mais poder.

O que se passa aqui é a defesa de interesses de petroleo, do capital, de governos ditatoriais no médio oriente e de israel.

Aparentemente todos ganha, excepto a europa que continua subserviente mas que agora mais facilmente aceitará um ataque ao irao, e mais infiltração de islamistas que saibam fingir-se de moderados (quer pelo medo dos radicais quer pela traição sempre presente dos maçons e cabalistas que a controlam politicamente sejam de "direita" ou de esquerda)!

11:53 da manhã  
Blogger C disse...

Já o meu professor de economia diz "Não há almoços grátis"!
Convido para uma leitura da "Crónica de um português a viver na Arábia Saudita" in www.passaleao.blogspot.com

Saudações

1:33 da tarde  
Blogger C disse...

Estando também atento aos movimentos e aos tradicionais interesses geopolíticos dos "grandes", na região do Golfo. Qual o papel da Rússia neste contexto, principalmente depois de unilateralmente ter conversado com o Hamas, e já agora assistirmos hoje às soluções do Hamas ao conflito, como mediador.
Nas teorias de relações internacionais, ainda num mundo bipolar flexível em que existe um elemento moderador e as acções externas deixaram de ser directas, se um actor não consegue ganhar uma determinada posição, ao menos fá-la que todos os outros se submetam à posição do moderador, que por sua vez está submetido a ele. Logo todos estarão submetidos à sua vontade ou estratégia.
Sendo a região do Golfo também de interesse da Rússia... não há duas em três e como se diz, num grande cozinhado, leva-se sempre muitos ingredientes.

2:25 da tarde  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

O Benoist não está a ludibriar ninguém, o texto dele limita-se a chamar a atenção para a vitória do Hamas, nada mais, este texto que aqui está é meu e nada tem a ver com o do Benoist e as conclusões são aliás diferentes.

«A situação é bem mais complexa do que parece.
Estamos a atravessar um campo de minas colocadas em todo o terreno,mas com marcas e origens diferentes.»

Pois é, pena é que algumas análises mais imediatas não tenham isso em conta e vão atrás de propagandas fáceis.

Cumprimentos Miguel.

5:44 da tarde  
Blogger Flávio Gonçalves disse...

Excelente interpretação, bravo!

10:52 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Oh Flávio, espero que também tenhas lido esta parte: "Por razões diferentes todos estes 3 eixos têm interesses em inflamar o problema e todos terão contribuído para tal." ;)

NC

2:10 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Uma "bombinha" em...Roma, vinha a calhar!
Dava jeito a uns e justificava outros!

Esperemos que não, carago.

Legionário

2:50 da tarde  
Blogger Caturo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5:08 da manhã  
Blogger Caturo disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

5:27 da manhã  
Blogger Caturo disse...

Desta vez, não estou de pleno acordo com o camarada Rodrigo. Passo a comentar (não é tão longo como parece, saltem as partes a itálico, paciência):

Como afirma e bem Alain de Benoist aquilo que deve começar por suscitar curiosidade e reflexão é o intervalo de tempo decorrido entre a publicação das caricaturas no Jyllands-Posten em 30 de Setembro do ano transacto e o eclodir do problema em toda a sua dimensão actual,

Não houve qualquer intervalo, mas sim um crescendo. Acompanhei o caso quase diariamente através das várias notícias publicadas no Jihad Watch.
Que os factos a elas relativos tenham sido por largo tempo ignorados pela grande comunicação social, isso é que deve suscitar suspeitas.
Mas, para já, não creio que os Judeus ou os Americanos tivessem interesse em esconder o assunto, pelo que não é de suspeitar da mão «sionista» neste episódio...



Benoist aponta a vitória do Hamas nas eleições palestinianas. É um facto.

Se calhar porque o radicalismo islâmico foi em parte auxiliado pelo empolamento que os muçulmanos, e só os muçulmanos, fizeram desta questão.

Os Americanos e os Judeus mantém-se relativamente silenciosos a respeito do assunto.
Pode dizer-se que é para disfarçarem o «golpe», mas tal opção teria o aspecto de especulação gratuita.


Tal como é do conhecimento público a pressão que desde então tem sido exercida por EUA e Israel sobre a UE para que cesse a ajuda financeira à Autoridade palestiniana.

