Quem assistiu ao programa Prós e Prós da passada segunda-feira pode considerar-se um privilegiado. Bem sabemos que por norma o programa é uma exposição de indigência intelectual, mas creio que pode ter ultrapassado todos os limites nesta última sessão. Há muito que não via reunidos no mesmo espaço tantos estúpidos em defesa do fim de Portugal, há muito que não via tamanha manipulação informativa em horário nobre da televisão que é financiada com os nossos impostos.
Por onde começar quando, durante mais de duas horas, assisti a todo o tipo de intrujices, imagináveis e inimagináveis, por parte de uma Irene Barata que é autarca, um ex-comissário europeu, um sociólogo que deu pena, um comissário para a imigração que é um autêntico «Miguel de Vasconcelos» dos tempos que correm e um padreco cujo nome não recordo mas que avivou na minha memória a razão pela qual considero hoje a Igreja Católica uma instituição de tendências neo-marxistas…
Talvez seja melhor começar pelos pontos menos negativos; foram tão poucos que serão rápida e facilmente abordados. O sociólogo Rui Pena lá disse a custo que a imigração não é uma solução sustentada para os problemas sociais e demográficos do país no médio-longo prazo. António Vitorino subscreveu esta afirmação e acrescentou que para lá dos «aspectos positivos» este fenómeno acarreta também custos, embora aparentemente se tenha esquecido de os focar, uma vez que durante todo o programa assistimos a uma apologia incontestada da imigração. E pronto…quanto ao que de minimamente proveitoso foi dito em mais de duas horas de programa ficámos já conversados. Passemos então a uma sucinta análise crítica das intervenções dos protagonistas.
Irene Barata, uma história mal esclarecidaComecemos pela intervenção da autarca em foco… A senhora Irene Barata ter-se-á queixado de não conseguir encontrar trabalhadores portugueses dispostos a irem para Vila de Rei. Isto conduz-nos, antes de mais, a uma questão que ultrapassa o caso específico de Vila de Rei. Se de facto existem empregos que não conseguem trabalhadores, se existem empresas que por mais que tentem não conseguem mão-de-obra e se temos pessoas que preferem continuar a viver do subsidio de desemprego a aceitar trabalho então a discussão terá de ser situada ao nível das reformas do subsídio de desemprego, sujeitando-o a regras de activação mais exigentes e excluindo do seu acesso quem as não cumpra. No entanto, este caso particular levanta também questões sobre a lógica de funcionamento dos próprios centros de emprego, importa saber a quem disponibilizam informação sobre a procura de trabalho e segundo que critérios. Porque francamente, num país com cerca de 500 mil desempregados ninguém acredita que a autarquia não estivesse em condições de atrair alguns portugueses…
Mas a questão não fica por aqui, vamos supor, para efeito de discussão, que de facto Irene Barata não conseguiu encontrar pessoas dispostas a trabalharem em Vila de Rei pelas condições oferecidas…
Passou no programa a ideia de que Irene Barata acumulará a função de presidente da Câmara com um cargo numa grande empresa do concelho e sabemos que estão a ser criados no município um centro de lazer com capacidade para 300 utentes e dois lares para idosos, com capacidade para 70 utentes cada um, ou seja, estão na forja alguns projectos que necessitarão de uma quantidade razoável de mão-de-obra e de preferência a baixo custo. É importante saber qual a eventual ligação da autarca, a existir, a estes investimentos, que são privados, segundo as palavras da própria.
Porque quando Irene Barata se queixa de não conseguir trazer gente para o concelho, com emprego garantido, é preciso também dizer que o emprego garantido de Irene Barata paga o salário mínimo, se a senhora Barata não pudesse importar imigrantes os empresários( incluindo-a a ela?) que necessitassem de mão-de-obra, no caso de a não conseguirem encontrar ao salário oferecido, teriam de aumentar esse valor salarial para atrair trabalho, dispondo da possibilidade de importar mão-de-obra estrangeira a senhora autarca prestou às empresas envolvidas um valioso serviço(em oposição aos interesses dos eventuais trabalhadores): poderem contar à priori com trabalho remunerado ao nível mais baixo que a lei permite. Será portanto relevante saber se Irene Barata tem de facto ligações a uma das maiores empresas do concelho e conhecer que tipo de relações existirão eventualmente por parte de todos os envolvidos nesta história às empresas por detrás destes novos investimentos, interessadas concerteza em dispor de mão-de-obra ao mais baixo custo.
