Uma morte oportuna
Slobodan Milosevic morreu! Não foi, de facto, um homem de paz, e provavelmente nunca o poderia ter sido, viveu tempos de guerra e ele era o líder de uma nação atacada em várias frentes. Os homens são muitas vezes ultrapassados pela História e tantas vezes não podem fazer mais que representar honradamente o papel que o destino lhes fez caber. Quanto a mim reconheço-lhe exactamente isso. A sua luta foi sempre em defesa da Sérvia e, como tal, recordo-o como um patriota.
Não duvido que nos inúmeros confrontos militares que se sucederam na região tenham sido cometidas atrocidades, é sempre assim em qualquer guerra, concerteza muitas delas pelas forças sérvias, mas de forma alguma serão estas as únicas responsáveis por tais acções.
Assim que começou a ser preparado o desmembramento da ex-Jugoslávia, com a inestimável contribuição das forças democráticas ocidentais, todos calculavam que surgissem conflitos étnicos numa região dividida por identidades ancestrais distintas. Quando no início da década de 90 a Eslovénia, a Croácia e a Bósnia-Herzegovina forçaram a saída da Federação Jugoslava, em nome do direito à autonomia, com o apoio do “Ocidente”,iniciaram-se esses conflitos. Sucede que existiam populações sérvias no seio destas comunidades que não pretendiam ficar sob a autoridade de populações estranhas e, também em nome da sua autonomia, procuraram a desvinculação desses territórios.
Milosevic faz o que qualquer patriota faria, fica do lado do seu povo e procura proteger os interesses das populações sérvias. A guerra prolonga-se, sempre com os sérvios debaixo de pressões e ameaças internacionais, sem apoios. Milosevic reconhece então, em 1995, a impossibilidade da sua luta e assina em Dayton os acordos de paz. Estava, por fim, completa e irremediavelmente alcançado o objectivo de desmembramento jugoslavo. Mas se até aqui falávamos ainda e sobretudo da destruição de um Estado multiétnico que nunca fora verdadeiramente representante de uma nação, a situação ganharia contornos diferentes no Kosovo.
Aproveitando a vaga anti-sérvia, o Exército de Libertação do Kosovo, que era até então considerado uma organização terrorista pelos próprios EUA, alarga o âmbito das suas acções revoltosas e inicia, a partir de 1996, generalizadas acções armadas contra a Sérvia e os seus nacionais, a ideia inspiradora, por detrás da reclamação do estatuto de autonomia alargada, todos os sabiam, era a construção da grande Albânia. Um enorme enclave islâmico no Continente. Este conflito atinge uma natureza distinta dos anteriores; para albaneses e sérvios o Kosovo tem um simbolismo especial, os primeiros consideram-no a terra ancestral dos lírios, que olham como seus antepassados, para os segundos trata-se de uma região que vêem como berço da sua pátria, não do Estado jugoslavo mas da própria Sérvia.
Para os sérvios o Kosovo é o berço político e religioso da nação, havia sido a sede do império sérvio na idade média e é lá que se localizam os seus mais importantes monumentos históricos e religiosos. O Kosovo é o cerne da identidade nacional da Sérvia. Depois das humilhações sofridas pelas populações sérvias durante as guerras de secessão da Jugoslávia a perda de controlo sobre o kosovo seria a derradeira humilhação, aquela que não poderiam de forma alguma tolerar e que exigiria enérgica reacção, sabiam-no todos, inclusive a comunidade internacional, e é nesta conjuntura de ultraje continuado que se compreende a reacção violenta das forças sérvias. Essas reacções permitiram, uma vez mais, apresentar perante a opinião pública internacional os sérvios como as bestas negras dos Balcãs. Esquecidas ficaram as perseguições às populações sérvias por parte dos albaneses e que levaram a que, em 1990, instigado por exigências populares e amparado por consenso nacional, Milosevic tivesse suprimido o estatuto autonómico da região islâmica do Kosovo.
Convém recuar no tempo para compreender verdadeiramente a dimensão histórica da questão. Em 1389 os sérvios enfrentaram no Kosovo os otomanos, em clara inferioridade numérica, na Batalha dos Melros. Lutaram bravamente mas saíram perdedores e esta derrota marcou também a queda do Império. Para sempre o Kosovo ganharia na memória colectiva sérvia uma dimensão mítica e trágica, local sagrado onde as forças nacionais haviam sido derrotadas pelos invasores islâmicos e que passaria a representar a aspiração de redenção nacional pela Reconquista. Entendamos, os sérvios, que sempre tiveram de si a imagem de última muralha contra a invasão islâmica da Europa, consideram que se bateram ao tempo, no Kosovo, contra os otomanos, em nome de toda a cristandade. Depois de derrotados, os albaneses, que haviam travado a Batalha dos Melros a seu lado, entretanto convertidos ao Islão, ter-se-ão comportado de forma despótica face às populações sérvias, que ficaram reduzidas ao estatuto de dhimmis e a todo o tipo de humilhações.
