terça-feira, novembro 29, 2005

Programa do 1º de Dezembro



Na invicta cidade do Porto o PNR está a organizar um Acto de Afirmação Patriótica para o dia 1 de Dezembro, que consistirá num desfile desde a C. M. do Porto até à estátua de Vímara Peres, junto à Sé.

O objectivo deste acto é afirmar o desejo de manter viva a chama de Portugal, mas também protestar veementemente contra a actual classe política no Poder, toda ela responsável pelo estado de decadência a que chegou a Nação.

Todos os Nacionalistas, assim como todos os cidadãos preocupados com a situação do nosso país, são convidados a comparecer!

Programa:
12h - Almoço de confraternização (10 euros)
15h - Concentração em frente à C. M. do Porto.

Em Lisboa o program é o seguinte:

16h00 - Concentração nos Restauradores, junto com as comemorações oficiais.
16h45 - Desfile até à Praça da Figueira, onde, junto da estátua de D. João I, o Presidente do PNR fará uma breve alocução.
17h30 - Canta-se o Hino Nacional e encerra-se o acto.
18h30 - Concentração na casa das Beiras para Colóquio e Jantar comemorativos do 1º de Dezembro!

O colóquio referido, com o título "Portugal (in)dependente",contará com a participação do Prof. Humberto de Oliveira (secretário-geral do PNR – Partido Nacional Renovador) e do Dr. Miguel Jardim (ex-responsável pela secção portuguesa da Amnistia Internacional e actual dirigente da Associação Causa Identitária).

A organização do jantar-colóquio é da responsabilidade da Juventude Nacionalista e conta com o apoio da Causa Identitária e do PNR. O programa é o que segue:

18h30 - Início do evento

19h00 - 20h00 - Colóquio

20h15- Inicio do jantar

O jantar terá aproximadamente o custo de €12,5 (Preço acrescido devido a tapas e bebidas servidas durante o colóquio) e a ementa é:

Sopa
Feijoada
Salada de frutas / Leite creme
Bebidas à descrição

Chama-se à atenção que apenas quem for ao jantar poderá assistir ao colóquio e que a presença no jantar exige marcação prévia, que deverá ser efectuada contactando a Juventude Nacionalista.

Não há desculpa para ficar em casa, existem muitas iniciativas agendadas e, consequentemente, opções para todos. Dia 1 de Dezembro honremos os nossos egrégios avós!

Entretanto é já amanhã apresentado o livro póstumo do grande poeta da pátria que foi Rodrigo Emílio.A apresentação ficará a cargo de António Manuel Couto Viana, também poeta maior da língua portuguesa e não menos patriota.O evento decorrerá pelas 19 horas no Círculo Eça de Queirós, situado no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, nº4, em Lisboa, seguido de jantar que contará com a presença de José Campos e Sousa, amigo de Rodrigo Emílio e que recentemente compôs o CD "Rodrigamente cantando".

segunda-feira, novembro 28, 2005

Contra a democracia (não)representativa e a partidocracia

A visão da associação “Synergies Européennes” é democrática mas hostil a todas as formas de partidocracia, porque esta, que se pretende democrática, é na realidade a perfeita negação de democracia. No plano teórico a “Synergies Européenes” referencia um liberal russo do início do século XX, militante do Partido dos Cadetes: Moshe Ostrogovski. A análise que este liberal russo de antes da revolução bolchevique nos deixou assenta numa constatação evidente: Toda a democracia deveria ser um sistema imitando o movimento das coisas na Cidade. Os mecanismos eleitorais procuram logicamente dar representação às efervescências que actuam na sociedade, dia a dia, sem subverter de forma alguma a ordem imutável da política. Como consequência, os instrumentos de representatividade, isto é, os partidos políticos, devem também representar as efervescências que vão acontecendo e nunca procurar a eternização. O mau funcionamento da democracia parlamentar advém do facto dos partidos políticos se tornarem uma presença rigidamente permanente dentro da sociedade, englobando mais e mais gente medíocre nas suas fileiras. De forma a colocar um fim a este inconveniente Ostrogovski sugere que a democracia assente em partidos “ad hoc”, reclamando pontualmente reformas urgentes ou ajustes precisos, proclamando depois a sua própria dissolução para libertar o seu pessoal, que pode posteriormente forjar novos movimentos peticionários, permitindo redistribuir as cartas e repartir os militantes por novas formações que serão também provisórias. Os parlamentos acolheriam assim cidadãos que nunca se ancorariam no profissionalismo político. Os períodos de legislatura seriam também mais curtos ou, como no início da história da Bélgica ou no Reino Unido dos Países Baixos de 1815 a 1830 , um terço da assembleia seria mudada a cada terça parte da legislatura, permitindo uma rotatividade acelerada do pessoal político e a eliminação, sancionada pelas urnas, de todos os que se mostrem incompetentes, esta rotatividade não existe hoje, o que, aparte o problema do voto recenseado, nos dá hoje uma democracia menos perfeita que à época. O problema é evitar carreiras políticas de indivíduos que não conhecerão nada da vida civil real.