Todas estas questões devem ser analisadas para que este assunto possa ser devidamente clarificado, o que não é de forma alguma normal e aceitável é que poderes públicos importem imigrantes num país que tem meio milhão de desempregados. E mais, a autarquia de Vila do Rei não está apenas a importar trabalhadores estrangeiros para o seu concelho como se se tratasse de uma realidade desligada do resto da nação, que não afecta os portugueses como um todo. Estas pessoas vêm com contratos de 3 anos, renováveis por mais 3, ao fim dos quais poderão adquirir nacionalidade portuguesa. Ora não só a mobilidade destas pessoas não pode ser efectivamente controlada, já que não há nada que garanta que ao fim desse tempo não abandonarão Vila de Rei, como no processo, por diligência desta presidente de Câmara, o país ganhará mais uns quantos novos portugueses.
Comissário Rui Marques, sempre ao serviço da anti-naçãoDeste senhor não podemos esperar grande honestidade na análise do problema da imigração já que é pago pelo Estado para fazer a apologia do fenómeno, e, verdade seja dita, tem-no feito por todas as formas ao seu alcance, particularmente manipulando informação.
Comecemos por uma das afirmações da noite, quando Rui Marques afirmou, com a convicção de quem sabia à partida que não iria ser contestado( o painel oferecia-lhe essa garantia), que não existia qualquer relação entre criminalidade e imigração e que as taxas de criminalidade dos imigrantes eram similares às dos portugueses se levados em consideração os factores idade, ocupação e género.
Rui Marques fez uma objectiva distorção da questão. O que o Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas afirmou é que, descontados os factores sexo, idade e ocupação, os números relativos de delinquência seriam semelhantes entre imigrantes e população autóctone, porque os homens adultos, mal remunerados ou desempregados, apresentam taxas de violação da lei superiores aos outros grupos, e estes constituem a maior parte dos imigrantes. Mas a verdade é que de facto os números da criminalidade imigrante ultrapassam os dos portugueses, e enquanto os lobbies imigracionistas não conseguirem trazer para a Europa mais mulheres, mais trabalhadores altamente qualificados e enquanto os terceiro-mundistas com 6 ou 85 anos de idade não forem uma percentagem significativa dos imigrantes, essa correlação crime/imigração continuará a ser uma realidade que nenhum Alto Comissariado conseguirá esconder. Portanto a ligação entre os dois fenómenos é indesmentível e pode aliás ser facilmente comprovada analisando a percentagem de imigrantes detidos nas nossas prisões, que ultrapassa a taxa de imigrantes presentes na população do país.
Mas ainda assim, será verdade que descontados os factores sexo, ocupação laboral e idade os níveis de criminalidade dos imigrantes correspondem aos dos portugueses? Não propriamente, uma vez que essa análise está adulterada à partida. Isto porque o estudo em que o Alto Comissário para a Imigração e Minorias Étnicas se baseou para referir essas percentagens, que supostamente fariam equivaler as taxas de crime dos portugueses às dos imigrantes, contabiliza como crimes de nacionais os que são praticados pelas minorias étnicas entretanto naturalizadas, fazendo aumentar a respectiva taxa de delinquência dos portugueses e diminuir a das minorias, em última análise se a todos os imigrantes for assegurada a nacionalidade portuguesa( e já estivemos mais longe) a taxa de criminalidade desse grupo cairá para 0%. Se quiséssemos pois estudar devidamente o problema seria necessário fazê-lo discriminando entre grupos étnicos, impensável em Portugal mas prática corrente noutros países. Louve-se então o desvirtuamento do critério de nacionalidade que os sucessivos governos têm levado a cabo neste país.