Mesmo assim, a dita autoridade palestiniana está arrogante e exigente como nunca. Fraco poder é o dos Judeus e Americanos todos juntos que não conseguem vergar a pobre Europa, depois de terem convencido os seus governos todos a deixar entrar a Turquia...

É que nem a Dinamarca deixou de auxiliar a autoridade palestiana, como o seu ministro Rasmussen disse ontem.



É inegável que a explosão de revolta no mundo muçulmano, incluindo a palestina, em torno da publicação dos desenhos, afecta negativamente a imagem dos islâmicos perante a opinião pública europeia e reforça a posição dos que pretendem que a Europa deixe de ajudar a Autoridade palestiniana.

Ninguém tem culpa que o radicalismo muçulmano seja tanto maior quanto maior é o poder que julgam ter.
Não é possível travar-lhes os ímpetos, já que eles borrifam-se para a tibieza dos Ocidentais, os quais se vão agachando quase sempre. Mesmo numa altura destas, o único governo que tomou uma posição firme foi o da própria Dinamarca. Todo o resto da UE permaneceu num silêncio vergonhoso (já para não falar na aviltante rasquice de Freitas do Amaral).



facilmente concluímos que na conjuntura actual não é possível aos EUA intervirem militarmente no Irão sem o contributo significativo dos aliados europeus.

Um pormenor que não percebi: mas porque é que os Ianques ou os Judeus precisam dos aliados europeus para fazerem um ataque rápido às instalações iranianas que estejam eventualmente a produzir armas nucleares? As aeronaves da Magen David empreenderam vários destes raides contra instalações químicas do Iraque, nos anos oitenta, sem que para isso fosse necessário invadir o país então governado por Saddam.



A validação do envolvimento europeu num eventual ataque ao Irão ganhou assim força perante os cidadãos dos países europeus que passaram a ver no mundo islâmico a imagem da irracionalidade,

Passaram? Não viam antes?
O povo será assim tão cego?



O Irão está rodeado por vários países com armamento nuclear: A Rússia, a Índia, o Paquistão, a China e Israel. No entanto ao Irão pretende-se vedada essa possibilidade. O Irão pela sua situação geográfica e pela sua dimensão é uma peça decisiva nos equilíbrios da região e como sabemos o controlo dessa área, pelo que representa em recursos energéticos, é considerada fulcral por todas as potências mundiais, muito em especial pela maior de todas, os EUA. O que é que distingue todos estes países da região com armamento nuclear do Irão e que torna este último o alvo ideal para ser vendido como a grande, quase única, ameaça à paz mundial? Nenhum deles, com excepção do Irão, é declaradamente inimigo do Estado de Israel e nenhum deles, com excepção do Irão, constitui uma ameaça directa ao controlo petrolífero dos norte-americanos na zona.

Pois. E nenhum deles faz declarações tais como a da intenção de varrer Israel do mapa. É um pormenor importante. Se porventura o rei de Marrocos estivesse a ponto de adquirir armamento nuclear e andasse a dizer que a existência das nações ibéricas constituía uma injustiça histórica, eu, falando por mim, não me importaria nada que os E.U.A., Israel, a Índia, os Marcianos, a Rússia ou qualquer outro país europeu tratasse de invadir o noroeste de África.


De resto, quem é que obrigou o presidente do Irão a proferir aquelas declarações? A CIA, a MOSSAD?

Quanto aos Estados da zona que possuem armamento nuclear:
- a Índia é essencialmente uma potência que se mantém na defensiva;
- a Rússia, idem;
- o Paquistão, recebeu armas nucleares na altura da guerra fria, quando a miopia ianque só estava interessada em contrabalançar o poder soviético na área, dado que a Índia era simpatizante dos Russos e recebia armamento do urso vermelho (logo, o Paquistão recebia armamento dos EUA), mas muita chatice têm tido os Americanos por causa dessa decisão, havendo até suspeitas de que a Alcaida teria uma bomba nuclear que lhes teria sido facultada por técnicos do Paquistão; este país chegou entretanto a estar à beira da guerra nuclear com a Índia, no princípio da década de noventa, confronto este que terá sido evitado pela intervenção pacificadora da administração de Bush pai;
- a China, não parece absolutamente nada interessada em guerras - de notar que, com comunistas, é possível negociar (ao fim ao cabo, nenhum materialista se dispõe facilmente a morrer numa guerra, daí que a situação da guerra fria entre o bloco de leste e o mundo ocidental fosse muito mais segura do que a actual), com muçulmanos radicais não.