Max Weber fez também observações pertinentes: ele constata que os partidos socialistas e democratas-cristãos (o centrão) instalam personagens sem competência em lugares chave, que tomam decisões sem qualquer bom-senso, animados pela ética da “convicção” em vez da ética da responsabilidade e exigindo a divisão de postos políticos ou civis em função de simples rácios de votos, sem terem de provar a sua competência no desempenho dos cargos. O ministro liberal italiano do século XIX, Minghetti, percebeu muito rapidamente como este sistema poria um fim à separação dos 3 poderes, já que os partidos e os seus militantes, armados da sua ética da convicção, fonte de todas as demagogias, quereriam controlar e manipular a justiça e destruir qualquer compartimentação entre o legislativo e o executivo. O equilíbrio democrático entre os 3 poderes, colocados à partida como estanques de forma a garantir a liberdade dos cidadãos, como definido por Montesquieu, não pode mais nem funcionar nem existir num tal contexto de histeria e demagogia. É aí que estamos.

A “Synergie Européennes” não critica portanto a instituição parlamentar em si, mas mostra claramente a sua aversão a qualquer disfuncionalidade, a toda a intervenção privada( os partidos são na realidade associações privadas, como lembra Ostrogovski) no recrutamento de pessoal político, de funcionários, etc.,a qualquer tipo de nepotismo(cooptações de membros da família de um político ou funcionário para um posto político ou administrativo).Apenas a avaliação por um júri totalmente neutro deveria permitir o acesso a um cargo. Qualquer outro método de recrutamento deveria constituir um delito muito grave.

Também pensamos que os parlamentos não deveriam ser simples câmaras representativas onde se sentam membros escolhidos de partidos políticos( logo de associações privadas que exigem disciplina sem autorizar geralmente qualquer direito de tendência ou iniciativa pessoal dos deputados). Nem todos os cidadãos são membros de um partido, de facto a maioria não tem qualquer filiação partidária. Consequentemente os partidos não representam usualmente mais que 8 a 10% da população e 100% do parlamento! O peso excessivo dos partidos deveria ser corrigido por uma representação saída de associações profissionais e sindicatos como defendia De Gaulle e a sua equipa quando falavam de “ Senado de profissões e regiões”. Para o professor Bernard Willms( 1931-1991) o modelo constitucional mais desejável alicerçar-se-ia numa assembleia de 3 câmaras( Parlamento, Senado e Câmara económica). Metade do Parlamento seria recrutado entre candidatos propostos pelos partidos e eleitos pessoalmente, a outra metade seria composta por representantes das corporações e associações profissionais. O Senado seria essencialmente um órgão de representação regional( como o Bundesrat alemão ou austríaco). A Câmara económica, igualmente organizada numa base regional, representaria os corpos sociais, entre os quais os sindicatos.