Finalmente o senhor comissário esqueceu-se convenientemente de outro ponto não menos importante. É que a criminalidade engloba uma miríade de situações de violação da lei, das mais graves às menos significativas. Se analisarmos a distribuição dos crimes verificaremos que os de natureza mais gravosa têm uma incidência percentual superior entre as minorias étnicas. Não é propriamente equivalente um português passar um cheque sem cobertura e um não europeu alvejar alguém com uma arma de fogo no curso de um roubo. Sucede que o comissário Marques nunca apresenta estes dados.
Particularmente caricata foi a tentativa de Rui Marques de definir o que seria a identidade europeia. Na ânsia de defender que a actual vaga de migrações para a Europa não constituiria qualquer ameaça à nossa identidade o comissário definiu-a, balbuciando uma série de frases sem grande nexo mas com alguma graça, como caracterizada pela «diversidade e diferença», ao mesmo tempo ligando a identidade das nações europeias ao actual monstro jurídico que conhecemos por U.E., construção que, como sabemos, é recente, e terminou a série de disparates dizendo que antes de falar em identidade europeia lhe interessa sobretudo falar em «humanidade», o tipo de frase que cai sempre bem em auditórios cuja capacidade de raciocínio não prima pelo brilhantismo.
Ninguém coloca em causa o conceito de «humanidade», não creio que alguém duvide que os diferentes povos do mundo fazem parte da espécie humana, mas isso não invalida que dentro da humanidade existam diferenças identitárias a preservar e que enriquecem o mundo; e elas sim garantem a verdadeira diversidade. Assim, um português é diferente de um sueco como um europeu é diferente de um africano, todas estas distinções estão marcadas por factores de identidade que devem ser preservados sem no entanto implicarem que se renegue a quem quer que seja a pertença à «humanidade».
A identidade ancestral europeia não pode obviamente ser confundida com os valores propugnados pela superestrutura denominada U.E., nada é mais absurdo, e certamente que as características fulcrais da identidade dos povos europeus não são nem nunca foram a «diversidade e a diferença», que não passam de uma construção social moderna e que quanto muito poderiam ser apontadas como a própria negação de factores identitários.
O que ficou claro na intervenção do comissário foi a completa incapacidade de definir o que constitui a identidade das nações europeias, simplesmente não sabe o que isso significa, não lhe interessa, não tem conhecimentos históricos para a caracterizar ou mostra-se incapaz de o fazer em função de propósitos políticos e ideológicos ao serviço dos quais se encontra. Para que não restem dúvidas os povos europeus são, em traços largos, de raiz indo-europeia na sua quase totalidade, de raça «branca», fruto do encontro da cultura greco-latina com o cristianismo, unidos pela proximidade geográfica e cultural e por processos históricos directa ou indirectamente partilhados, e tudo isto faz com que possamos correctamente definir a Europa como um bloco civilizacional.
Rui Pena, o sociólogo esquerdista de serviçoAs declarações deste participante não fugiram à mediocridade das dos restantes convidados e de resto o referido indivíduo é conhecido pela sua filiação ideológica à esquerda e pelo empenho, assumido, na defesa da agenda multiculturalista.
Entre os inúmeros disparates proferidos pela personagem alguns merecem especial atenção. A dada altura, negando que a imigração/invasão que assola a Europa possa constituir uma desagregação da identidade dos povos europeus e de Portugal em particular comparou o actual fenómeno de imigração com a recepção de milhares de retornados vindos das nossas antigas províncias ultramarinas. Comparar o regresso a Portugal de portugueses, que sempre o foram independentemente de se encontrarem fora do território continental europeu, que partilhavam connosco o sangue dos nossos antepassados, a mesma cultura e tradição, com a entrada desregrada de imigrantes estranhos à Europa e que nada têm a ver com a nossa identidade bio-cultural não merece comentários, fica exposto e à consideração de todos a legitimidade de semelhante comparação.