Quando a Sérvia, depois de ter assistido à destruição da Federação Jugoslava, ultrajada pelas derrotas que lhe foram impostas com a colaboração das democracias ocidentais, desejosas de isolar a Rússia na cena continental, sentiu que se estabeleciam no Kosovo, através do Exército de Libertação, as condições para a perda, uma vez mais, do poder político de facto sobre aquela mítica região, toda uma História de um povo foi transportada para aquele presente, 1389 reavivava-se e os albaneses eram agora a reincarnação islâmica do inimigo otomano. Não havia, em boa verdade, alternativa, era a voz ancestral de uma nação que não aceitava mais uma afrontosa capitulação em tão curto espaço de tempo, e esta particularmente insuportável, face ao simbolismo histórico. A Milosevic colocavam-se duas opções, ceder à humilhação derradeira ou, em nome da pátria, reagir e tentar assegurar à Sérvia o controlo da região, o mesmo é dizer que não tinha opção… Uma vez mais Milosevic agiu como um patriota e deu início à derradeira "cavalgada" rumo a uma derrota que ao menos não seria renúncia.
Os EUA, a coberto da NATO, tratariam de apoiar a causa albanesa e de assinar a derrocada final da Sérvia, instaurando um "protectorado" islâmico em plena Europa; Milosevic, por seu lado, seria entregue posteriormente ao Tribunal de Haia para sofrer a justiça dos vitoriosos. Morreu a 11 de Março de 2006 na cela em que se encontrava detido.
As circunstâncias que rodearam a sua morte estão por esclarecer, não sei se foi assassinado, se se suicidou, se morreu de “causas naturais”, neste momento não sei mesmo se algum dia saberei, embora, com certeza, alguma explicação seja dada como provada e oficializada.
Do julgamento guardo a imagem de um homem que se recusou sempre a trair a memória da sua nação, que não deu a quem montou aquele circo a satisfação da “reverência”, dos “arrependimentos”, das “desculpabilizações”, das “expiações” . Manteve-se firme nas suas convicções e fiel aos seus.
Ao fim de cinco anos de julgamento e a 50 horas de testemunhos do seu final não deixo de notar a curiosa conveniência desta morte. Começava a tornar-se embaraçoso para o espectáculo patrocinado pelos EUA e “sus muchachos” que em Haia, depois de toda a campanha de informação, de todos os esforços de propaganda, da apresentação de todas as certezas sobre a “culpabilidade” e monstruosidade do homem ali julgado, diversos analistas afirmassem que, até ao momento, o tribunal não havia conseguido relacionar com sucesso Milosevic aos principais crimes de que era acusado. Afinal, é bem sabido que os bravos soldados do Império do Bem lutam sempre contra os injustos. A morte de Milosevic poupa eventuais embaraços, é a forma de garantir a melhor condenação possível: ficará para sempre como o Carniceiro dos Balcãs.E tudo acaba em bem...
Não duvido que nos inúmeros confrontos militares que se sucederam na região tenham sido cometidas atrocidades, é sempre assim em qualquer guerra, concerteza muitas delas pelas forças sérvias, mas de forma alguma serão estas as únicas responsáveis por tais acções.
Assim que começou a ser preparado o desmembramento da ex-Jugoslávia, com a inestimável contribuição das forças democráticas ocidentais, todos calculavam que surgissem conflitos étnicos numa região dividida por identidades ancestrais distintas. Quando no início da década de 90 a Eslovénia, a Croácia e a Bósnia-Herzegovina forçaram a saída da Federação Jugoslava, em nome do direito à autonomia, com o apoio do “Ocidente”,iniciaram-se esses conflitos. Sucede que existiam populações sérvias no seio destas comunidades que não pretendiam ficar sob a autoridade de populações estranhas e, também em nome da sua autonomia, procuraram a desvinculação desses territórios.
Milosevic faz o que qualquer patriota faria, fica do lado do seu povo e procura proteger os interesses das populações sérvias. A guerra prolonga-se, sempre com os sérvios debaixo de pressões e ameaças internacionais, sem apoios. Milosevic reconhece então, em 1995, a impossibilidade da sua luta e assina em Dayton os acordos de paz. Estava, por fim, completa e irremediavelmente alcançado o objectivo de desmembramento jugoslavo. Mas se até aqui falávamos ainda e sobretudo da destruição de um Estado multiétnico que nunca fora verdadeiramente representante de uma nação, a situação ganharia contornos diferentes no Kosovo.