Alguém duvida de que os dirigentes muçulmanos do Irão seriam capazes de lançar um ataque nuclear contra Israel?

A pátria dos muçulmanos é a Umah. Os iranianos nacionalistas queixam-se de que os maomérdicos do seu país desprezam por completo o Irão como nação.

Ora, caso a república islâmica iraniana disparasse armas que levassem a última noite ao Estado judaico, é mais que provável que a retaliação nuclear de Israel não deixaria o Irão incólume.

Mas poderia isto incomodar demasiadamente a elite muçulmana que domina actualmente o país dos Persas?

Creio que não é nada inverosímil que as autoridades muçulmanas estivessem dispostas, a partir dos seus abrigos, ou até de esconderijos situados longe do Irão, estivessem dispostas, dizia, a sacrificar a Nação Iraniana, se isso pudesse servir para aniquilar Israel.

O grosso do mundo muçulmano sofreria relativamente pouco. Muitos palestinianos morreriam, é certo, provavelmente a maioria deles, mas isso interessaria quase nada aos líderes muçulmanos, que poderiam então, sem impedimentos, dirigir hordas islâmicas (do Egipto, da Argélia, da Síria, da Indonésia até se fosse preciso, etc.) num processo de reocupação de Jerusalém e arredores.

Parece demasiado fantástico, este quadro, bem sei; mas ou muito me engano ou essa aparência só existe no que respeita aos olhos sensatos de um ocidental.
Os muçulmanos, pelo contrário, afirmam constantemente que estão dispostos a morrer; que a morte é para eles gloriosa; e que essa atitude é (uma das coisas) que os diferencia dos Ocidentais.

E, afinal, repito, só o Irão seria sacrificado.

Já agora faço notar que responsáveis do governo iraniano declararam possuir armamento capaz de atingir a Europa. Portanto, nenhum europeu com tino desejaria ver as transportadoras do cogumelo venenoso em proliferação na terra dos aiatolas.


Surge também uma questão adicional para se compreender este enredo; a imagem percepcionada na Europa das sublevações nos países islâmicos está longe de levar em atenção que estas não foram generalizadas a todo o mundo islâmico

Por acaso, até foram, de Marrocos à Indonésia, passando pelo Egipto (um dos primeiros países a envolver-se no caso).



Indonésia e Arábia Saudita são países governados por regimes aliados dos EUA e que se apresentam igualmente como a solução que evita a queda do poder nas mãos de movimentos fundamentalistas islâmicos

O Islão ganha terreno na Indonésia de dia para dia; quanto à Arábia Saudita, há muito que se suspeita que a sua realeza não é tão moderada e desligada do terrorismo como se pensava.



proporcionaram externamente a projecção da sua imagem como contraposição a uma alternativa islamista radical

Não me parece que tal imagem tivesse passado para o Ocidente.



Mas o problema não se esgota aqui, aparentemente as diplomacias ocidentais nada fizeram para esclarecer junto do mundo islâmico que aqueles desenhos não tinham sido publicados em qualquer jornal europeu. Porquê?...

Talvez porque as diplomacias ocidentais nada de nada fizeram. E, recentemente, nenhuma delas foi capaz de se solidarizar com a Dinamarca, o que pareceria estranho se estivessem mesmo interessadas em empolar o conflito.

5:31 da manhã  
Blogger vs disse...

Brilhante análise do Caturo.
Nem mais, nem menos.

I rest my case.

11:48 da manhã  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

«Não houve qualquer intervalo, mas sim um crescendo. Acompanhei o caso quase diariamente através das várias notícias publicadas no Jihad Watch.»

Pois claro, e isso explica muita coisa.De facto houve uma explosão da questão em janeiro/fevereiro deste ano ,e não é difícil perceber porquê( excepto para os isentos responsáveis da "Jihad Watch")

«Que os factos a elas relativos tenham sido por largo tempo ignorados pela grande comunicação social, isso é que deve suscitar suspeitas.»

