domingo, agosto 28, 2005

Como não terei acesso ao computador nas próximas semanas o blog faz uma pequena pausa.

quarta-feira, agosto 24, 2005

Liberdade de opinião sim,mas controlada...

Quando os primeiros colonos europeus chegaram ao território que é hoje politicamente a Austrália as diferentes tribos aborígenes somavam cerca de 300 000 a 400 000 habitantes, eram tribos nómadas sem qualquer organização ou união política. A maior parte do território era desabitado e a densidade populacional era reduzidíssima. Os europeus ergueram um país, a Austrália, e transformaram-no num dos mais desenvolvidos do mundo, uma nação de cultura europeia que enfrenta agora os mesmos problemas que afectam, com maior gravidade, a Europa e a América do Norte: a destruição da sua identidade e a substituição dos povos que a erigiram. A resignação é a única via aceitável e permitida pelo sistema, mas lá, como um pouco por todo o ocidente, existem ainda os homens que lutam; esta é a história de um deles…

Andrew Fraser, professor do departamento de Direito Público da Universidade de Macquarie, na Austrália, é um homem condenado; condenado profissional e pessoalmente pelo «establishment» académico e pela imprensa, um criminoso da pior espécie. O seu crime não tem perdão e apenas a destruição completa do homem poderá trazer redenção e passar a mensagem certa aos mais “incautos e desavisados”.

Andrew Fraser nasceu e cresceu num país culturalmente europeu que, juntamente com o resto do ocidente, enfrenta agora uma progressiva mas segura transição para o terceiro-mundo, uma transição que é levada a cabo pela invasão de populações não-europeias num processo de colonização que conta com a guarda avançada do sistema_ políticos, Igrejas, corporações e imprensa_ em íntima colaboração, e com a habitual incapacidade crítica das massas que estão nos países ocidentais transformadas numa espécie de gado que se desloca ao som dos bons pastores.

A 29 de Junho, um jornal dos subúrbios de Sidney (“Parramatta Sun”), publicou mais uma das já habituais histórias de refugiados que inundam a Austrália; na primeira página uma africana expressava o seu contentamento pela regularização da situação dos pais, afirmando: “agora os meus pais já são australianos como eu”.

Andrew Fraser não se conteve e escreveu uma carta ao editor do jornal em que afirmava:” Uma população africana em expansão é uma receita certa para o aumento da criminalidade, violência e outros problemas sociais”. Rejeitando a ideia de que os imigrantes africanos e os imigrantes muçulmanos possam ser australianos como os descendentes dos celtas e anglo-saxónicos que ergueram e construíram o país, acrescentava que a chegada de africanos significava que os “anglo-australianos” eram mais uma vez obrigados a consentir a gradual erosão da sua específica identidade nacional. E terminava:”Porque é que a Austrália deve tornar-se uma colónia do terceiro-mundo? O facto é que os australianos estão a ser empurrados para o suicídio nacional pelas suas elites políticas, religiosas e económicas!”

A carta de Fraser ditou a sua sentença. No seguimento da sua publicação o caso ganhou notoriedade pública e as forças do costume iniciaram a sua “cavalgada” rumo à destruição do professor australiano, obviamente não dos seus argumentos, porque essa nunca foi estratégia prometedora quando se confronta a verdade.

O primeiro golpe partiu de um seu colega de universidade, professor de filosofia, Alex Miller, que considerou as afirmações de Fraser dignas de Goebbels. A táctica começava a revelar-se, é aliás bem conhecida nestes casos, nada como ligar as vozes dissonantes ao nazismo, nem que seja da forma mais disparatada, não há nas nossas sociedades maior anátema.