Depois Rui Pena afirmou que a actual vaga migratória para a Europa não é significativa em termos históricos uma vez que em séculos anteriores os fenómenos de migração atingiram dimensões superiores, dando o exemplo da emigração europeia para o Novo Mundo. O que Rui Pena se esqueceu de referir foi que a esse processo se chamou, apropriadamente, colonização, e de facto, se pretende estabelecer um paralelismo com o que está a suceder na Europa esse seria o termo que deveria ter empregue e que decorreria naturalmente da lógica do seu raciocínio. Mas ao contrário dos referidos processos de colonização, que compreenderam a oposição dos povos colonizados, vencidos pela superioridade técnica dos colonizadores, na situação actual a Europa está a ser colonizada por povos que são, quanto muito, civilizacionalmente inferiores e que não disporiam das condições para levar a cabo essa empreitada se não contassem com a colaboração do poder político e económico do Ocidente, que atraiçoa as suas populações e chega mesmo a impedir a reacção destas através de mecanismos de condicionamento legal.
Finalmente Rui Pena chegou ao cúmulo de afirmar que a imigração para a Europa apresentava números insignificantes em termos absolutos, espantosa declaração quando não são os números absolutos que aqui interessam porquanto sabemos que em toda a Europa Ocidental os números relativos da invasão face às populações autóctones se situam já em percentagens elevadíssimas, de tal modo que entre imigrantes legais, ilegais e naturalizados, na quase totalidade dos países do Oeste europeu mais de 10% da população é já de origem estrangeira e maioritariamente não europeia. É caso para perguntar a partir de que valores começam estes números a ser um factor de destruição das identidades dos povos europeus para Rui Pena, nos 25%? Nos 50%? Ou pura e simplesmente não há limite? Deveremos tão-somente abdicar voluntariamente da defesa da nossa herança colectiva, erguida sob o sangue dos nossos antepassados, num processo induzido a partir de cima e consentido na base por populações anestesiadas que caminham voluntária ou inconscientemente para a sua morte?
António Vitorino e as meias verdadesA intervenção de António Vitorino no programa ficou marcada pela divulgação de algumas ideias que merecem aqui ser complementadas, uma vez que, criteriosamente, o ex-comissário europeu se limitou a passar meias verdades, tolhendo a informação que não lhe interessava passar mas que, não obstante, necessita ser rematada.
A dada altura Vitorino referiu que a distribuição espacial da imigração pelo território nacional não se processava da mesma forma para os diferentes grupos de imigrantes que Portugal, e a Europa, recebem. É verdade. E é também verdade que são os grupos que tendem a concentrar-se nas zonas urbanas que implicam maiores custos( sobretudo de dimensão social) para o país. Mas chegado aqui teria sido interessante se António Vitorino tivesse, uma vez que as estruturas da U.E. conhecem estas realidades, dito claramente quais são os grupos étnicos que propendem a criar as maiores pressões sociais sobre as zonas urbanas e as suas periferias. Uma dica… não são os provenientes da Europa de Leste.
Falando sobre o problema demográfico António Vitorino referiu a necessidade de criar uma estrutura de apoio social que permitisse a execução de medidas de estímulo à natalidade e apontou como exemplo, como sempre sucede, o modelo de Estado Providência escandinavo. Falou em particular da urgência de implementação de medidas estatais que imponham a paridade, incentivando a igualdade entre homens e mulheres no mercado laboral e nos papéis parentais.
Aqui torna-se necessário abordar alguns pontos que ficaram por dizer na intervenção de Vitorino. Sabemos que o modelo de Welfare escandinavo é uma espécie de vaca sagrada para socialistas e social-democratas, que o tomam por exemplo de excelência nas análises comparadas com os modelos liberais e continentais. Mas é preciso referir também que os modelos de Estado Providência desses países estão em mutação e num processo de abertura ao mercado por imperativos de competitividade e, sobretudo, é importante perceber que os resultados desses modelos sobre a demografia não são muito melhores que os dos restantes, a ponto de mesmo nos países escandinavos não estar assegurada a taxa de natalidade que garante o nível de substituição da população, isto é, o problema subsiste também aí.