Pois deve,pois deve, curiosamente por altura da explosão generalizada da polémica já toda a imprensa manifestava interesse em abordar o caso todos os dias.

«Se calhar porque o radicalismo islâmico foi em parte auxiliado pelo empolamento que os muçulmanos, e só os muçulmanos, fizeram desta questão.»

Sim, sempre só os muçulmanos...não há dúvida.

«Os Americanos e os Judeus mantém-se relativamente silenciosos a respeito do assunto.
Pode dizer-se que é para disfarçarem o «golpe», mas tal opção teria o aspecto de especulação gratuita.»

Pois, é perfeitamente normal que tenham sido precisamente ingleses e americanos a ficarem de parte nesta polémica, até porque todos sabemos que é gente sem qualquer interesse ou envolvimento com o mundo islâmico e o Médio Oriente.

«Mesmo assim, a dita autoridade palestiniana está arrogante e exigente como nunca. Fraco poder é o dos Judeus e Americanos todos juntos que não conseguem vergar a pobre Europa, depois de terem convencido os seus governos todos a deixar entrar a Turquia...»

E faz o Hamas muito bem, quanto a vergarem a pobre europa, veremos, para já têm azar que os Russos estão voltados para outra e na região a Rússia é factor importante. De resto visto que a Rússia nunca considerou o Hamas como organização terrorista e se apresta para ser o parceiro de diálogo é natural que a Europa tente salvar a pouca voz que ainda vai tendo na região.

«Um pormenor que não percebi: mas porque é que os Ianques ou os Judeus precisam dos aliados europeus para fazerem um ataque rápido às instalações iranianas que estejam eventualmente a produzir armas nucleares? As aeronaves da Magen David empreenderam vários destes raides contra instalações químicas do Iraque, nos anos oitenta, sem que para isso fosse necessário invadir o país então governado por Saddam.»

Por várias razões, para já o Irão está equipado com bons sistemas de defesa aérea s-300P(sa-10 grumble) e anti-misseis Tor M-1 móvel(SA-15 Gauntlet). Por outro lado existe o risco considerado pelos experts em estratégia militar de perder o controlo da situação no Iraque.Por esssa razão a acção tem de ser devidamente estudada e idealmente deve contar com o apoio das mesmas forças que ajudam o esforço no Iraque.

«Por acaso, até foram, de Marrocos à Indonésia, passando pelo Egipto (um dos primeiros países a envolver-se no caso).»

Não, não foram.Os protestos que vimos de queimas de bandeiras e ataques a embaixadas foram concentrados em alguns países e despoletados recentemente. De facto no Egipto há muito que os cartoons haviam sido publicados mas sem causar este tipo de reacções.

«Talvez porque as diplomacias ocidentais nada de nada fizeram. E, recentemente, nenhuma delas foi capaz de se solidarizar com a Dinamarca, o que pareceria estranho se estivessem mesmo interessadas em empolar o conflito.»

O que parece estranho é que diplomacias que não foram solidárias com a dinamarca e se aprestaram a apelar ao respeito pelas crenças religiosas do «outro» não se tivessem preocupado que andasse a circular uma fotografia de Maomé com a cara de um porco no Médio Oriente.

2:55 da tarde  
Blogger A Sentinela disse...

Concordo em parte com a análise de Rodrigo e concordo totalmente com a de Caturo, embora sejam opiniões bem diferentes, mas que se complementam de certa forma.
Lembram-se dos tais alunos de várias Universidades Asiáticas, terem dito que o 11 de Setembro já pecava pela demora e que o "Tio Ossama BIN L" era "O Herói"? Da parte que toca aos países Islâmicos mais moderados, não ouvi grandes comentários, nem manifestações contra a morte de inocentes nos Estados Unidos da América, na Espanha, na Inglaterra... esperem aí... pensando bem... eu nunca vi nenhuma manifestação contra o facto de terroristas insultarem o seu amado profeta ao matar-se a eles e a inocentes(não vi soldados nem políticos nas vítimas do atentado de Madrid). Também não vi a comunidade mulçumana a punir fortemente( e como eles sabem punir, ui, ui!!) o insulto ou o sujar de sangue inocente, o nome do "Profeta".