Perante a vaga crescente de ataques infames que começaram a suceder-se dos mais diversos quadrantes com a devida promoção e exploração da isenta imprensa , Fraser acabou por comparecer num popular programa de televisão, «A Current Affair», onde defendeu que era um erro acabar com a política de imigração destinada exclusivamente a populações brancas e afirmou que os negros tinham uma propensão natural para a violência superior aos brancos. Mas Andrew Fraser foi mais longe e explicou que os africanos sub-saharianos têm um QI médio entre os 70 e os 75 pontos( o que, por padrões europeus, os coloca certamente aptos para os programas de “ensino especial”) e que o sub-desenvolvimento africano indiciava uma clara diferença de capacidade cognitiva entre pretos e brancos. A resposta da entrevistadora não foi negar ou rebater cientificamente aquela afirmação, até porque todos os estudos realizados ao QI médio comparado das diferentes populações comprovam o que o professor Fraser afirmou_ razão pela qual os grupos de activistas negros e a esquerda liberal americana têm criado inúmeros grupos de pressão para acabarem com os testes de QI nos EUA_, a resposta da jornalista foi dizer que as opiniões do professor Fraser eram um disparate e que aquilo “ era conversa de Hitler”. Estava decidido, opiniões como aquelas não poderiam passar, tratava-se necessariamente de um perigoso nazi, isto mesmo que o professor não tivesse, por uma vez que fosse, feito qualquer referência ao regime nacional-socialista. O estigma, porém, estava já colocado e era preciso repeti-lo até à exaustão.

Nunca os argumentos de Andrew Fraser em defesa da preservação da identidade nacional fundadora do seu país foram contrariados.

Na sequência da tentativa de destruição pública do carácter do professor Fraser então iniciada, a Universidade de Macquarie dissociou-se das posições do seu universitário e, pela voz da vice-reitora, pediu desculpa às comunidades africanas, que entretanto haviam começado, através das suas associações, campanhas de protesto junto da Universidade. Assegurando que a instituição era orgulhosamente multicultural a vice-reitora convidou o professor Andrew Fraser a pedir a reforma antecipada, negando no entanto que se tratasse de qualquer género de represália.

Andrew Fraser declinou o “convite” para a reforma antecipada na Universidade e, numa carta aberta, afirmou que não aceitava que a instituição se tivesse desculpabilizado, no que considerou uma cedência da liberdade académica a pressões ilegítimas por parte de minorias étnicas e grupos políticos determinados em impor uma ditadura ideológica sobre o meio académico. Acrescentou que a defesa de uma política de imigração dirigida apenas para europeus era legítima e essencial para assegurar a continuidade da matriz civilizacional do país, que os seus argumentos eram academicamente justificáveis bem como as suas preocupações partilhadas por grande parte do povo australiano fora das elites do poder e das classes altas, cujo conhecimento da realidade social do país afirmou ser quase inexistente.

Fraser foi mais contundente e classificou como intelectualmente cobarde a posição assumida pela Universidade:” As universidade costumavam ter orgulho no seu comprometimento com a verdade, suprimir dados que são bem conhecidos de psicólogos, antropologistas, criminologistas, historiadores e juristas apenas porque a verdade pode desagradar a certas minorias protegidas traz à discussão o propósito das universidades.”
A carta do professor Fraser e a sua recusa em se retractar publicamente bem como a manutenção dos argumentos, consubstanciados por dados estatísticos e estudos académicos utilizados na defesa da identidade nacional da sua pátria, levaram à sua suspensão.

Andrew Fraser continuou a alertar para a diminuição da percentagem de europeus na Austrália, a colonização do país por hordas de africanos e asiáticos e na irreparável transformação que isso implicará para a sociedade. Por ter expresso a sua opinião, Andrew Fraser foi proibido de dar aulas, foi difamado em vários jornais e programas de televisão e foi catalogado como nazi.

Em resultado da polémica levantada, um grupo de 143 académicos assinaram um manifesto defendendo a limitação ao exercício da livre opinião enquadrado num conjunto de “princípios éticos” que restrinjam a liberdade de expressão no que toca a questões raciais. Em parte alguma do manifesto ou fora dele qualquer uma destas pessoas contrariou os dados apresentados por Andrew Fraser relativamente às estatísticas criminais, aos testes de QI, ao afluxo sem precedentes de imigração não-europeia ou à crescente influência dos imigrantes asiáticos na sociedade australiana.

Perante os dados estatísticos e os factos, os 143 intelectuais responderam com um apelo à limitação da livre opinião e à proibição da divulgação de dados científicos.

«Toda a verdade passa por três fases, primeiro é ridicularizada, depois é violentamente combatida e finalmente é aceite como evidente»_ Arthur Schopenhauer.

domingo, agosto 21, 2005

Que caminho contra os pactos do Regime?

Quando a Standard & Poor’s criticou a proposta de orçamento de Estado, no tempo de Bagão Félix, lembro-me de ver economistas ligados ao PS aproveitarem a ocasião para exigirem do PSD e CDS a necessidade de consolidação orçamental. Para quem tivesse estado ausente do país nos últimos 30 anos ou fosse estrangeiro a reivindicação socialista seria entendida como natural, lógica, uma questão de bom-senso. Para quem tivesse andado por cá nessas décadas o conhecimento da natureza do Partido Socialista e da sua história governativa levariam ao riso perante tais afirmações.