O problema consiste em consolidar uma democracia assente nos “corpos concretos” da sociedade e não unicamente em associações privadas de natureza ideológica e arbitrária, como os partidos. Esta ideia aproxima-se da definição dada por Carl Schmitt dos “corpos concretos”. No entanto, toda a entidade política baseia-se num património cultural, que deve ser tomado em consideração, de acordo com a análise feita por um discípulo de Carl Schmitt, Ernst Rudolf Huber. Para Huber, o Estado coerente é sempre um Kulturstaat( Estado cultural), e o aparelho de Estado tem o dever de preservar esta cultura, expressão de uma Sittlichkeit ( etnia), excedendo os simples limites da ética de forma a incluir uma variedade de campos de produção artística, cultural, estrutural, agrícola, industrial, etc., cuja fecundidade deve ser preservada. Uma representação mais diversificada, que vá para lá desses 8 a 10% de filiados partidários, permite justamente melhor garantir essa fecundidade, distribuída por todo o corpo social da nação. A defesa dos “corpos concretos” postula a trilogia “comunidade, solidariedade, subsidiariedade”, a resposta conservadora, no século XVIII, ao projecto de Bodin, visando destruir os corpos intermédios da sociedade, isto é, os “corpos concretos”, deixando o cidadão-indivíduo isolado face ao Leviathan Estatal. As ideias de Bodin foram realizadas pela Revolução francesa e o seu sonho de geometrização da sociedade, que começou precisamente pela erradicação das associações profissionais pela Lei Le Chapelier de 1791.Hoje em dia o recurso actualizado à trilogia “comunidade, solidariedade, subsidiariedade” implica dar o máximo de representatividade às associações profissionais, ao povo real, e reduzir o arbítrio dos partidos e funcionários.


Tradução livre de um excerto de uma entrevista a Robert Steuckers, presidente da associação "Synergies Européennes", conduzida por Pieter Van Damme.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Ensaio sobre a escumalha europeia

Nicolas Sarkozy, Ministro do Interior francês, da UMP, partido da “direita respeitável” francesa, chamou escumalha à escumalha que durante vários dias colocou a França num clima de guerrilha urbana, ao melhor estilo do terceiro-mundo. Não será de espantar sabendo que é precisamente do terceiro-mundo que veio essa escumalha. Analisando as razões de Sarkozy concluímos que se essa escumalha não tem motivos para ficar ofendida pelo rótulo já os franceses teriam e deveriam ter ficado, se não ofendidos pelo menos indignados, isto porque as palavras foram mal direccionadas.

As risíveis reacções políticas ao que sucedeu nesses dias decorreram com previsibilidade. Da esquerda veio a expectável e repetitiva argumentação da falta de integração social dos vândalos e a culpabilização da sociedade europeia pelas acções de quem violou a lei. Já o sabemos, à esquerda a culpa nunca é dos indivíduos, é sempre da “sociedade”, os factores que fazem despoletar este tipo de acontecimentos nunca têm explicação cultural, civilizacional, étnica, religiosa, são sempre facilmente solucionáveis pela engenharia social do Estado. Isto mesmo quando os tais “imigrantes excluídos” envolvidos nos distúrbios dispõem de casas, muitas vezes com jardins, com escolas nas proximidades, subsídios à habitação, subsídios de desemprego generosos, bem como toda uma rede de protecção social inclusiva e de fazer inveja à maior parte das populações do mundo, muitas delas europeias.

Que a esquerda repetiria tais banalidades todos sabíamos à partida, e como o fenómeno teve repercussões europeias pudemos constatar o quão similar é a classe política do Velho Continente, desde a esquerda portuguesa à francesa, passando pela belga ou alemã, o discurso foi monocórdico. E foi de tal modo previsível que se tornou possível desligar o som das televisões e ainda assim adivinhar tudo o que os Louçãs, Jerónimos e Soares da Europa diziam nos ecrãs.

À esquerda nada de novo, portanto. E à direita? À direita algo de novo, uma nova escala de impostura(afinal ainda era possível)... Entre a habitual hipocrisia da “direita respeitável”, entre as tentativas de explicar os acontecimentos por via exclusivamente economicista, como se a liberalização económica fosse solução decisiva para problemas cuja raiz, em derradeira análise, não é muitas vezes económica, não houve da parte da direita europeia uma posição realmente contrastante com as balelas integracionistas da esquerda. Onde esta última falou de integração, a direita economicista falou de assimilação; entende-se e seria também expectável, afinal a assimilação nas actuais sociedades europeias não significa mais que a uniformização consumista tão do agrado dessa direita.