Para mim, a Ásia é como a África. Dali, só vem mau agoiro. Nós já devíamos ter abandonado de vez "a mania das colónias". Não tolero o tempo e dinheiro gasto nos Principes das Pérsias, quando temos, vários e muitos sérios, problemas na Europa.

Um excelente post Rodrigo, numa perspectiva diferente. Mas é isso mesmo que temos de verificar, as matrizes representam sempre um mundo a três ou mais Dimensões não é verdade?

Cumprimentos a todos.

3:11 da tarde  
Blogger C disse...

O interesse estratégico da Rússia, já depois da Paz de Vestefália, tem vindo e cada vez a demonstrar mais interesse pelo controlo das seguintes zonas:

Báltico europeu, com acesso ao mar Báltico (portos russos de acesso ainda existentes São Petesburgo e Kalinegrado-enclave na Lituânia);

Oriente Europeu e Mar Negro- Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Roménia, etc... (povos eslavo-ortodoxos de que a Rússia se identifica como mãe Pátria);

Mar Cáspio - Geórgia, Arzebeijão, Cazaquistão, Turquemenistão, (boas relações com o Irão para o acesso ao Golfo Pérsico);

Para concluir, queria referir que as recentes movimentações geopolíticas da Rússia com o Hamas (Palestina), serve exactamente para medir forças com a UE e EUA, uma vez que nos seus (Rússia -Kalinegrado a Vladivostok) conceitos estratégicos não se considera europeu, contrapondo Israel, é perfeitamente normal, pela Rússia ter grandes interesses para com o Irão e outros Estados anti-Israel e antes da última Guerra do Golfo, com vários outros interesses instalados no Iraque.

Não são só os EUA que lutam por um domínio na região, mas a Rússia, e também agora e recentemente a República Popular da China, com uma "aliança" entre a Rússia e o Irão. Um pormenor, a zona tampão às forças do "ocidente" no norte da China, a Coreia do Norte, também está aliada a esse eixo, pela tradição de proximidade e de relacionamento com a Rússia, ex-URSS e a China e pela grande necessidade energética e tecnologia para "A Bomba".
Isto não é só cartoons, pois tudo está ligado a tudo, não fosse o Médio Oriente uma fonte energética que faz alimentar as ambições militares e de domínio geopolítico, dos actores internacionais supracitados.
Podemos dizer que cada qual faz pela vida e é a ver quem é mais astuto.
Nos conflictos mundiais, a coisa mais astuta até agora realizada em Portugal, foi quando o Prof. Dr. António de Oliveira Salazar, com a pasta dos Negócios Estrangeiros acumulada, decretou neutralidade "especial" para Portugal, evitando-se assim a destruição material desta quase milenar Nação e em certos casos, retirando ainda bom proveito dela (aumento das reservas de ouro).

4:45 da tarde  
Blogger Caturo disse...

Pois claro, e isso explica muita coisa.De facto houve uma explosão da questão em janeiro/fevereiro deste ano

Uma consequência do que se estava a passar desde Setembro. Não foi assim de repente.


e não é difícil perceber porquê( excepto para os isentos responsáveis da "Jihad Watch")

Os quais publicam notícias do que se vai passando no mundo islâmico. Não as inventam.



«Que os factos a elas relativos tenham sido por largo tempo ignorados pela grande comunicação social, isso é que deve suscitar suspeitas.»

curiosamente por altura da explosão generalizada da polémica já toda a imprensa manifestava interesse em abordar o caso todos os dias.

Claro, porque, já que não a podiam esconder, trataram de lucrar com o caso. Mas, em 2005, ninguém falou disso em Portugal. Nem um colunista sequer, ninguém.



«Se calhar porque o radicalismo islâmico foi em parte auxiliado pelo empolamento que os muçulmanos, e só os muçulmanos, fizeram desta questão.»

Sim, sempre só os muçulmanos...não há dúvida.

Até prova em contrário, não há realmente espaço para dúvidas, a menos que se parta do princípio de que os Américo-Sionistas são sempre parcialmente culpados pelo fanatismo muçulmano.