Aproveitando a vaga anti-sérvia, o Exército de Libertação do Kosovo, que era até então considerado uma organização terrorista pelos próprios EUA, alarga o âmbito das suas acções revoltosas e inicia, a partir de 1996, generalizadas acções armadas contra a Sérvia e os seus nacionais, a ideia inspiradora, por detrás da reclamação do estatuto de autonomia alargada, todos os sabiam, era a construção da grande Albânia. Um enorme enclave islâmico no Continente. Este conflito atinge uma natureza distinta dos anteriores; para albaneses e sérvios o Kosovo tem um simbolismo especial, os primeiros consideram-no a terra ancestral dos lírios, que olham como seus antepassados, para os segundos trata-se de uma região que vêem como berço da sua pátria, não do Estado jugoslavo mas da própria Sérvia.
Para os sérvios o Kosovo é o berço político e religioso da nação, havia sido a sede do império sérvio na idade média e é lá que se localizam os seus mais importantes monumentos históricos e religiosos. O Kosovo é o cerne da identidade nacional da Sérvia. Depois das humilhações sofridas pelas populações sérvias durante as guerras de secessão da Jugoslávia a perda de controlo sobre o kosovo seria a derradeira humilhação, aquela que não poderiam de forma alguma tolerar e que exigiria enérgica reacção, sabiam-no todos, inclusive a comunidade internacional, e é nesta conjuntura de ultraje continuado que se compreende a reacção violenta das forças sérvias. Essas reacções permitiram, uma vez mais, apresentar perante a opinião pública internacional os sérvios como as bestas negras dos Balcãs. Esquecidas ficaram as perseguições às populações sérvias por parte dos albaneses e que levaram a que, em 1990, instigado por exigências populares e amparado por consenso nacional, Milosevic tivesse suprimido o estatuto autonómico da região islâmica do Kosovo.
Convém recuar no tempo para compreender verdadeiramente a dimensão histórica da questão. Em 1389 os sérvios enfrentaram no Kosovo os otomanos, em clara inferioridade numérica, na Batalha dos Melros. Lutaram bravamente mas saíram perdedores e esta derrota marcou também a queda do Império. Para sempre o Kosovo ganharia na memória colectiva sérvia uma dimensão mítica e trágica, local sagrado onde as forças nacionais haviam sido derrotadas pelos invasores islâmicos e que passaria a representar a aspiração de redenção nacional pela Reconquista. Entendamos, os sérvios, que sempre tiveram de si a imagem de última muralha contra a invasão islâmica da Europa, consideram que se bateram ao tempo, no Kosovo, contra os otomanos, em nome de toda a cristandade. Depois de derrotados, os albaneses, que haviam travado a Batalha dos Melros a seu lado, entretanto convertidos ao Islão, ter-se-ão comportado de forma despótica face às populações sérvias, que ficaram reduzidas ao estatuto de dhimmis e a todo o tipo de humilhações.
Quando a Sérvia, depois de ter assistido à destruição da Federação Jugoslava, ultrajada pelas derrotas que lhe foram impostas com a colaboração das democracias ocidentais, desejosas de isolar a Rússia na cena continental, sentiu que se estabeleciam no Kosovo, através do Exército de Libertação, as condições para a perda, uma vez mais, do poder político de facto sobre aquela mítica região, toda uma História de um povo foi transportada para aquele presente, 1389 reavivava-se e os albaneses eram agora a reincarnação islâmica do inimigo otomano. Não havia, em boa verdade, alternativa, era a voz ancestral de uma nação que não aceitava mais uma afrontosa capitulação em tão curto espaço de tempo, e esta particularmente insuportável, face ao simbolismo histórico. A Milosevic colocavam-se duas opções, ceder à humilhação derradeira ou, em nome da pátria, reagir e tentar assegurar à Sérvia o controlo da região, o mesmo é dizer que não tinha opção… Uma vez mais Milosevic agiu como um patriota e deu início à derradeira "cavalgada" rumo a uma derrota que ao menos não seria renúncia.
Os EUA, a coberto da NATO, tratariam de apoiar a causa albanesa e de assinar a derrocada final da Sérvia, instaurando um "protectorado" islâmico em plena Europa; Milosevic, por seu lado, seria entregue posteriormente ao Tribunal de Haia para sofrer a justiça dos vitoriosos. Morreu a 11 de Março de 2006 na cela em que se encontrava detido.
As circunstâncias que rodearam a sua morte estão por esclarecer, não sei se foi assassinado, se se suicidou, se morreu de “causas naturais”, neste momento não sei mesmo se algum dia saberei, embora, com certeza, alguma explicação seja dada como provada e oficializada.
Do julgamento guardo a imagem de um homem que se recusou sempre a trair a memória da sua nação, que não deu a quem montou aquele circo a satisfação da “reverência”, dos “arrependimentos”, das “desculpabilizações”, das “expiações” . Manteve-se firme nas suas convicções e fiel aos seus.