Aquilo que surgiu de novo à direita designaremos então como “efeito Sarkozy”. O “efeito Sarkozy” é a elevação da hipocrisia habitual da direita a uma escala admirável. Nicolas Sarkozy, durante o período de anarquia que vigorou nas cidades francesas, não se limitou a ter o discurso securitário próprio da direita neste tipo de circunstâncias, não, ele foi mais longe e defendeu a expulsão de território francês dos imigrantes envolvidos nos distúrbios, legais ou ilegais. Que uma medida como essa, que deveria ser tão natural como automática numa sociedade sã, tenha de ter sido debatida e tenha suscitado polémica é já em si sinal do estado terminal em que a Europa caiu, sem pingo de respeito por si própria, mas mais admirável, Sarkozy colocou em causa a política de imigração da França, afinal o verdadeiro cerne do problema.

Já em Julho deste ano, em resposta a estudos de opinião que mostravam descontentamento dos franceses perante a invasão do seu país, o Ministro do Interior havia falado na necessidade de rever os fundamentos da política de imigração, sujeitando-a a critérios mais rigorosos, de forma a combater a imigração ilegal e os casamentos de conveniência e sujeitando a entrada de imigrantes às necessidades do mercado de trabalho. Os acontecimentos recentes deram-lhe assim a oportunidade de aprofundar estes pontos, defendendo as habituais posições securitárias tão do agrado da “direita respeitável” e ao mesmo tempo, com um discurso duro, chamando o eleitorado tradicional da FN de Le Pen, partido que já há muito, e de forma coerente e constante, reivindicava as medidas que a UMP e Sarkozy achavam então radicais.

Sucede que este Sarkozy que analisando de forma calculista a situação política do país procurou apresentar-se agora como a esperança dos franceses descontentes no combate à imigração e suas mais nefastas consequências, promovidas pelos governos tanto de esquerda como de direita, é precisamente o mesmo que, vinte dias depois do assassinato de Frank Lelang às mãos de imigrantes criminosos e já com cadastro, daqueles que agora convenientemente classifica como escumalha, suprimiu a lei da “dupla pena” que permitia expulsar de França os imigrantes que tivessem infringido a lei, isto depois de terem cumprido a pena, obviamente. Este mesmo Sarkozy que surge agora a tentar captar as simpatias de um eleitorado que vê crescer os problemas decorrentes de uma política de imigração irresponsável é o mesmo homem que em Outubro deste ano defendia o direito de voto dos imigrantes legalizados, uma medida que nem a alguma esquerda europeia ocorreria( à mais sensata) e que é, como se não bastasse, inconstitucional. Suprema ironia para quem pretende agora, umas semanas depois, expulsar de território francês os imigrantes legalizados envolvidos nos distúrbios. Este Nicolas Sarkozy, que alguma imprensa, muito disponível, vai procurando apresentar como um opositor à imigração, é o mesmo que recentemente defendia medidas de discriminação positiva em favor dos “jovens” problemáticos, nomeadamente favorecendo a sua integração na função pública ( algo que certamente agradaria a muitos franceses em tempos de crise e desemprego) ou pela abertura de vagas especiais nas forças policiais para os “jovens” de meios desfavorecidos. Não é mera coincidência que perante a insurreição urbana levada a cabo pelas populações invasoras da Europa os órgãos de comunicação social tenham escondido e seleccionado informação durante vários dias e que tenham pretendido encontrar em Sarkozy um oponente de ocasião à imigração, quando nunca o havia sido de forma coerente, afinal, numa situação que potenciaria e muito o crescimento da FN interessava sobretudo retirar-lhe protagonismo, e para isso Sarkozy serviu na perfeição, temo é que não sirva para nada mais e certamente não para resolver de facto a questão de fundo.

