quarta-feira, agosto 17, 2005

Padre Pinto e comparsas do ACIME exigem mandado de captura internacional para Buchanan

“Xenofobia e política”_ o título despertou-me a atenção e o subtítulo convenceu-me de que teria uma menção honrosa: “Porque é que o proteccionismo é muito parecido com o racismo”.

Não estava enganado mas o alvo principal da coluna “On My Mind” de Stevem Landsburg, na revista Forbes, eram as ideias neo-racistas que ele descobriu no website de John Kerry.

Kerry havia proposto que “ os contratos federais, quando possível, deveriam ser levados a cabo por trabalhadores americanos”. Landsburg ficou moralmente ofendido por alguém defender que os trabalhadores americanos devessem ter preferência sobre os trabalhadores asiáticos ou africanos.

Não é apenas Kerry, escreveu o professor da Universidade de Rochester: “Ambos os maiores partidos ( e a maioria dos mais pequenos) estão infestados por proteccionistas que discriminariam com base na origem nacional de forma não menos virulenta que David Duke ou qualquer outro racista assumido o faria com base na cor da pele. Mas se o racismo é moralmente repugnante, e é, então também é a xenofobia…”

Acrescenta Landsburg :” Tenho esta verdade como evidente: é simplesmente horrível preferir completos estranhos de Detroit sobre completos estranhos de Juarez…mesmo se o proteccionismo proposto por kerry ( ou Nader ou Buchanan) pudesse melhorar o bem-estar dos americanos à custa dos estrangeiros ainda assim seria errado.”

Eu não sei que pais pagam para mandar os filhos para a Universidade de Rochester mas se a imbecilidade filosófica de Landsburg é representativa da faculdade então pagam demasiado.

Estar mais preocupado com o bem-estar de um compatriota não é xenofobia, que significa um medo ou ódio por estrangeiros. É patriotismo, que pressupõe um amor particular pela nossa terra e gentes, não um ódio a qualquer outro país ou povo. Preferir americanos não significa odiar outros povos como preferir a nossa família não significa odiar os outros. Uma indiferença glacial em relação à situação dos nossos compatriotas, seja numa competição por empregos ou medalhas olímpicas, é traição moral e a marca de uma alma morta.

Todos nascemos em famílias, clãs, tribos, vizinhanças, países e todas estas realidades, tal como os amigos que fazemos, as escolas que percorremos, as igrejas que frequentamos, têm o direito ao nosso amor e lealdade.

Mas o professor Landsburg iguala “Comprem americano” e “ contratem americanos” com uma guerra agressiva: “ Afinal se é legítimo enriquecer negando aos estrangeiros o direito a ganhar a vida, porque não enriquecer invadindo países pacíficos e apropriando-nos dos seus bens…roubar bens é errado e também o é negar o direito a alguém de ganhar a vida independentemente do sítio onde tenha nascido.”

O texto do professor atesta uma outra realidade, os fanáticos do comércio livre estão a ficar sem argumentos estatísticos tão depressa que se vêem forçados a defender a sua posição na base de ser uma posição moralmente superior, ainda que prejudicial para a América. Veja-se o que a dependência das importações está a fazer ao nosso país. O ano passado o défice comercial atingiu o pico de 617 biliões de dólares, em Janeiro atingiu os 58,3 biliões apontando para um défice de 700 biliões de dólares em 2005.O défice comercial e orçamental dos EUA, combinados, representam 10% do PIB. Estamos a pedir emprestado 2 biliões de dólares por dia para subsidiar o nosso estilo de vida. O consumidor americano nunca esteve mais endividado_ em cartões de crédito, empréstimos automóveis, hipotecas.

O dólar perdeu um terço do seu valor em relação ao euro em três anos, o ouro está perto dos 450 dólares por onça, uma subida de 70 %.O preço do petróleo não pára de subir. Quando a Coreia do Sul e depois o Japão deram a entender que poderiam diversificar as reservas e deter uma percentagem menor em dólares a Bolsa experimentou aquilo que os pilotos chamam “turbulência”. O resultado final da globalização pode ser o colapso financeiro.