Não muito tempo depois, graças à prestimosa colaboração de Sampaio ( tudo pelo partido nada contra o partido…) eis que os valorosos e esclarecidos socialistas chegam novamente ao poder. E desta vez, para além da promessa de um choque tecnológico, coisa muito avançada e arrojada, como se depreende pelo nome, o PS trazia também a responsabilidade e capacidade de consolidar as contas públicas como exigira do anterior governo, seria natural esperá-lo pois até alguns dias antes da convocação de eleições o problema estava bem diagnosticado e era constantemente referido pelas gentes do partido.

Quanto ao choque tecnológico, que de início, por limitações próprias, não consegui perceber no que consistiria, vejo agora que é no fundo uma ideia de desenvolvimento nacional que pressupõe uma espécie de pacto de regime entre PSD e PS( com colaboração intermitente do CDS), ideia há tanto tempo defendida por alguns intelectuais cá da praça, sobretudo aqueles que escrevem em todos os jornais de referência e participam em todas as sessões do “Prós e Contras”. Digo pacto de regime mas muito peculiar, atenção, é uma coisa informal, como que um entendimento tácito que, no entanto, não consegue ser escondido, porque as evidências são claras e mostram bem a cooperação continuada que PS e PSD têm vindo a desenvolver na área tecnológica em prol da pátria. O facto desta aposta tecnológica já durar há vários anos e ser fielmente seguida por socialistas e sociais-democratas de cada vez que chegam ao poder, continuando assim o valoroso trabalho dos seus antecessores, leva-me a olhar o futuro com optimismo e a acreditar que não faltará muito até acordarmos num novo Japão, com uma economia altamente competitiva e grande capacidade de inovação. Passo a explicar…

Cheguei a esta conclusão quando, com toda a pompa e circunstância (e bem merecida), o actual governo, que havia feito do choque tecnológico a sua bandeira de desenvolvimento para Portugal, anunciou como projectos fundamentais da legislatura a construção de um novo aeroporto e desenvolvimento de uma linha de comboio. Foi então que tudo se tornou claro, agora que desvendara o significado de choque tecnológico conseguia encontrar os seus antecedentes e aperceber-me do autêntico trabalho de colaboração entre os dois maiores partidos (daí o tal pacto de regime tácito …); conseguia agora ver o lançamento da aposta tecnológica com Cavaco, no período dourado das obras públicas, lembrava-me do choque tecnológico da expo-98, do choque tecnológico do euro 2004 e inclusive da preciosa colaboração das autarquias no desenvolvimento de pequenos choques tecnológicos localizados, que infelizmente alguns lunáticos( sobretudo os ecologistas) insistem em confundir com especulação imobiliária e adulteração dos PDM’s.

Pese embora o dramatismo da situação para o país o tom jocoso das linhas acima resulta da conclusão de que certas pessoas e organizações não merecem muito mais que escárnio…

No que toca à contabilidade pública, PS e PSD surgem, uma vez mais, em cooperação, é novamente o pacto, uns e outros não são capazes de atacar o problema na sua vertente estrutural, ou seja, pela despesa, e parecem dispostos a manter essa lealdade institucional na alternância. As razões para tal são de duas ordens, ambas com ligação à natureza marcadamente eleitoralista dos dois grandes partidos. Por um lado as políticas estruturais são as que produzem no longo prazo transformações na economia capazes de alterar e melhorar os modelos de desenvolvimento dos países mas têm a enorme desvantagem em relação às políticas dirigidas à procura de demorarem demasiado tempo a produzirem efeitos. A consequência imediata das políticas estruturais é uma provável retracção do consumo e um abrandamento da actividade económica, como o tempo necessário para se conseguirem resultados com políticas estruturais é superior ao tempo de duração de uma legislatura os governos não estão dispostos a perderem eleições para o partido rival beneficiar das politicas que então começarão a dar frutos. Sendo o objectivo dos partidos maiores a manutenção do poder e não o interesse superior da nação continuarão a apostar em políticas dirigidas à procura mesmo que estas não ataquem os problemas de fundo da economia.