Ao fim de cinco anos de julgamento e a 50 horas de testemunhos do seu final não deixo de notar a curiosa conveniência desta morte. Começava a tornar-se embaraçoso para o espectáculo patrocinado pelos EUA e “sus muchachos” que em Haia, depois de toda a campanha de informação, de todos os esforços de propaganda, da apresentação de todas as certezas sobre a “culpabilidade” e monstruosidade do homem ali julgado, diversos analistas afirmassem que, até ao momento, o tribunal não havia conseguido relacionar com sucesso Milosevic aos principais crimes de que era acusado. Afinal, é bem sabido que os bravos soldados do Império do Bem lutam sempre contra os injustos. A morte de Milosevic poupa eventuais embaraços, é a forma de garantir a melhor condenação possível: ficará para sempre como o Carniceiro dos Balcãs.E tudo acaba em bem...
27 Comentários:
Um belo texto de enquadramento histórico-político, como já vem sendo hábito. Bom seria que muita gente o lesse, nestes tempos em que todos falam sobre tudo sem nada saber.
Pois... e fiquei sem a hipótese de "provar" aos meus antigos colegas de escola e professores que eu estava certo, quando defendia os Sérvios naquela maldita guerra. Embora, qualquer pessoa meramente informada e que não seja formatada pelo Sistema Democrático-Ditatorial, compreenda bem a grandeza deste homem e "A sua Luta".
Era uma questão de tempo para provar que ele tinha razão, hoje é mais difícil esconder a verdade, e "eles" sabiam disso.
Mas os tais Senhores do Mundo não quizeram dar "mais uns tempitos".
Os meus sentidos pêsames para o grande líder Slobodan Milosevic e também para o seu povo, que nele depositava a esperança da revelação da VERDADE.
Saudações.
Subscrevo esta análise.
Não tenho mais nada acrescentar
Só uma interrogação para ficar no ar (pois do ar desaparece como fumo em dia de tempestade) - Onde estão as altas patentes militares do ocidente democrático que Milosevic tinha arrolado como testemunhas!?
Volto a repetir aqui aquilo que um amigo militar português no Kosovo disse: - Fomos para lá armar e defender os bandidos!
Legionário
É verdadeiramente impressionate a 'lavagem' que se faz 'Sérvia' neste post...
Impressionante.
Rodrigo lava mais branco!
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
É claro que se o Rodrigo e os anteriores comentadores fossem Croatas, habitantes de Sarajevo ou de Srebrenica não teriam tão 'boa' opinião da besta que se finou.
Aliás, o defunto era um apenas um reles e míserável comunista (de décadas ao serviço do PC jugoslavo e a 'lamber o traseiro' do marechal Tito), líder o Partido Socialista sérvio e um vulgar oportunista demagogo, mais nada.
É também absolutamente notável como o Rodrigo consegue ignorar, olímpicamente, o papel primordial desempenhado pela Europa neste processo, fazendo recair o ónus das responsabilidades nos EUA.
Neste caso é falso.
E a Alemanha?????????
Sim, Rodrigo....esqueceu-se deles ou quê?
Foi a Europa que arrastou, à viva força, os EUA para uma operação militar.
Os EUA, esses, só vieram porque...bom, você sabe...
Morreu um defensor pela liberdade do seu povo.
"Morreu um defensor pela liberdade do seu povo."
Que estupidez.
Então e o papel diplomático e não só da Santa Sé no desmembramento da Jugoslávia, apressando-se em forçar o reconhecimento internacional da mui católica Croácia?
«Pois... e fiquei sem a hipótese de "provar" aos meus antigos colegas de escola e professores que eu estava certo, quando defendia os Sérvios naquela maldita guerra.»
Receio que fosse tarefa impossível,a propaganda informativa tem muita força.
«Rodrigo lava mais branco!»
HAHA...
«Aliás, o defunto era um apenas um reles e míserável comunista»
Isso pouco me interessa,podia ser socialista mas foi mais patriota do que os nossos "direitistas liberais" algum dia podem aspirar a ser. Se o que sucedeu na Sérvia tivesse sucedido por cá a nossa direita teria sido a primeira a vender o país.Aliás, a nossa direita é boa é a jogar ao "Uncle Sam says".
«É também absolutamente notável como o Rodrigo consegue ignorar, olímpicamente, o papel primordial desempenhado pela Europa neste processo, fazendo recair o ónus das responsabilidades nos EUA.»
Não, de todo, a Alemanha tem grandes responsabilidades no desmembramento da Jugoslávia, e eu referi as democracias ocidentais, logo não me limitei a falar nos EUA. Agora, no caso do kosovo é indiscutível que foram os americanos que levaram por diante a ofensiva militar contra a Sérvia. Quando falo em EUA e sus muchachos já estou a englobar os criados europeus do patrão americano.
«Foi a Europa que arrastou, à viva força, os EUA para uma operação militar.