A estas interessantes posições de Sarkozy devemos juntar a comédia direitista da crítica das responsabilidades da esquerda na situação actual da imigração na Europa, da França à Bélgica ou Holanda, passando pela Alemanha e chegando a Portugal, a guerra urbana francesa serviu o habitual jogo sujo da política parlamentar do Continente. A direita parlamentar aproveitou, de forma generalizada, para responsabilizar a esquerda por uma política de imigração que descobriu subitamente, miraculosamente, ter sido nas últimas décadas desastrosa. Sim, a esquerda é a maior responsável pela situação actual no que concerne à imigração desregrada, mas por onde andou a direita então? Acaso não foram também poder? Quantos anos passaram no governo esses partidos que agora, num repente, no mais descarado e cínico eleitotalismo, criticam a esquerda? O que fizeram para contrariar a tendência de décadas? Que posições tomaram fora dos parlamentos, nos jornais e nas televisões, nas revistas e nos comícios? Que crítica fizeram da invasão da velha Europa ( porque já é disso que se trata, tal a dimensão do fenómeno imigratório)? Nada fizeram! Zero! Só perante a possibilidade de angariarem votos descobriram abruptamente o problema.

Quem os tenha ouvido falar, a esses da direita europeia, diria que nunca haviam tido acesso ao poder. É preciso denunciá-los, não calar perante estes falsos, em França a UMP de Sarkozy tem tanta responsabilidade na situação como os socialistas. É assim por toda a Europa. E o que dizer desse ajuntamento que ocupa espaço na Assembleia e que dá pelo nome de CDS/PP? As declarações de Nuno Melo, responsabilizando as esquerdas europeias pelo descontrolo nas vagas de imigrantes são de ir às lágrimas. Então o CDS, juntamente com os seus comparsas sociais-democratas, não esteve no Governo? O que fizeram para combater seriamente o problema? Por acaso tomaram alguma posição de princípio que diferisse substancialmente do que havia sido praticado nessa área anteriormente ?Não!

Tentaram limitar a imigração às “necessidades” do mercado de trabalho, disseram, mas então o insucesso foi completo, a imigração ilegal continuou a atingir valores elevadíssimos, nada fizeram na questão do repatriamento, nenhuma posição tomaram contra a imigração enquanto fenómeno sociológico, ainda recentemente no debate sobre a alteração à lei da nacionalidade assumiram uma posição que em nada de significativo diferia da apresentada pelo PS e que poderia até ter sido defendida por alguma esquerda.

Esta direita europeia, que tem em Sarkozy um exemplo flagrante do seu cinismo característico, consegue ser mais desprezível que a esquerda, o seu oportunismo é mais ofensivo porque a sua deambulação não respeita quaisquer princípios, o eleitoralismo de esquerda ao menos reflecte uma visão do mundo que, sendo destrutiva para a Europa, não esconde a sua natureza. Esta direita é falsa, enganadora, dissimulada.

Uns e outros analisam os problemas decorrentes da imigração sem considerarem a dimensão mais profunda da questão, a forma como esta mais afecta, ou de forma mais decisiva, os países europeus. A identidade cultural, histórica, civilizacional, étnica, religiosa da Europa é coisa de somenos importância, Para a esquerda porque o objectivo é necessariamente destruir essa identidade integral para poder construir o seu mundo novo, a partir dos escombros, para esta direita porque tais conceitos não se medem em euros ou dólares.

Os aplausos que soaram à direita quando Sarkozy decidiu combater a “escumalha” explicam-se por um lado porque essa direita burguesa é, apesar de tudo, dependente da ordem e da segurança, para que possa viver a sua vidinha tranquilamente, de preferência longe dos bairros da “escumalha” ou dos problemas que a “escumalha” possa causar( os trabalhadores europeus dos baixos salários que os aguentem) e por outro lado porque a economia também precisa dessa ordem.

No meio de tudo isto veio de alguns sectores da direita a já esperada crítica do chamado modelo social europeu, apontado como causa principal dos problemas ocorridos, e lá surgiu a ideia da necessidade de destruição do Estado Social, propagador de vícios e dependências, que com a sua generosidades mal gerida e demasiado abrangente atrairia para a Europa todo o tipo de pessoas que conseguiriam à conta desse modelo europeu viver de subsídios, seria então o Estado Social europeu o culpado e o grande incentivador da imigração. Pois, alguém se deve ter esquecido de avisar os mexicanos sobre esta teoria, porque eles não param de entrar nos EUA aos milhares, e por lá não existe modelo social europeu, existe o tal modelo liberalizado e inimigo das dependências estatais.