Uma outra razão para que nenhum dos dois partidos tenha interesse em resolver o problema do défice pela despesa prende-se com o papel fundamental que um Estado alargado e omnipresente tem na perpetuação do poder de PS e PSD, na disseminação das suas ideias, na sustentação das suas influências, na capacidade de retribuir favores, na capacidade de controlar vozes divergentes. Nenhum ambiente garante melhor as cumplicidades partidárias e paga melhor dívidas de gratidão política que o sector público. Ora reduzir a despesa pública obrigaria a um esvaziamento da influência e do poder dos partidos do sistema pois implicaria uma redução da capacidade de intervenção e lobbying a partir do Estado. Falo de PS e PSD, e com menor relevo no CDS, porque são os grandes partidos de governo e portanto aqueles que teriam a oportunidade de actuar sobre a despesa. Porém, é importante referir que PCP e BE também não têm qualquer interesse em ver reduzido o peso do Estado pois , tal como os irmãos maiores, são dois partidos cuja capacidade de intervenção social está em boa parte dependente das ramificações do Estado, veja-se por exemplo a força social que o PCP detém no seio dos sindicatos da função pública ou que o BE tem no interior das escolas públicas, centros culturais e organizações com estatuto de utilidade pública, como o SOS Racismo, inclusive com justificadas suspeitas sobre o financiamento com fundos estatais do próprio partido através do mesmo SOS. O CDS será dos partidos maiores aquele que, pela sua natureza empresarial e técnica, menos beneficia da existência do “Grande Estado”, o partido de centro-direita está menos interessado neste quadro que os outros quatro, confirmando a ideia de que a esquerda sempre foi a grande favorecida e grande controladora do sector público, até pelas suas fidelidades económicas e ideológicas, justificando desta forma o seu estatismo tradicional…o enorme aparelho estatal e os seus muitos tentáculos são garante do seu poderio social e politico. Assim, naturalmente, não é esperável que qualquer uma destas forças tenha interesse em diminuir a presença do Estado na nossa vida quotidiana. Aguardar do PS( mais que do PSD) uma vontade de reestruturar a economia pelo lado da despesa pública é uma perda de tempo, não só pela já abordada influência social que lhe garante o Estado mas pela tradição económica de que os partidos socialistas são herdeiros. A intervenção constante do Estado para estimular a procura interna é a única solução que o PS conhece e aquela que agrada e apazigua as suas bases. Naturalmente o resultado final destas políticas tende a ser posteriormente a inflação e problemas acrescidos na balança de pagamentos…

Mas o maior prejudicado desta omnipresença do Estado é, neste momento e na actual conjuntura nacional e europeia, um pequeno partido como o PNR. Sendo um partido verdadeiramente contra o sistema vigente não pode esperar maior oposição do que aquela que se materializará pela frente avançada desse sistema: O Estado. Por ser um partido herdeiro de uma ideia de cumprimento nacional completamente diferente da de todos os outros partidos existentes será aquele que encontrará no Estado o maior inimigo, pois é o Estado a instituição representativa da ideologia reinante. Por outro lado, o recente episódio de perseguição política a Carlos Branco, dirigente do partido, foi perpetrado por uma entidade, o ACIME, financiada por dinheiros públicos, dependente do Estado, com apoio, é certo, numa legislação que representa apenas mais um aspecto da interferência excessiva do poder político na esfera mais privada do cidadão, no caso o direito à livre expressão, que não é aceitável ser limitada conforme uma constituição marxista.

Uma análise da situação actual da Europa, e de Portugal em particular, leva à conclusão que muitas das batalhas travadas pelos partidos nacionalistas no ocidente são travadas contra os resultados do peso excessivo do Estado, por toda a Europa é o “Grande Estado” que permite que uma grande parte das despesas sociais sejam consumidas por imigrantes, são organizações que funcionam directa ou indirectamente na dependência do Estado que perseguem juridicamente dirigentes nacionalistas, é o Estado que controla os programas educativos, transformados que estão em autênticos programas de propaganda, é o Estado que financia grande parte da produção cultural que, como bem sabemos, é politicamente orientada e controlada exclusivamente pela esquerda, enfim, os exemplos sucedem-se…