«Os Americanos e os Judeus mantém-se relativamente silenciosos a respeito do assunto.
Pode dizer-se que é para disfarçarem o «golpe», mas tal opção teria o aspecto de especulação gratuita.»

Pois, é perfeitamente normal que tenham sido precisamente ingleses e americanos a ficarem de parte nesta polémica, até porque todos sabemos que é gente sem qualquer interesse ou envolvimento com o mundo islâmico e o Médio Oriente.

Preso por ter cão preso por não ter?

O que é que os Ingleses e os Americanos podiam fazer, desta vez, para vos convencer de que estavam de mãos limpas?



«Mesmo assim, a dita autoridade palestiniana está arrogante e exigente como nunca. Fraco poder é o dos Judeus e Americanos todos juntos que não conseguem vergar a pobre Europa, depois de terem convencido os seus governos todos a deixar entrar a Turquia...»

E faz o Hamas muito bem, quanto a vergarem a pobre europa, veremos,

Bem, a maioria das sondagens europeias revelam que a maior parte da população não quer a Turquia na U.E., e, mesmo assim, todos os governos europeus caminham em sentido contrário.

Mas afinal em que ficamos? Os Sionistas manipulam ou não manipulam a Europa?



De resto visto que a Rússia nunca considerou o Hamas como organização terrorista e se apresta para ser o parceiro de diálogo é natural que a Europa tente salvar a pouca voz que ainda vai tendo na região.

Portanto, os Sionistas não controlam tudo. Que alívio.



Por várias razões, para já o Irão está equipado com bons sistemas de defesa aérea s-300P(sa-10 grumble) e anti-misseis Tor M-1 móvel(SA-15 Gauntlet).

Normalmente, isso não costuma ser obstáculo a ataques aéreos feitos por aviões ultra-sofisticados. Também o Iraque tinha armamento anti-aéreo, e não foi por isso que os Americanos deixaram de invadir o seu espaço aéreo, primeiro no início dos anos noventa, depois em 2003.



Por outro lado existe o risco considerado pelos experts em estratégia militar de perder o controlo da situação no Iraque.

Em que é que isso afectaria um raide aéreo ao Irão?



«Por acaso, até foram, de Marrocos à Indonésia, passando pelo Egipto (um dos primeiros países a envolver-se no caso).»

Não, não foram.

Foram sim:
In Iraq, the leading Shiite cleric denounced the drawings first published in a Danish newspaper in September, one of which depicted the prophet wearing a turban shaped as a bomb. But the cleric also suggested militant Muslims were partly to blame for distorting the image of Islam.

Some European newspapers reprinted the caricatures this week, prompting protests Friday in Britain, Turkey, Lebanon, Syria, Pakistan, Indonesia, Malaysia and Palestinian areas. In Sudan, some even urged al-Qaida terrorists to target Denmark.

http://news.yahoo.com/s/ap/20060203/ap_on_re_mi_ea/prophet_drawings

Apparently, while the cartoons have inspired protests in Morocco, the reportage I have seen indicates that they have been happily nonviolent.
http://www.williamsonday.com/morocco/

Thousands of Egyptian students from al-Azhar University demonstrated Monday to protest against cartoons published by some European newspapers depicting Prophet Muhammad as a terrorist, demanding Arab and Islamic countries boycott all products produced by countries allowing publishing the cartoons.

http://www.arabicnews.com/ansub/Daily/Day/060214/2006021412.html

In Egypt, thousands protested in several cities after Muslim prayers Friday, denouncing the cartoons. Clashes erupted with police who tried to disperse the demonstrators with water canons and tear gas.

http://edition.cnn.com/2006/WORLD/asiapcf/02/10/cartoon.protests/


Os protestos que vimos de queimas de bandeiras e ataques a embaixadas foram concentrados em alguns países

Só no que respeita aos mais violentos. Mas estes foram do médio oriente até à Ásia oriental:

Earlier, thousands of Muslims took to the streets across Asia to protest the cartoons of the Prophet Mohammed as Malaysia's leader warned of a "huge chasm" between Islam and the West.

Large rallies were held in India, Pakistan, Malaysia and Bangladesh, while smaller protests occurred in the Philippines and Indonesia.