Quando falamos em diferentes modelos de Welfare, com particular ênfase no escandinavo, surge normalmente à discussão o trabalho daquele que será talvez o maior especialista no campo, pelo menos no que ao exemplo nórdico diz respeito, Esping-Anderson. No seu mais recente estudo Esping-Anderson propõe uma reforma do modelo social que estimule a natalidade precisamente focando a inserção da mulher no mercado laboral através do que chama uma nova política de género, implementando políticas centradas na criança, ao nível das creches e dos horários escolares, por exemplo, e na ideia de um novo conceito de contrato de trabalho. No essencial aquilo que António Vitorino defendeu no Prós e Prós para estimular a natalidade europeia foi uma reprodução quase textual das medidas que encontramos nesse trabalho de Esping-Anderson, o que não tem grande significado para além de nos levar a concluir que a Comissão Europeia tem esse estudo, e os que se situam nessa linha, por modelo para a Europa. Nada do que Vitorino ali defendeu é novo ou produto da sua meditação. Mas, uma vez que achou por bem reproduzir as conclusões desse estudo ou dos seus similares, com o ar de quem estava ali a apresentar medidas revolucionárias nunca antes ponderadas e saídas do seu génio, não pude deixar de notar a omissão de um pequeno «pormaior»…
É que os especialistas que analisam as propostas de Esping-Anderson, repetidas no programa por António Vitorino, concordam que esse modelo social, muito generoso e abrangente, está dependente da homogeneidade e do grau de coesão das sociedades. Ou seja, o Estado social propugnado por Esping-Anderson é apenas possível em sociedades onde, precisamente, não impera a «diversidade» e o «multiculturalismo», onde o laço de solidariedade social germina de um profundo sentimento de identidade e similaridade etno-cultural. De resto são vários os estudos sociológicos e económicos que concluem que nas sociedades multiculturais não existe apoio por parte das populações a um Estado Providência abrangente, precisamente derivado da percepção que as transferências de rendimento que esse modelo implica beneficiam grupos étnicos distintos. Essa é aliás a razão apontada por trabalhos publicados em revistas especializadas para a inexistência de apoio popular a um modelo social de tipo escandinavo nos EUA – a existência de grupos raciais distintos em proporções consideráveis.
Temos assim que o ex-comissário Vitorino conseguiu a proeza de fazer a defesa de ideias que provêm de um modelo social que assenta a sua eficácia no pressuposto de sociedades homogéneas ao mesmo tempo que fazia a apologia da imigração, que é o factor principal de corrosão dessa homogeneidade das nações, sobretudo quando falamos de imigrantes pertencentes a grupos étnicos afastados dos das populações receptoras. Exaltou o Welfare State escandinavo, seleccionando as ideias de Esping-Amderson para a resolução do problema demográfico simultaneamente minando as bases que permitiriam o funcionamento eficaz desse modelo. Bravíssimo!
Finalmente e a propósito do comentário de uma anterior convidada do mesmo programa, historiadora e por sinal de esquerda, que terá dito que a Europa é «branca e cristã», o Dr. Vitorino afirmou que não lhe interessava nada se a Europa, devido à imigração, continuasse «branca» ou não. Esta afirmação vinda de um antigo comissário europeu é especialmente gravosa e relembra-nos por que razão não há hoje sombra de dúvida de que a U.E. é uma estrutura construída sem qualquer respeito pelos Estados nacionais e sem qualquer interesse em defender a identidade europeia; é na verdade o paradigma da destruição das nossas nações e da nossa herança histórica enquanto povos do Velho Continente.
O que está em causa aqui, nesta afirmação de António Vitorino, não é nem a apologia do racismo nem a sua rejeição, como se poderia apressadamente concluir. É tão simplesmente a constatação de um facto inegável, os povos europeus são, sem excepção, caucasianos. Ao afirmar que não lhe interessa que a imigração altere esse facto, Vitorino está a dizer que lhe é indiferente que a Europa continue a ser maioritariamente habitada por europeus ou não, que Portugal continue a ser habitado por portugueses ou não. A que estado chegaram as nações europeias para que um indivíduo que ocupou importante cargo na U.E., que hoje, infelizmente, controla grande parte da nossa soberania, afirme isto com o maior desprendimento e até com um mal disfarçado orgulho, que nível de decadência atingimos quando quem nos governa não receia manifestar o desprezo pela continuidade das nações europeias enquanto tal. Nos países da Ásia e da África, ciosos da sua identidade, declarações deste tipo seriam impensáveis, na Europa já não há limites, já não se esconde sequer a falta de vontade de sobrevivência, não há desejo de superação, de recuperação de uma grandeza perdida, é quem nos governa que declaradamente nos cospe em cima com um estúpido sorriso nos lábios, perante auditórios repletos de patetas alegres, também eles sorrindo perante o anúncio do seu óbito...E sempre a mesma pergunta ecoando na mente daqueles (poucos) de nós que por qualquer estranho desígnio do destino se vão mantendo lúcidos num mundo de cobardes abdicantes: para que sacrificaram a sua vida os que caíram nos campos de batalha que ergueram as nossas nações? Como chegámos a isto?