Eu chamo a isto um “Estado ocupado”, ocupado por forças e dinâmicas anti-nacionais. Sejamos claros, numa situação ideal, com um governo com sentido nacional e orientado exclusivamente para os portugueses a questão assumiria uma dimensão diferente, porém, o tradicional apego estatista do nacionalismo deve confrontar-se com a realidade de hoje e adaptar-se à estratégia que de momento melhor nos serve e, em minha opinião, o que de certeza não nos serve é este Estado. É talvez a altura certa para rever e ajustar o posicionamento económico do nacionalismo à conjuntura desastrosa, terminal, que vivemos. Como? Talvez a solução que melhor nos servisse fosse uma diminuição dos gastos públicos de forma a criar condições para uma posterior redução da carga fiscal, o que por sua vez implicaria a necessidade de manter baixos níveis de despesa pública já que esta acaba por ter de ser paga com impostos. O custo real do Estado é, portanto, aquilo que gasta, e no longo prazo impostos baixos são apenas possíveis com despesas públicas reduzidas. De momento estamos condicionados pelo PEC e uma baixa de impostos não é viável pois impediria a redução do défice no curto prazo, daí a importância de começar por abordar o problema pela redução dos gastos públicos, de modo a podermos depois propor a baixa das taxas para forçar a despesa pública, logo o Estado, a manter-se em níveis reduzidos. Uma abordagem do problema económico pelo lado da oferta, visando a redução das taxas de imposto e procurando facilitar desse modo a poupança e consequentemente o investimento, parece-me ser um modelo a ter em conta se for conseguida a consolidação orçamental; permitir-nos-ia desmantelar algumas redes de pressão que se nos opõem ao mesmo tempo que encontraria suporte popular. Se temos um Estado anti-nacional como inimigo e não temos possibilidade de conquistar poder no seu seio devemos apoiar alternativas que pretendam abatê-lo. Quando encaramos esta solução o resultado natural seria cortar nas despesas não produtivas, mesmo que pouco significativas, e, nesse caso, entidades que consomem fundos e não produzem riqueza estariam entre as naturais candidatas à extinção, muitas dessas entidades têm-se apresentado como adversárias ferozes dos movimentos nacionalistas. Aqueles que na sociedade civil se insurgem contra o peso excessivo do Estado podem ser, conforme os casos, aliados conjunturais.

quarta-feira, agosto 17, 2005

Padre Pinto e comparsas do ACIME exigem mandado de captura internacional para Buchanan

“Xenofobia e política”_ o título despertou-me a atenção e o subtítulo convenceu-me de que teria uma menção honrosa: “Porque é que o proteccionismo é muito parecido com o racismo”.

Não estava enganado mas o alvo principal da coluna “On My Mind” de Stevem Landsburg, na revista Forbes, eram as ideias neo-racistas que ele descobriu no website de John Kerry.

Kerry havia proposto que “ os contratos federais, quando possível, deveriam ser levados a cabo por trabalhadores americanos”. Landsburg ficou moralmente ofendido por alguém defender que os trabalhadores americanos devessem ter preferência sobre os trabalhadores asiáticos ou africanos.

Não é apenas Kerry, escreveu o professor da Universidade de Rochester: “Ambos os maiores partidos ( e a maioria dos mais pequenos) estão infestados por proteccionistas que discriminariam com base na origem nacional de forma não menos virulenta que David Duke ou qualquer outro racista assumido o faria com base na cor da pele. Mas se o racismo é moralmente repugnante, e é, então também é a xenofobia…”

Acrescenta Landsburg :” Tenho esta verdade como evidente: é simplesmente horrível preferir completos estranhos de Detroit sobre completos estranhos de Juarez…mesmo se o proteccionismo proposto por kerry ( ou Nader ou Buchanan) pudesse melhorar o bem-estar dos americanos à custa dos estrangeiros ainda assim seria errado.”

Eu não sei que pais pagam para mandar os filhos para a Universidade de Rochester mas se a imbecilidade filosófica de Landsburg é representativa da faculdade então pagam demasiado.

Estar mais preocupado com o bem-estar de um compatriota não é xenofobia, que significa um medo ou ódio por estrangeiros. É patriotismo, que pressupõe um amor particular pela nossa terra e gentes, não um ódio a qualquer outro país ou povo. Preferir americanos não significa odiar outros povos como preferir a nossa família não significa odiar os outros. Uma indiferença glacial em relação à situação dos nossos compatriotas, seja numa competição por empregos ou medalhas olímpicas, é traição moral e a marca de uma alma morta.