Os EUA, esses, só vieram porque...bom, você sabe...»
Os EUA vieram porque entederam que tinham objectivos estratégicos a defender, não foi por serem beneméritos. Quem financiou a ofensiva contra os sérvios de Krajina foi o congresso americano e quem permitiu a criação na Europa de um enclave islâmico foram também os seus amigos, e o Nelson sabe muito bem que os americanos são os primeiros a colaborar com islâmicos quando isso favorece os seus interesses geopolíticos.
«Então e o papel diplomático e não só da Santa Sé no desmembramento da Jugoslávia, apressando-se em forçar o reconhecimento internacional da mui católica Croácia?»
É verdade.
Cumprimentos ao Mendo, ao Legionário e aos anónimos.
Então a Croácia não tem direito á independência?
Tanto direito tinha a Sérvia como a Croácia ou a Eslovénia.
O comentário do Algizsouth dá a entender que a Sérvia tinha o direito de 'mandar' na vizinhança e que os outros não tinham direiti á soberania.
A Jugoslávia era um Estado multinacional e multiétnico, NUNCA uma Nação.
"É claro que se o Rodrigo e os anteriores comentadores fossem Croatas, habitantes de Sarajevo ou de Srebrenica não teriam tão 'boa' opinião da besta que se finou."
Nelson: o Gotovina é croata, correcto? É que quem o ler até pensa que a senhora Del Ponte assinou por ele o cartão de condolências. Mas eu sei lá... capaz disso era ela...
Duas hipóteses:
1 - O Gotovina é um sério candidato ao Prémio Nobel da Hipocrisia.
2 - São os dois 'farinha do mesmo saco' (eu nunca disse q os croatas eram uns 'santos'...por norma,não faço beatificações).
As duas hipóteses são correctas.
O Buiça tem nitidos recalcamentos freudianos (eheheh!)
Para ele o "problema" do Kosovo foi a Mónica xupinski!
ahahaha!
Legionário
«Isso pouco me interessa,podia ser socialista mas foi mais patriota do que os nossos "direitistas liberais" algum dia podem aspirar a ser. Se o que sucedeu na Sérvia tivesse sucedido por cá a nossa direita teria sido a primeira a vender o país.Aliás, a nossa direita é boa é a jogar ao "Uncle Sam says".»
Nem mais...
Só quando "os tempos" são mais duros, é que se vê, quem é patriota ou não. Pelo menos lutou e morreu pela sua nação.
Milosevic agarrou-se ao nacionalismo (como anteriormente ao comunismo titista) para sustentar o seu poder, agudizou ressentimentos antigos e é em última análise o grande responsável pelo drama balcânico.
Porque é que ninguém refere a forma praticamente pacífica como tantas repúblicas da ex-URSS (muitas com uma minoria russa de peso) se tornaram independentes? O poder central em Moscovo também podia ter jogado a cartada do nacionalismo russo e criar enclaves russos em cada uma delas (como aliás sucedeu na Moldávia), expulsando as outras populações e, em última análise, provocando inúmeras guerras civis. Por acaso não andava pelo Kremlin nenhum Milosevic.
Já a questão do Kosovo é diferente e, apesar das atrocidades sérvias, a intervenção da NATO foi descabida e de consequências lamentáveis.
"Para ele o "problema" do Kosovo foi a Mónica xupinski!"
Não, é claro que não foi esse o 'problema'.
Mas, se não fosse 'isso', não sei se o Capitão América tinha vindo até à Europa....duvido muito.
Mas por causa dos "oral events" o Sudão levou com umas bombas americanas!
«Caro FGSantos, mas por que raio você não aceita nacionalistas que podem ser de esquerda?» Eu disse isso? Para quem foi fortemente influenciado por um ex-socialista nascido em Predappio...
Hoje mais do que nunca desconfio do socialismo, mesmo quando aparece abraçado a uma causa aparentemente nacional. Trata-se da minha visão anti-igualitária da sociedade e dos homens, incompatível com projectos redistributivistas, niveladores, no limite castradores da iniciativa privada (não só em termos económicos como culturais ou associativos).
Caso contrário, às tantas vemos nacionalistas a defenderem patifes como Milosevic ou Saddam, só porque "defendem" o seu povo (na verdade viram elementos desse povo uns contra os outros, a velha máxima de dividir para reinar).
«Ou será que o "nacionalismo" se esgota na beatice reaccionária, liberal e contra-revolucionária de uma direita ideologicamente pré-histórica?» Mais uma vez é o caro Miguel que o diz. Não sei porquê mas sou repetidas vezes "acusado" de católico (que não sou), contra-revolucionário (só um bocadinho...). Mas de direita pré-histórica (período que se caracteriza por ainda não existir a escrita), essa é nova.