O problema é que com ou sem modelo social europeu os incentivos para a imigração do terceiro mundo continuarão a existir, residem na capacidade de crescimento e criação de emprego do Ocidente, nos seus salários, nos seus serviços de saúde, nas suas escolas, e tudo isto continuará a ser no Ocidente melhor que o existente nos países subdesenvolvidos onde, frequentemente, falta o mais elementar. Esperar portanto que o problema da imigração se resolva pela simples alteração de um modelo económico-social, como parece ser o caso de alguma direita, é uma imbecilidade, não se resolverá este problema na Europa sem ser com medidas políticas que partam dos Estados europeus e que assentem numa ideia do que é a defesa da identidade das nações do continente, para lá da economia.

O que sucedeu em França e noutros países da Europa central foi responsabilidade da escumalha, nisso Sarkozy tem razão, pena é que não tenha mencionado a escumalha que mais responsabilidades tem nas sublevações dos imigrantes, primeiras de outras que com o tempo se seguirão, com ou sem “projectos de integração”; a verdadeira escumalha que os povos europeus devem nomear é a que se senta nos parlamentos dos seus países e da qual Sarkozy faz parte, com especial destaque para a escumalha de direita, a mais hipócrita de todas. É caso para dizer que escumalha há muita, seu palerma…

domingo, novembro 20, 2005

Reflexões falangistas



«O fascismo nasceu para inspirar uma fé não de Direita ( que no limite aspira a conservar tudo, inclusive a injustiça) nem de Esquerda( que no limite aspira a destruir tudo, até o bem), mas uma fé colectiva, integral, nacional.»(José António Primo de Rivera)

A 20 de Novembro de 1936 tombava José António Primo de Rivera, executado pela “corja”.Fundador e líder da mítica “Falange”, José António, o mártir de Alicante, é talvez a figura mais emblemática do nacionalismo espanhol do século XX.A sua vida foi um exemplo de dedicação à Pátria, de honra e de coragem, um caso raro de abnegação, de desprendimento de si para servir valores mais altos. Tinha 33 anos por altura do seu fuzilamento. Morreu naquela idade em que os homens já podem ser grandes mas em que ainda não estão na altura de serem tolhidos pelo cinismo ou desencanto, na idade em que o sonho ainda é perseguido com entusiasmo mas em que este já está firmado na vida vivida, dando-lhe perante os outros a força da “possibilidade”.

José António repudiava a democracia liberal e todos os marxismos. Na primeira e nos segundos descobria igualmente a hipocrisia, a mentira, o desagregar da sociedade, a queda de Espanha e da Europa. Na democracia liberal via um regime que degeneraria num eleitoralismo decadente, numa partidarite que usaria o parlamento para a defesa de interesses de classes ou grupos, uma democracia que não conheceria ou respeitaria limites, um monstro incontrolável e com vida própria.

Nos marxismos encontrava a expressão máxima da negação do homem:” a absorção do homem numa massa amorfa (…)somos anti-marxistas porque nos horroriza, como horroriza a todo o ocidental, a todo o cristão, a todo o europeu, patrão ou proletário, isto de ser como um animal num formigueiro”

José António fez a defesa de um regime orgânico, que rejeita a ideia de ser a nação um simples aglomerado de indivíduos iguais, fruto das vontades, disposições de cada um, mas antes uma realidade histórica para lá do indivíduo, um espaço onde o homem encontra um sentido real e um lugar que o transporta para além do presente, do momento imediato, que lhe permite uma liberdade pela assumpção de um propósito, um objectivo que o transcende particularmente. Trata-se de uma ligação ao exterior do indivíduo, coisas sem as quais a palavra liberdade não faz sentido, transformada que fica num mero devaneio errático de egoísmo estéril.