Todos nascemos em famílias, clãs, tribos, vizinhanças, países e todas estas realidades, tal como os amigos que fazemos, as escolas que percorremos, as igrejas que frequentamos, têm o direito ao nosso amor e lealdade.

Mas o professor Landsburg iguala “Comprem americano” e “ contratem americanos” com uma guerra agressiva: “ Afinal se é legítimo enriquecer negando aos estrangeiros o direito a ganhar a vida, porque não enriquecer invadindo países pacíficos e apropriando-nos dos seus bens…roubar bens é errado e também o é negar o direito a alguém de ganhar a vida independentemente do sítio onde tenha nascido.”

O texto do professor atesta uma outra realidade, os fanáticos do comércio livre estão a ficar sem argumentos estatísticos tão depressa que se vêem forçados a defender a sua posição na base de ser uma posição moralmente superior, ainda que prejudicial para a América. Veja-se o que a dependência das importações está a fazer ao nosso país. O ano passado o défice comercial atingiu o pico de 617 biliões de dólares, em Janeiro atingiu os 58,3 biliões apontando para um défice de 700 biliões de dólares em 2005.O défice comercial e orçamental dos EUA, combinados, representam 10% do PIB. Estamos a pedir emprestado 2 biliões de dólares por dia para subsidiar o nosso estilo de vida. O consumidor americano nunca esteve mais endividado_ em cartões de crédito, empréstimos automóveis, hipotecas.

O dólar perdeu um terço do seu valor em relação ao euro em três anos, o ouro está perto dos 450 dólares por onça, uma subida de 70 %.O preço do petróleo não pára de subir. Quando a Coreia do Sul e depois o Japão deram a entender que poderiam diversificar as reservas e deter uma percentagem menor em dólares a Bolsa experimentou aquilo que os pilotos chamam “turbulência”. O resultado final da globalização pode ser o colapso financeiro.

Com Bush, 2.8 milhões de trabalhos de manufactura , 1 em 6, foram perdidos. Os salários reais dos trabalhadores americanos estão estagnados, 2/3 de um milhão de trabalhadores dos têxteis e vestuário enfrentam a ameaça de desemprego face às importações chinesas que são agora praticamente irrestritas. Como Paul Craig Roberts escreve, os empregos que são criados pagam menos e exigem menos educação e formação que os empregos que estão a ser perdidos pelo “outsourcing”.Os nossos trabalhadores estão a ser sacrificados no altar da globalização. A resposta de Landsburg? “Paciência!”

Se os professores de economia são tão fanáticos em relação ao “free-trading”, porque não retirar-lhes o lugar e importar professores de economia da Índia a metade do preço? Já que, como Landsburg explica, “é simplesmente horrível preferi-lo a ele do que a um qualquer estranho.”


Patrick Buchanan

sábado, agosto 13, 2005

Crónica de uma direita perdida

A contra-revolução necessita sempre de um ponto de referência_ a revolução_ em relação ao qual se possa definir. É a revolução que estabelece o momento que pressupõe um corte com uma ordem preexistente, uma ordem que passará a constituir o estado que a contra-revolução tomará como ideal a procurar, ainda que consciente que o seu real restabelecimento não será mais possível nos moldes em que vigorara antes da revolução.

Quando se fala de contra-revolução não nos limitamos necessariamente a uma ideia estanque no tempo, porém o conceito, sem maior aprofundamento ou qualquer outro enquadramento, será provavelmente entendido por referência à Revolução Francesa. A revolução de 1789 tem assim a responsabilidade de colocar a contra-revolução à direita na exacta medida em que os conceitos de esquerda e direita política são, em boa medida, criações dessa revolução. As forças políticas saídas da Revolução passaram a ser tanto mais à esquerda quanto mais revolucionárias se apresentassem e tanto mais à direita quanto menos revolucionárias fossem, ou dito de outra forma, quanto mais contra-revolucionárias se mostrassem. Ficava assim selado o casamento entre a contra-revolução e a direita.

De certa forma, a direita, pelo menos a direita impoluta, ficaria para sempre marcada pela ideia de contra-revolução, muito para além da revolução de 1789.Na verdade, se fosse pretendido diferenciar a direita tradicional, das suas patéticas congéneres liberais, conservadoras e democrata-cristãs que hoje dominam o espaço considerado de direita no Ocidente, seria a percepção de contra-revolução a estabelecer a distinção.