Com Bush, 2.8 milhões de trabalhos de manufactura , 1 em 6, foram perdidos. Os salários reais dos trabalhadores americanos estão estagnados, 2/3 de um milhão de trabalhadores dos têxteis e vestuário enfrentam a ameaça de desemprego face às importações chinesas que são agora praticamente irrestritas. Como Paul Craig Roberts escreve, os empregos que são criados pagam menos e exigem menos educação e formação que os empregos que estão a ser perdidos pelo “outsourcing”.Os nossos trabalhadores estão a ser sacrificados no altar da globalização. A resposta de Landsburg? “Paciência!”

Se os professores de economia são tão fanáticos em relação ao “free-trading”, porque não retirar-lhes o lugar e importar professores de economia da Índia a metade do preço? Já que, como Landsburg explica, “é simplesmente horrível preferi-lo a ele do que a um qualquer estranho.”


Patrick Buchanan

5 Comentários:

Blogger vs disse...

"Estar mais preocupado com o bem-estar de um compatriota não é xenofobia, que significa um medo ou ódio por estrangeiros. É patriotismo, que pressupõe um amor particular pela nossa terra e gentes, não um ódio a qualquer outro país ou povo."

Ora nem mais. Subscrevo na íntegra.
Puro bom senso, aliás.


"...como Landsburg explica “é simplesmente horrível preferi-lo a ele do que a um qualquer estranho.”"

ahahahahah
Está boa. :)

O sr.Landsburg, se não é um rematado idiota, anda lá muito perto.

O proteccionismo (em doses diversas, sector a sector) entre 'blocos económicos' é necessário em algumas circunstâncias, especialmente quando as condições de concorrência se encontram completamente distorcidas por diversos factores, muitas vezes exógenos à economia.
É o que se passa actualmente.

11:51 da tarde  
Blogger João disse...

Noto nesse discurso do sr.Landsburg influências do moderno utilitarismo. Calculo que não seja por acaso que o filósofo australiano Peter Singer, chefe-de-fila dos modernos utilitaristas, trocou há uns anos a Universidade de Melbourne pelos EUA. Os argumentos de Landsburg são os mesmos que Singer expôs na sua "Ética Prática".

7:42 da tarde  
Blogger Rodrigo N.P. disse...

Não conheço o sr. Landsburg mas creio que será um libertário. Existem fortes influências utilitaristas em boa parte dos libertários, nomeadamente nos seguidores de Mises, mas por outro lado Rothbard criticou essa abordagem.Se o argumento de Landsburg fosse considerar que o comércio livre provocaria um aumento do bem-estar total da população mundial não teria problemas em aceitar as influências utilitaristas do senhor, porém o que aqui vem escrito não me permite chegar a essa conclusão, parece-me aliás que o argumento dele encerra à priori uma dimensão moral que não é própria do utilitarismo.

Bom,também não conheço o trabalho do Singer por isso não consigo adiantar uma opinião mais fundamentada.

9:54 da tarde  
Blogger João disse...

Peter Singer é autor do "Libertação Animal", que se tornou uma espécie de Bíblia do movimento de defesa dos direitos dos animais, ou como se lhe prefira chamar. Escreveu isso faz agora trinta anos. Tem também outro clássico, "Ética Prática", onde aborda a questão da distribuição da riqueza, o aborto e mais uma série de questões. Recentemente lançou "Um só Mundo-A Ética da Globalização", em que questiona a utilidade da OMC, entre outros temas. Estes livros estão todos traduzidos em Português, o primeiro na Via Óptima, os outros na Gradiva. Embora discorde dele em muitos pontos( o utilitarismo nunca me seduziu muito, talvez devido à sua dimensão demasiado utilitarista)tenho de reconhecer que o sr.Singer sabe argumentar. Ah, e duas curiosidades: está proibido de entrar na Alemanha, devido à sua defesa da eutanásia, e esteve em Portugal no ano passado, a dar ums conferência em Lisbos.

11:59 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

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