A nação surge assim para José António Primo de Rivera como o objecto que dá sentido à liberdade individual, objecto no qual se realiza e se completa o homem, dando-lhe uma percepção de missão que ultrapassa o pequeno quotidiano das estreitas relações laborais. Um regime orgânico, onde a família, o município e o sindicato representam as instituições que, complementando-se, dariam harmonia ao corpo integral chamado nação, sendo o Estado o seu instrumento natural de actuação.

A família como espaço de realização íntima do homem, campo de concretização dos afectos, essência da natureza humana, a família como a instituição que sustém a colectividade natural. O sindicato como instituição que liga o homem na sua vida laboral à nação, que une a realização profissional aos interesses da pátria. O município como instrumento jurídico intermédio que liga politicamente o homem à comunidade local e esta à nação. Complementares , partes coerentes e proporcionadas de um todo, a pátria!

Nas suas palavras:” A nação é uma unidade completa ,onde todos os indivíduos e classes estão integrados. A nação é uma síntese transcendente e individual com fins próprios para atingir.”

E a justiça social, “pão e justiça”, sempre presentes no seu ideário, porque se o homem apenas pode alcançar a plena realização servindo a nação esta perde o propósito se não retribuir aos seus filhos esse amor, essa lealdade; pão e justiça!

“Se o comunismo põe um fim a muitas coisas boas, como as ligações familiares e o sentimento nacional, se não proporciona nem pão nem liberdade e torna-nos subservientes em relação a um país estrangeiro, o que há a fazer? Não nos resignaremos à continuação do regime capitalista. Uma coisa é hoje dolorosamente óbvia: A crise do sistema capitalista e as suas devastadoras consequências que o comunismo nada faz para atenuar. O que há então a fazer? Estamos num beco sem saída? Não há maneira de aplacar a fome das massas por pão e justiça? Temos de escolher entre o desespero do regime burguês e a escravidão da Rússia? (…) Nem Direita nem Esquerda! Nem comunismo nem capitalismo! Um regime nacional.”

Se as ideias de José António Primo de Rivera devem ser analisadas à luz da época, o seu exemplo de vida não conhece as fronteiras do tempo, bem como os valores que o guiaram em vida, talvez hoje mais que nunca. Recordar é importante, não só para poder construir o futuro mas também porque a “corja” vive dos nossos esquecimentos, apaga memórias, destrói e reconstrói a História.

quarta-feira, novembro 16, 2005


Sábado,19 de Novembro, pelas 14h no Hotel Roma

quarta-feira, novembro 02, 2005


"Faz muito frio. Estrelas ferozes cravejam o céu negro nas profundezas insondáveis. A atmosfera está tão seca como se o firmamento fosse uma campânula em que se tivesse feito o vazio absoluto. Nem uma corrente de ar atravessa a fortaleza em ruínas. Auda Isarn e Barbaïra estão de pé muito juntos no ângulo da muralha ocidental que ocupavam em 3 de Setembro de 1939 e recriam a cena que não tiveram tempo de representar. Barbaïra comenta:

-Desembaraçados da superstição, os Cátaros voltariam a ser os homens que eram antes de caírem em metafísicas delirantes.
-Uma elite de cavaleiros.
-De raça superior.
-Enamorada de um ideal.
-Capaz de consentir nos sacrifícios mais elevados.
-Em tudo o que os supera e que querem superar!
-No Eterno Retorno.
-Os Perfeitos ficam perfeitos.
-Mas desde então voltados para a terra e não para o céu.
-Encarregados da missão de sublimar a matéria em lugar de a destruir.
-Já não escondem o Graal, pelo contrário, vão revelar a sua verdadeira natureza.
-Aos homens ainda mergulhados na superstição.
-Não há capitulação em Montségur.
-Descem até aos Cruzados.
-Esclarecem-nos.
-Libertam juntos a pátria occitana.
-Marcham sobre Roma.
-Perseguem a falsidade.
-A simonia.
-A luxúria.
-Refazem a unidade do Ocidente em torno de verdades primogénitas esquecidas.
-O esplendor da terra.
-O amor pela vida.
-A ressurreição das pátrias carnais."

Nota: O livro está editado em português pela Hugin