O que sucedeu então à direita e de que forma o conceito de contra-revolução estabelece essa distinção entre a direita dos princípios, fiel, forte, incorruptível, intransigente e a direita dos fins, moderna, desonrada, errática, renunciadora? Para responder a isso é necessário fazer uma análise histórica.

Thomas Molnar, na sua obra “The Counter-Revolution”, afirma que os revolucionários procuram a ruptura orgânica da sociedade, o ataque à propriedade privada, à religião ou espiritualidade_ pela secularização da sociedade_ , o rompimento dos laços comunitários, do sentimento nacional, o corte do passado com o presente. Todas estas características são encontradas no ideal comunista, o desenraizamento social e a destruição dos sentimentos de identidade e diferenciação para lá do económico são objectivos históricos do marxismo e seus derivados. É a compreensão desta realidade que permitiu à contra-revolução identificar qual seria a revolução em relação à qual teria de se contrapor no século XX e que explica a aliança com os nacionalismos antes e durante a 2º Guerra. A contra-revolução partilhava na Europa continental com os movimentos nacionalistas o inimigo fulcral, o marxismo. Se os nacionalismos tinham características também revolucionárias pretendiam, no entanto, uma revolução contra uma sociedade decadente que os contra-revolucionários igualmente rejeitavam, a revolução nacionalista face à revolução bolchevique representava a oposição do espírito à matéria, do valor ao número, do mérito à mediocridade, da comunidade à tirania burocrática, era claro à contra-revolução com qual deste lados partilhava princípios e qual deles se apresentava como o adversário.

Seria novamente o marxismo a servir de referência na divisão do mundo ocidental no pós-guerra. O ocidente fragmentou-se entre países marxistas e países não marxistas ou capitalistas. A guerra-fria marcou uma era de luta estratégica em que cada bloco procurou fazer triunfar o seu sistema e as forças políticas da Europa ocidental( apenas estas porque na Europa oriental, onde o comunismo vigorava, não existia o direito à divergência política) assumiram as suas posições estabelecendo cisões internas, nacionais, onde a esquerda assumia a simpatia pela causa marxista e seus valores e a direita ocupava o campo capitalista, toda a direita, salvo raras excepções, entendeu a ameaça comunista e, mais ou menos empenhadamente, assumiu o combate numa larga frente anti-marxista constituída por diferentes facções políticas. Uma vez mais, tal como alguns anos antes quando havia lutado ao lado dos nacionalistas, o inimigo da direita contra-revolucionária era o mesmo, a revolução à qual era necessário impor a ideia de contra-revolução estava bem identificada, continuava a ser o marxismo e o perigo era real, a luta era necessária e as razões eram, em geral, as mesmas que haviam legitimado o combate anterior, embora desta vez o aliado, genericamente o capitalismo, fosse nos fins pouco compatível com os valores contra-revolucionários. Mas a direita contra-revolucionária não tinha um problema de identidade, porque, em larga medida, o que confere identidade à contra-revolução é a revolução e essa era conhecida, era um inimigo antigo e facilmente identificável, de peito aberto, provocador, sem se esconder, assumindo o seu papel de adversário.

Com o fim da guerra-fria e o desmoronar do marxismo por todo o ocidente dá-se a mudança fundamental que explica o eclipse da direita tradicional. É aqui que se encontra a explicação para aquilo em que se transformaram as direitas ocidentais modernas. Depois de vários anos combatendo o marxismo as direitas triunfaram, a revolução fora derrotada, mas os custos para a contra-revolução acabaram por ser elevados, os contra-revolucionários perderam a memória fundadora e gradualmente foram assumindo as lutas do ideal capitalista, que não era o seu. Aos poucos aquilo que havia sido uma coligação estratégica face a um inimigo comum transformou-se numa identidade perdida, o liberalismo, verdadeiro vencedor da guerra, tornou-se hegemónico à direita e alastrou inclusive a sua influência a uma parte da esquerda. Todas as forças que haviam combatido o Bloco de Leste deslocaram-se para a esfera de influência do liberalismo triunfador. Fora desta área não ficaram mais que forças residuais. A contra-revolução, por sua vez, foi-se transfigurando em conservadorismo e em democracia-cristã.

Assim chegamos à mixórdia risível que hoje gosta de se reclamar como direita. O elemento contra-revolucionário, ou pelo menos a sua evocação, continua presente naquilo que hoje passa por direita, mitigado mas presente, o problema é que assenta agora, e ao contrário do passado, num enorme equívoco não só de reconhecimento mas mesmo temporal. A revolução, ponto referencial, continua a ser marxista, este é o equívoco de reconhecimento, por outro lado existe a ideia de que a revolução deve ser evitada para que não volte a triunfar, ou seja, é uma luta contra uma revolução marxista que a direita entende poder vir a ocorrer novamente no futuro mas que não existe no presente, ou se preferirmos, que ainda não ocorreu, este é o equívoco temporal.

Passemos a esclarecer, primeiramente a revolução não é desta vez marxista e em segundo lugar não é uma questão de prevenção porque ela já ocorreu. A revolução deu-se progressivamente a partir do final da guerra e despoletou por completo com a queda do muro de Berlim, falo da “revolução global”. A mundialização, sob todos os seus aspectos, culturais, económicos, institucionais, é “A Revolução”! Ela ocorreu e os herdeiros da contra-revolução não só não entenderam que esta teria agora de ter a mundialização como ponto referencial mas, mais grave, tornaram-se cúmplices indispensáveis no triunfo da revolução, suprema ironia. A perda de identidade cultural, a imigração maciça, a perda das soberanias nacionais pela criação de instituições internacionais com poder sobre as instituições nacionais, a sobreposição do poder financeiro das grandes multinacionais ao poder político, a crescente capacidade de lobbying de ONG’s com ramificações em diversos países, a ditadura dos “direitos humanos” conforme ao espírito de interesses de uma pequena elite, as “guerras justas” em nome da disseminação da “democracia” e da “liberdade”, ou seja, da imposição de um modelo único de governo, tudo isto faz parte da “Nova Ordem Global” e esta é verdadeiramente a revolução que já aconteceu.

Há algum tempo atrás a administração Bush pretendeu, através da ONU, impor um programa de educação global, e cito o “Washington Times”, “culturalmente neutro, com um curriculum universal para ensinar cidadania global, estudos de paz e igualdade das culturas do mundo”.A administração Bush é de direita? …naturalmente o dito programa, como poderão calcular, terá como cobaias os sempre prestáveis ocidentais.

As direitas que vamos tendo continuam a funcionar em termos da dicotomia capitalismo/marxismo, e se há algumas décadas a oposição ao comunismo era, naturalmente, a grande guerra dos contra-revolucionários, actualmente exigir-se-ia uma percepção diferente da realidade. A direita moderna e a esquerda liberal são co-responsáveis pelo triunfo da revolução global.A verdadeira contra-revolução, o mesmo é dizer a direita que não transige, de princípios, apenas poderá situar-se em oposição à mundialização e seus efeitos, contra a destruição das especificidades culturais e nacionais, contra o materialismo e o igualitarismo de mercado, porque é disso que se trata; no final a revolução global reduz os homens a meros consumidores indistintos, desenraizados e com preferências de consumo cada vez mais similares à escala planetária. É o ideal capitalista do mercado planetário global… o que é que pode ser na essência mais uniformizador que isto? O homem sem laços, sem memória, apto a receber os estímulos comerciais de uma sociedade onde o valor é reduzido ao económico, ao quantificável.

Aquilo que hoje surge pelo ocidente disfarçado de direita é uma anomalia, uma disfunção política sem vergonha histórica, faz parte, juntamente com a esquerda liberal, da brincadeira democrática, apresentando-se como a alternativa a uma esquerda social-democrata com a qual partilha valores e a uma esquerda marxista que insiste em apresentar como eterno fantasma para ilusão de parte do seu eleitorado, é peça fundamental do regime de partido único(disfarçado numa falsa bipolarização esquerda-direita) que vigora no ocidente e que legitima a Nova Ordem Mundial, porque no fundo ela é mãe da revolução que já prevaleceu. Podemos considerar semelhante coisa como direita?

A direita autêntica tem de ser hoje,uma vez mais, contra-revolucionária, mas ao contrário do que sucedeu anteriormente mostra-se agora incapaz de identificar a revolução que deve ser combatida.A Europa vive uma situação inédita, órfã da direita real; se no passado a contra-revolução perdeu as suas batalhas soube ao menos que combateu a luta justa, agora o caso é mais grave pois parece incapaz de reconhecer sequer o inimigo mortal. A Nova Ordem Mundial, mundialização, revolução global, globalização, o que lhe queiram chamar, é a “Revolução”do século XXI, cheguem-se então à frente os verdadeiros contra-revolucionários.