O padre da Obra Católica Portuguesa das MigraçõesNão me alongarei nos comentários à participação do padre católico de serviço, de quem honestamente não recordo o nome. Achei simplesmente absurda a sua intervenção, pela forma, conteúdo, mas também por ter sido a duplicação do discurso proferido pelo Bloco de Esquerda alguns dias antes sobre o caso do Bairro da Torre e reproduzido na edição do «Expresso» do passado sábado por Daniel Oliveira. O Padre, cheio de indignação, mostrou-se chocado com a forma e os meios utilizados pela PSP na recente intervenção no Bairro citado; inconcebível, afirmou, que as forças policiais tenham desencadeado uma operação com tantos recursos para um desfecho que resultou «apenas»( termo seu) na apreensão de 19 armas. E como se não bastasse a desproporção de forças policiais ainda sujeitaram os pobres imigrantes ao estigma público da criminalidade, sem razão alguma, já se vê, quando poderiam ter levado a cabo uma intervenção mais «discreta», menos «agressiva», mais «amigável».
Pois bem, esclareçamos primeiramente o seguinte: Nessa operação policial foram apreendidas 19 armas de fogo, 500 munições, 22 carregadores e 2 silenciadores, isto para que a informação surja completa. Mas falta dizer ainda que vários moradores da zona se haviam queixado repetidamente da ocorrência de tiroteios no bairro com alguma regularidade. Ainda que o número de agentes envolvidos possa ter sido desproporcionado, 600 homens, e convém dizer que nós não sabemos que tipo de informação motivou aquela rusga, o que me parece francamente anedótico é que a preocupação principal da Igreja Católica( não tanto do B.E. porque todos sabemos o que essa organização representa) tenha sido a «mácula» provocada na imagem dos imigrantes, uma vez mais apresentados como vítimas perante a diabolização das forças da ordem, e não a segurança dos cidadãos e dos agentes que tantas vezes, ao entrarem nesses bairros de pacíficos e sacrificados imigrantes, acabam, cravejados de balas, na morgue. É então pouca coisa encontrar 19 armas de fogo , 500 munições, 22 carregadores e 2 silenciadores? Talvez para quem não arrisca a própria vida de cada vez que entra nesses locais, como o referido padre ou os bloquistas enraivecidos; para o cidadão comum e, sobretudo, para os agentes da autoridade, a apreensão desse armamento pode significar várias vidas que se salvam. Entre a inquietação com a imagem dos residentes e o risco de vida que pende sobre os polícias nas operações nesses pacíficos bairros onde, como bem sabemos, impera uma lei própria, a minha preocupação, como a de qualquer indivíduo que ainda mantenha uma réstia de sanidade, será sempre para com a segurança pública e a dos polícias que a garantem. Questões de perspectiva, calculo…A imagem deixada pelo representante da Igreja Católica é um retrato fiel do que é hoje essa instituição, mais um vírus, entre tantos outros, que corrói a identidade nacional.
Multiplicam-se os inimigos da nação, os inimigos da Europa, silenciam-se as últimas forças vivas que a defendem, manipula-se a informação, selecciona-se o que é dado conhecer às populações, mente-se, distorce-se, tudo vale… e propagandeado em horário nobre na televisão pública, o irónico toque final neste triste espectáculo. Permaneçamos nós com a bandeira hasteada perante a horda que tudo controla, alicerçados na força da nossa convicção!