Mais um episódio da polémica à volta da publicação jornalística de desenhos que satirizam Maomé, o fundador do Islão:

A União Internacional de Clérigos Muçulmanos emitiu no Cairo, em sábado passado, um ultimato à Noruega e à Dinamarca: ou os governos destes dois países nórdicos tomam uma postura firme relativamente aos ataques contra o profeta Maomé e, consequentemente, contra a nação muçulmana, ou então será lançado um boicote em todo o mundo islâmico contra os produtos noruegueses e dinamarqueses.

http://www.religionnewsblog.com/13342/Norway-threatened-by-Muslim-boycott



«Talvez porque as diplomacias ocidentais nada de nada fizeram. E, recentemente, nenhuma delas foi capaz de se solidarizar com a Dinamarca, o que pareceria estranho se estivessem mesmo interessadas em empolar o conflito.»

O que parece estranho é que diplomacias que não foram solidárias com a dinamarca e se aprestaram a apelar ao respeito pelas crenças religiosas do «outro» não se tivessem preocupado que andasse a circular uma fotografia de Maomé com a cara de um porco no Médio Oriente.

Não é estranho - se nada queriam dizer sobre o assunto, se não queriam sequer solidarizar-se com a Dinamarca, não poderiam logicamente comentar um pormenor relativo ao caso.

5:21 da tarde  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

«Uma consequência do que se estava a passar desde Setembro. Não foi assim de repente.»

Pois que a coisa foi iniciada em Setembro também sei mas a divulgação massificada dos cartoons ocorreu em Janeiro/ fevereiro coincidindo com o aumento das pressões sobre o Irão e as eleições na palestina.

« Bem, a maioria das sondagens europeias revelam que a maior parte da população não quer a Turquia na U.E., e, mesmo assim, todos os governos europeus caminham em sentido contrário.

Mas afinal em que ficamos? Os Sionistas manipulam ou não manipulam a Europa»

Não percebo como este comentário se relaciona com o que afirmei.

«Portanto, os Sionistas não controlam tudo. Que alívio.»

Este comentário é também despropositado visto que nunca afirmei que os sionistas controlavam tudo.

«Em que é que isso afectaria um raide aéreo ao Irão?»

Afectaria porque obviamente os americanos não têm a situação no Iraque controlada e a maioria da população é xiita. Isto sem falar sequer nas implicações económicas sobre o preço do barril de petróleo. Tudo tem de ser pensado e reafirmo o que disse, não basta fazer uns raides é preciso depois controlar a situação para que a região não se transforme num caos, o que não serve os intersses estratégicos e energéticos dos EUA ou Israel.

«Só no que respeita aos mais violentos. Mas estes foram do médio oriente até à Ásia oriental:»

Podes até ir agora à internet e achar mais uns protestos ocorridos hoje à tarde, a questão é datada, no seu início os protestos não foram generalizados a todo o mundo islâmico, mas o tal efeito bola-de-neve encarregar-se-á de alastrar a questão.

De resto passa pelo blog Portas do Cerco, um dos autores está a viver na região e confirmar-te-á isto mesmo.

«Não é estranho - se nada queriam dizer sobre o assunto, se não queriam sequer solidarizar-se com a Dinamarca, não poderiam logicamente comentar um pormenor relativo ao caso.»

isso não faz o mínimo sentido, achas então que as diplomacias ocidentais não queriam intrometer-se no assunto e como tal permitiram que andassem falsos cartoons em que Maomé surge retratado como um porco a circular pelo Médio Oriente, sem que tivessem desmentido a veracidade dos mesmos, cartoons que inflamaram o ambiente. Ou seja ao mesmo tempo que pretendiam deixar morrer o caso permitiam que fossem mostrados desenhos falsos sem expor a sua adulterada origem.Está bem...

9:55 da tarde  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

Peço desculpa mas houve um erro da minha parte, onde se lia Arábia Saudita deveria ler-se Paquistão, a intervenção do Miguel e do Caturo chamou-me a atenção para o facto.Acompanhei a situação nos sites franceses e foram estes os países apontados como tendo assistido aos protestos violentos.

3:46 da manhã  
Blogger Caturo disse...