O nacionalismo não deve ser exclusivo de ninguém em particular, todos os que sentem a nação como um bem a preservar e por que vale a pena lutar não devem fugir do rótulo.
Saudações.
«Por isso mesmo é que para a Europa
recomendo um projecto de índole confederal, baseado na subsidariedade de competências, iniciado na base local terminando no topo das estruturas decisórias do poder.» Defende, então, uma super-Jugoslávia? Mas que ingenuidade, desculpe-me, achar que numa Europa federal as nações estariam todas em pé de igualdade, respeitando as diferenças nacionais. Cedo ou tarde os povos cansar-se-iam (ou cansar-se-ão, pode-se dizer) de um centralismo castrador.
Quanto ao que escreveu a seguir ao que citei estou inteiramente de acordo. E pode-se dizer que se as relações entre os eslavos do sul estão agora melhores não é de certeza graças a Milosevic.
«Hoje mais do que nunca desconfio do socialismo, mesmo quando aparece abraçado a uma causa aparentemente nacional. Trata-se da minha visão anti-igualitária da sociedade e dos homens, incompatível com projectos redistributivistas, niveladores, no limite castradores da iniciativa privada (não só em termos económicos como culturais ou associativos).»
Isso depende de que socialismos falamos, o Nacional-socialismo seria tudo menos uma visão igualitária dos homens e do mundo, e de resto os libertarianismos de direita conseguem, em muitos casos, ser tão ou mais igualitaristas do que outras posições ideológicas, sobretudo nas questões que saem da órbita estritamente económica. Essa historieta da valorização da iniciativa privada é muito interessante mas a grande concentração de capital numa sociedade totalmente privatizada estará sempre confinada a um pequeno círculo que detém o poder de facto e que não é necessariamente uma elite de mérito.
«Caso contrário, às tantas vemos nacionalistas a defenderem patifes como Milosevic»
Como é óbvio não considero Milosevic um patife mas isso nada tem a ver com eventuais defesas de quaisquer socialismos e já agora aproveito para esclarecer a minha posição relativamente ao comentário anterior de FSantos e que justificará este novo comentário. A situação báltica em nada era comparável à dos Balcãs e consequentemente também a acção de Milosevic não pode ser comparada à dos líderes russos e isto deve-se às próprias dinâmicas históricas e migratórias que distinguem ambas as regiões.
A independência dos pequenos estados bálticos não representava para a federação russa nada mais que um pequeno incómodo ao passo que a independência de Croácia e Bósnia representava o fim da federação jugoslava. São portanto fenómenos de magnitude absolutamente distintas. Em segundo lugar, nas repúblicas bálticas não existia qualquer legitimidade história, ou melhor,percepção de tal, por parte de minorias russas para quaisquer tipos de reivindicação.
Nos Balcãs a história é completamente distinta, os sérvios da Krajina, por exemplo, achavam ter em função da própria história da região o mesmo direito à autonomia que as outras populações, até pela própria antiguidade e natureza do seu estabelecimento na região, encorajado inúmeras vezes pelos poderes que se sucederam na zona ao longo de vários séculos. Por outro lado, só par dar mais um exemplo, em 1960, portando há meros 46 anos, os sérvios eram a etnia dominante na Bósnia, foram as dinâmicas demográficas que alteraram isto e os tornaram minoritários por lá, sem entrar em análises sobre o direito primeiro à região o que é facto é que este tipo de movimentação e composição étnica e demográfica é exclusiva dos Balcãs e justificada pela conturbada história da área, que em nada se assemelha a qualquer outra da Europa, muito menos à báltica.. Perante estes factos a revolta das populações sérvias não precisava de instrumentalização por parte de Milosevic, face à percepção das populações sérvias do seu papel histórico nessas regiões essa rebelião tem uma componente natural, que Milosevic também a tivesse aproveitado não nego, mas reitero ,é compreensível que um líder nacional não tivesse abandonado à sua sorte as suas populações que se sentiam lesadas no processo de dissolução jugoslavo.
«A independência dos pequenos estados bálticos não representava para a federação russa nada mais que um pequeno incómodo (...)» - não pode chamar um pequeno incómodo o facto de:
- Kaliningrad (ou Koenigsberg para os alemães) se ter tornado um enclave;
- as minorias russas, como se comprovou, virem a ter um estatuto menor nos novos países independentes, sendo mesmo vítimas de discriminação ofical.
O Rodrigo fala sempre na perspectiva sérvia, em momento algum o vi analisar a perspectiva das outras cinco repúblicas.
Milosevic não se limitou a acirrar os ânimos étnicos, promoveu e apoiou crimes de guerra deliberadamente. Croatas e bósnios foram vítima de agressão, depois defenderam-se (quem o não faria?). Também não o vejo, para tristeza minha, condenar a chamada limpeza étnica praticada em primeiro lugar pelos sérvios (e depois adoptada infelizmente pelos outros contendores). O que se pretendia não era o status quo antes da desagregação jugoslava mas sim a expulsão das etnias não sérvias de territórios tidos como devendo pertencer à Grande Sérvia.
Ninguém falou (excepto o Nelson!) em "sociedades totalmente privatizadas". Sempre defendi um controlo da concentração de capital, mais ainda se tiver proveniência estrangeira. Defendo uma economia de preferência atomizada. O que nunca deve haver é um estímulo à não-iniciativa, o relegar para o Estado o papel motor da economia e da sociedade.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
"... o Nacional-socialismo seria tudo menos uma visão igualitária dos homens e do mundo..."
Certo mas, não se esqueça disto, a Alemanha NS foi SEMPRE uma economia de MERCADO plenamente funcional e bem moderna, nos seus 'anos de ouro', com brlhantes resultados de recuyparação económica.
Havia uma 'intervenção' e 'regulação' efectuadas pelo Estado...mas a Alemanha do NSDAP foi sempre um país com um modelo económico assente na propriedade e iniciativa privada, na inovação e no dinamismo. Isso reconheço.
Básicamente, a nível económico, a Alemanha nazi era a modos que uma 'social-democracia'.
relembro que os capitalistas alemães apoiaram o NSDAP e muitos pertenciam às suas fileiras e estruturas.
Pelo contrário, em Portugal, durante largos anos do stado Novo só conhecemos uma velocidade: a marcha-atrás, em relação aos outros, bem entendido.
"O Rodrigo fala sempre na perspectiva sérvia, em momento algum o vi analisar a perspectiva das outras cinco repúblicas."
É verdade.
O que é que o Rodrigo terá contra os croatas e os eslovenos?
:)
"Também não o vejo, para tristeza minha, condenar a chamada limpeza étnica praticada em primeiro lugar pelos sérvios (e depois adoptada infelizmente pelos outros contendores)"
Ora nem mais!
Ou falamos de todas as 'limpezas'....ou não falamos de nenhuma.
"Ninguém falou (excepto o Nelson!) em "sociedades totalmente privatizadas"."
Eu não falo em sociedades TOTALMENTE privatizadas.
Essas coisas do 'TODO', do 'TOTAL', dos '100%' são noções que me são estranhas e que só funcionam bem num sítio: nos livrinhos.
Quando era mais novo, ainda acreditava nessas noções mas, com a idade, lá vem o 'juízo', a ponderação e o realismo.
Defendo, especialmente para Portugal, uma sociedade económicamente mais Liberal e mais privatizada e baseada na competência e no mérito.
Se quer que lhe diga, acho completamente obsceno (um escândalo) que o Estado português absorva mais de 50% da riqueza nacional....com os lindíssimos resultados que todos vemos.
Nada tenho contra os benefícios sociais e contra os subsídios...desde que correctamente aplicados, ou seja:
- a assitência social deve ser direcionada a socorrer os necessitados e quem, REALMENTE, por qualquer 'volta da vida', precisa mesmo. Não deve ser 'universal'.
- a assistência social deve ser encarada sempre numa perspectiva de 'ensinar a pescar' e NUNCA numa perspectiva de oferecer, pura e simplesmente, o 'peixe'.
- a assitência social deve ser correctamente enquadrada no sentido de não propiciar a indolência e a subsidiodependência.
Como o Socialismo não pensa desta forma, naturalmente, desconfio do Socialismo e acho-o um dos mais extraordinários fracassos da História. Leva á acomodação e á 'indigência profissional', situações que considero supinament injustas.
Imagine que eu e o Rodrigo trabalhamos na mesma empresa.
O Rodrigo é um trbalhador assíduo, pontual,cumpridor, empenhado e competente...e eu, chego atrasado, metos muitas 'baixas' e, quando vou, dedico-me largamente ao 'levantamente do xícara' e ao 'lançamento da beata' e a engatar o mulherio :)
Acharia justo que, no fim do ano tivessemos o mesmíssimo aumento?
Acharia correcto que ganhássemos o mesmo?
Acharia bem que tivessemos as mesmas regalias?
Penso que não.
Está a ver porque desconfio muito da sociedade e das práticas 'igualitárias' e 'comodistas' tão típicas do Socialismo?!
Naturalmente, cabe ao Estado o papel de 'árbitro' e de fazer cumprir regras previamente estabelecidas e aceites. Só que, para ter legitimidade para ser 'árbitro' esse mesmo Estado não pode ser, ao mesmo tempo, 'jogador'.
"Sempre defendi um controlo da concentração de capital,..."
Completamente de acordo. Deve haver leis anti--concentração e 'anti-Trust' (fundamentais) bem definidas, para assegurar o correcto funcionamento do mercado e da Economia.
"A saúde e a educação devem ser asseguradas a todos os cidadãos nacionais."
Certo!....mas pode haver agentes privados na Educação e na Saúde.
Ou o Miazúria acha que devem ser SÓ públicos?
Eu acho que estes dois sectores muito específicos devem ser mistos. Deve haver público (de qualidade, o q não acontece em Portugal) e privado.
"...energia,águas, transportes públicos,estruturas aero-portuárias,devem pertencer ou ser intervencionadas pelo estado.
Meu caro, são sectores muito específicos.
Não creio, de modo algum, que devam pertencer ao Estado mas...concordo que possam ser sectores 'intervncionados' indirectamente, ou seja, de forma puramente política, por exemplo, obrigando esses sectores a permanecer com capitais 100& nacionais.
Resultado:por um lado esses sectores seriam competitivos e teríamos os benefícios da concorrência e, por outro lado, esses sectores ficariam SEMPRE em mãos nacionais.
" A actual União Europeia não é nem federalista, nem confederalista! Define-se como um híbrido, indefinida e confusa nas suas atribuições e na relação entre o poder central (Bruxelas)e os países membros."
De acordo.
"Para não mencionar o carácter neo-liberal e mundialista da sua concepção."
Em desacordo.
Ó Miazuria, dificilmente me ocorre instituição mais 'empata-fodas', mais burocrática, mais reguladora (nem as rolhas e as maçãs escapam, caramba!!) e 'sovietóide' que a UE.
Mundialista?!
O mundialismo é uma completa impossibilidade.
A noção e o espírito de independência e 'diferença' das Nações,a noção de Estado-Nação nascido em 1789, não se pode, pura e simplesmente apagar.
A ideia de CEE é-me agradável, a de UE nem tanto, pois a Europa não é nem um país nem uma Nação.
É um continente, um espaço geográfico, onde vivem Povos que, de uma maneira ou de outra, têm algo em comum.
Uma associação se Estados Independentes, sim.
Uma Federação: nem pensar.
Isto não são os EUA!
"Nem o próprio Karl Marx era apologeta de uma sociedade igualitarista,..."
?!?!?!??!?!?!?!?!?!
Saudações a todos
«Mais tarde saiu-lhe cara tal aliança!» Mas se calhar sem essa aliança não se tinha mantido tanto tempo no poder, o que lhe permitiu tantas extraordinárias realizações.
Mais do que um Estado interventivo, defendo uma economia livre em termos internos (embora com controlo de concentrações) mas com controlo das importações, defendendo sectores vitais nacionais. O Estado, além de gerir mal, tende a privilegiar quem mais engorda as contas bancárias dos seus altos funcionários e, quanto mais interventivo, mais regulamentador, mais sugador de recursos que os cidadãos prefeririam ter ao seu dispor para aplicar como entendessem.
«(...) entendidos e interpretados na sua pureza conceptual» - caríssimo, estamos a falar de cidadãos nacionais que criam e aplicam leis; só com uma perspectiva de homem novo (europeu) é que se pode, e mesmo assim em teoria, esperar essa pureza conceptual. Por isso, além de perigosa e castradora das identidades nacionais, a ideia federalista é utópica, com tudo o que de negativo daí advém.
Pode-me chamar contra-revolucionário à vontade, esse "poucochinho" é real!
Obrigado pela referência bibliográfica.
Um abraço.
"O Rodrigo fala sempre na perspectiva sérvia, em momento algum o vi analisar a perspectiva das outras cinco repúblicas."
Interessante... e eu a pensar que já tinha visto tantos pontos de vista, por parte das "outras Repúblicas" e, já agora, das "outras democracias"...
Eu acho perfeitamente normal o Rodrigo perspectivar apenas o lado Sérvio.
Das outras prespectivas já eu estou farto de as ver!!!!
Mas sobre os Sérvios, disseram horrores e atiraram insultos, mas sobre a perspectiva deles, lá disseram "qualquer coisita" e que não foi PUBLICITADA, como foram as outras...
A Indústria da Publicidade já entrou na cena política, e todos nós sabemos o que são as regras da Publicidade, não é?(tem muitos pozinhos prelimpimpim...e também atira muita areia para os olhos!!!)
Todos nós sabemos o que uma guerra pode fazer, as feridas demoram muito a sarar, não é verdade?
Pois bem... Preparem-se para mais uma guerra... Milosevic defendia a sua terra e "estava do lado" da Russia e contra os invasores islâmicos. Daqui a uns tempitos, um certo continente deste lindo planeta azul que eu cá sei, vai andar à "estalada" com os islâmicos, com os Russos/Chineses e com os EUA, e vamos servir de Crash-Test-Dummies desses meninos tão lindos e amorosos e que vêm de famílias políticas tão fofinhas e tolerantes, como toda a gente sabe... penso eu...
Cumprimentos a todos.
EUA e os seus rapaces.....
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