«Uma consequência do que se estava a passar desde Setembro. Não foi assim de repente.»

Pois que a coisa foi iniciada em Setembro também sei mas a divulgação massificada dos cartoons ocorreu em Janeiro/ fevereiro coincidindo com o aumento das pressões sobre o Irão e as eleições na palestina.

Também no caso da condenação à morte de Rushdie se verificou o mesmo espaço de tempo em que o ódio cresceu.
De resto, os muçulmanos dinamarqueses já tinham dito, na altura da publicação, que, se não conseguissem nada, iam apelar aos países muçulmanos.


« Bem, a maioria das sondagens europeias revelam que a maior parte da população não quer a Turquia na U.E., e, mesmo assim, todos os governos europeus caminham em sentido contrário.

Mas afinal em que ficamos? Os Sionistas manipulam ou não manipulam a Europa»

Não percebo como este comentário se relaciona com o que afirmei.

Relaciona-se com esta observação:
E faz o Hamas muito bem, quanto a vergarem a pobre europa, veremos,


Tudo tem de ser pensado e reafirmo o que disse, não basta fazer uns raides é preciso depois controlar a situação para que a região não se transforme num caos,

O que aconteceria depois de um ataque aéreo bem sucedido que tivesse um efeito cirúrgico contra instalações militares iranianas? O Irão iria atacar as forças norte-americanas estacionadas no Iraque?



«Não é estranho - se nada queriam dizer sobre o assunto, se não queriam sequer solidarizar-se com a Dinamarca, não poderiam logicamente comentar um pormenor relativo ao caso.»

isso não faz o mínimo sentido, achas então que as diplomacias ocidentais não queriam intrometer-se no assunto e como tal permitiram que andassem falsos cartoons em que Maomé surge retratado como um porco a circular pelo Médio Oriente,

Evidentemente - achavam que se podia abafar o assunto se ninguém falasse nisso.
De resto, não podiam fazer grande coisa neste campo, dado que a circulação dessas caricaturas falsamente atribuídas ao jornal dinamarquês não poderia ser controlada por nenhum governo europeu. Essas coisas correm como rastilhos, e quem quiser combatê-las tem de investir milhões em propaganda mundial e constante. E, com isso, ainda davam mais propaganda ao caso.

Além do mais, as três caricaturas a que te referes só serviram para aumentar o ódio, não para o criar. De facto, a maioria dos manifestantes protesta, não contra as tais imagens que mencionaste, mas sim contra o próprio acto de representar o profeta.

3:38 da tarde  
Blogger Flávio Gonçalves disse...

Caro NC, a minha defesa dos muçulmanos não ignora isso: a Bilderberg (ou o que lhe queiram chamar) controla sempre os dois lados em conflito, é como o Stanley Ho que em tempo de eleições efectua donativos de igual valor ao PSD, PS e CDS/PP - não importa quem ganhe, ele relaciona-se com todos.

E sim, esta encenação toda (e trata-se de enceneção, senão as revoltas tinham sido logo em Setembro, gente ofendida não espera quase meio ano para se manifestar) foi efectuada pelos vários interessados no assunto do "choque de civilizações".

8:56 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

quem quer comprar carne de 1ª qualidade é favor de me contactar...vendemos carne fresca do sudoeste asiático.Carne tenra e fresca ( ainda menores)de primeira mão, sem doenças contaminadas, algumas ainda usa fraldas....vitório é prova de qualidade. também tenho bom vinho, da terra do meu avô, loucor beirão acompanhado com o chouriço português do meu avô...ainda tenho pra vender os meus tomates, ainda virgens e frescas...acompanha de suco bem doce...pois confeço que tenho diabetes, ainda vendo em saldos bananão bem grande de de marca tiu monte, acreditam que nunca virão banana tão grande e rígida, também acompanhada de suco que é especialidade da casa...não esqueçam que também tenho chourição (dos grandes)à venda e tão boa qualidade que até se vibram...fazemos entregas ao domicílio...para terminar apresento-vos o meu chouricao de burro, directamente do meu quintal sempre de melhor qualidade, e garanto-vos quevao ficar mais espertos depois de comer chouricao de burro

saudações

2:37 da manhã  

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial